O badalado encerramento dos “CORREIOS” ou semiencerramento
na vila de Alcoutim, tanto nos órgãos de informação como oralmente, sugeriu-nos
esta foto para apresentarmos na nossa rubrica Câmara Escura, uma das
mais procuradas pelos nossos visitantes / leitores.
Parece que decorrem conversações numa tentativa de resolver
o problema com menores prejuízos para ambas as partes.
Quando se privatiza tem que se ter a noção que os
investidores procuram a todo o custo rentabilizar o seu capital, o que de outra
maneira não se compreenderia. É por isso que ao entrarmos em determinadas
estações dos CORREIOS encontramo-las transformadas em “livrarias”, vendedoras
de jogos e bonecada para as crianças, quando chega a vez de sermos atendidos
somos aliciados para a compra de jogo de lotaria.
Não deixam de aparecer as camisolas das “estrelas”das mais
variadas áreas, etc, etc.
Enquanto uns pretendem tudo privatizar, outros com sinal
contrário tudo querem estatizar.
Mesmo quando os correios não tinham concorrência e o serviço,
nesta região, era extremamente deficiente, a parte dos telefones ia tapando os
prejuízos.
Nos anos 60 do século passado, a Estação funcionava com uma
única funcionária, muito mal paga, diga-se de passagem e que fazia todo o
serviço de expediente (venda de selos, despacho de encomendas, emissão de vales
do correio, telefone público, etc), dois guarda-fios e um carteiro, só mais
tarde quando o giro foi alargado, apareceu outro.
Em relação aos “montes” havia então os condutores de malas
do correio, serviço que periodicamente era posto a concurso e entregue a quem o
fizesse por menor quantia. Simultaneamente, existia um posto de recepção e
distribuição de correspondência situado normalmente num estabelecimento
comercial que para tal se tinha habilitado e onde funcionava, igualmente, um
posto de telefone público, quando era possível o telefone chegar lá.
Este serviço era remunerado com uma pequena percentagem
sobre o produto dos telefonemas efectuados.
Que nos lembremos, nas redondezas, havia um posto destes no
então populoso monte das Cortes Pereiras, no estabelecimento comercial do Sr.
João Bento (carpinteiro) que possuía na Casa da Amêndoa e era misto, mercearia
e taberna. Por outro lado, fazia os caixões para quase toda a zona.
As pessoas dirigiam-se aqui para saber se tinham
correspondência e levantá-la.
Lembramo-nos muito bem das crianças da Corte Tabelião, – há
quantos anos não existe lá uma criança! - quando vinham à escola à vila, passarem
pela Estação local indagando se havia correspondência para levarem para o monte.
Tudo isto foi ultrapassado com o 25 de Abril de 1974,
estando agora numa fase plena de retrocesso, já que a desertificação é um
facto. Por outro lado, a correspondência hoje diminuiu bastante sendo
sustentada praticamente com a expedida pelo Estado, Autarquias, EDP e
instituições Bancárias.
O retrocesso está à vista, mas o sistema não pode ser o
mesmo e nisto tem a palavra o poder autárquico, aliás, já há Juntas de
Freguesia a fazerem parte deste trabalho.
Com o decorrer dos tempos várias instituições foram
desaparecendo com o decorrer dos tempos da vila e do concelho. O êxodo vai
continuar, pois até o Estado procura rentabilizar serviços lançando mão das
novas tecnologias.
Só o poder autárquico aumentou desmesuradamente os seus
quadros e agora defronta-se com este dilema.
Há outras áreas mais apelativas para a “compra” dos votos,
como todos sabemos.