Na minha recente estada no concelho de Alcoutim fui alertado
para a circunstância de este ano quase não haver osgas, o que muito me admirou.
Teria havido circunstâncias adversas para a sua reprodução.
Era “bichinho” que não conhecia e que me tinha passado
despercebido, tendo chegado a Alcoutim no mês de Junho, foi fácil reparar nele
e perguntar como se chamava. Verdade seja que conhecia o nome, mas não o ligava
àquele animal.
Com a minha permanência no concelho, habituei-me a tal
réptil que tem uma forte associação ao homem, utilizando, frequentemente, as
suas construções como refúgio e as paredes das casas que percorrem bem, apesar
da sua verticalidade, pois as patas estão adaptadas a essa situação.
Gostam de ficar perto de lâmpadas acesas dado que a luz
atrai insectos que constituem a sua principal alimentação.
Este pequeno sáurio, de que existem várias espécies, habita
as regiões quentes do globo.
A osga-comum pode atingir 8,5 cm de comprimento, tem a
cabeça grande, bem diferenciada do corpo e olhos com pupila vertical. Os quatro
membros possuem cinco dedos que estão apetrechados de lamelas e unhas em dois
deles.
A cor tem a ver com o seu estado fisiológico.
A osga, quando se sente em perigo, perde a cauda mas tem a
capacidade de a readquirir novamente ainda que sem as característica
anteriores.
A osga comum existe no norte de África de Marrocos ao
Egipto, na zona mediterrânica e na península Ibérica.
Alimenta-se principalmente de insectos, ainda que possa
consumir vegetais. Identifica as presas pelos movimentos.
A reprodução tem lugar duas vezes por ano, Março / Abril e
Junho / Julho. Cada postura é constituída em média por dois ovos que são
depositados em buracos ou debaixo de pedras e em grupo.
Pode viver até aos quatro anos, mas em zonas protegidas pode
chegar aos nove.
Hibernam de Dezembro a Março.
Entre os predadores contam-se o sardão, várias cobras, os
gatos e as corujas.
Entre o povo, este réptil tem a fama de ser venenoso e até
ouvi contar várias estórias sobre isto. Não existe qualquer fundamento para tal
afirmação, pelo contrário, pois tornam-se muito benéficas, alimentando-se de
vários insectos, esses sim, podem ser prejudiciais à saúde, nomeadamente as
aranhas.
A sua existência proporciona o equilíbrio da natureza sobre
este aspecto.
Ainda que sinta alguma repulsa pelo seu aspecto não me
incomoda a sua presença.
Os alcoutenejos, quando as pretendem eliminar, molham-nas,
tornando-as quase inertes.