(PUBLICADO NO JORNAL ESCRITO – SUPLEMENTO DO POSTAL DO
ALGARVE DE 30 DE MARÇO DE 2000) *
Prometi há uns meses, ao Sr. Dr. José Fernandes Estevens,
Presidente da Câmara Municipal de Castro Marim, procurar reunir e publicar
pequenas notas biográficas de alguns castro-marinenses que pelas suas vidas
deixaram o seu nome em destaque.
O tempo que entretanto dispus para o efeito não foi
muito pelo que só me foi possível reunir nove, dos muitos que certamente viram
a luz do dia naquela velhinha e histórica vila ou no seu concelho.
Nas leituras que habitualmente fazemos no intuito de
conhecer melhor o passado de Alcoutim, raramente deixam de aparecer dados sobre
Castro Marim. A nossa experiência de décadas, diz-nos que enquanto encontramos
uma nota sobre Alcoutim, aparecem-nos nove ou dez sobre Castro Marim e
normalmente de maior relevância.
DUARTE DE FIGUEIREDO E GUSMÃO
Ao tomar o hábito dos Carmelitas descalços, optou
pelo nome de FREI ÂNGELO DE SANTA MARIA. Nasceu em 1664, sendo filho de Gaspar
Lourenço de Gusmão e de D. Maria de Figueiredo, pessoas de virtude e distinção.
Começando os seus estudos em Tavira, passou a
estudar cânones na Universidade de
Salamanca.
Depois de tomar o hábito religioso, foi ouvir lições
de filosofia em Ávila e de teologia em Segóvia. Foi tal o aproveitamento que acabou por
ficar em Segóvia na condição de professor de teologia.
Voltando a Portugal, vai para o convento de Viana
onde continua a ministrar a mesma ciência.
Na sua Ordem exerceu os cargos de secretário da
província, reitor do Colégio de Coimbra e definidor por três vezes, dando
sempre provas de equilíbrio.
Das várias obras que escreveu, destaca-se Schola Moralis Lusitanensis, impressa em
Lisboa por volta de 1734.
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FRANCISCO DE PAULA BRITO CABREIRA
Assentou praça em 2 de Janeiro de 1791 no Regimento
de Infantaria de Tavira, tendo obtido a promoção a major em 26 de Abril de
1811.
Prestou bons e heróicos serviços nas campanhas de
1801 e de 1808 a
1812.
Pelas suas ideias liberais, vem a ser preso em
Tavira no dia 27 de Maio de 1828, entrando na Torre de S. Julião da Barra um mês
depois.
Veio a falecer, ainda preso
e quando era major reformado, no dia 5 de Maio de 1830.
História do Cativeiro dos Presos de
Estado na Torre de S. Julião da Barra (...) - João Baptista da Silva Lopes
JOÃO DA GUARDA CABREIRA
Era Juiz hereditário da Alfândega de Vila Real de
Santo António quando em 1808 chefia a revolta que libertou a sua terra natal do
domínio das tropas francesas.
Logo a seguir, apresenta-se ao Capitão - general do
Algarve para marchar contra o inimigo em qualquer posto, abandonando assim o
rendoso cargo de que estava investido.
Nomeado tenente - coronel do Regimento de Milícias
de Tavira, aí serviu com muita honra até 1811.
Foi condecorado com o Laço da Restauração da capital e transferido da arma de Infantaria
para o Estado Maior do Exército do Reino do Brasil (1814) e nomeado em 1829,
governador do Forte das Maias, próximo da barra do Tejo.
Emigrou em 1834 para Modena (Itália) onde veio a
falecer em 1851 e ficou sepultado.
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Grande Enciclopédia Portuguesa e
Brasileira
ANTÓNIO PEREIRA DA SILVA
Estudou na Universidade de Coimbra na Faculdade de
Leis, tendo servido com essa especialização vários lugares no Reino.
È despachado para Goa, em 18o2 como
Desembargador da sua Relação, vindo a ocupar o lugar de Chanceler em 1807.
Mais tarde veio a ser nomeado Conselheiro da
Fazenda, funções que exerceu no Rio de Janeiro em 1820.
Voltou pouco depois ao reino vindo a falecer em
Lisboa.
Teve o foro de Fidalgo escudeiro por alvará de 15 de
Junho de 1807.
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Corografia ou Memória Económica,
Estatística e Topográfica do reino do Algarve - João Baptista da Silva Lopes
JOSÉ CABREIRA DE BRITO E ALVELOS DRAGO VALENTE DE
FARIA PEREIRA
Por alvará de 25 de Junho de 1807, foi fidalgo
cavaleiro da Casa Real.
Desempenhou as funções de sargento - mor da comarca
de Faro.
Já velho, acompanhou os filhos quando estes
marcharam para a Guerra Peninsular. Bateu-se com bravura, nos lugares mais
perigosos, quando os franceses atacaram a praça de Peniche, dando assim um bom
exemplo à guarnição.
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Grande Enciclopédia Portuguesa e
Brasileira
DOMINGOS CORRÊA AROUCA
Nasceu em 1791 e foi comendador da Ordem de Avís e
de Nossa Senhora da Conceição, este fidalgo da Casa Real, por alvará de 4 de
dezembro de 1834.
Como tenente, vai para Moçambique em 1810, onde
comandou as companhias de Quelimane e Inhambane, tendo sido também governador
deste distrito.
Já como coronel de infantaria, é nomeado governador
de Cabo Verde em 16 de Junho de 1836, substituindo o coronel, António Joaquim
Pereira Marinho.
Teve de fazer face a uma revolta fomentada pelo seu
antecessor que tinha ficado no arquipélago, chegando mesmo duas das ilhas a
negar-lhe obediência.
Este clima tinha a ver com as lutas políticas
internas que se travavam no país entre os liberais.
Arouca resistiu com o apoio militar da corveta
francesa Triumphante, cujo comandante obrigou Marinho a capitular.
Sá da Bandeira aceitou a demissão de Arouca e nomeia
novamente o seu protegido, Pereira Marinho, para o lugar, isto em fins de 1836.
O governo não decorre com tranquilidade, acabando o responsável por ser
transferido para Moçambique, em 1839,
O afrontamento entre os dois militares deu origem à
publicação de panfletos tendo terminado em 1842 com a publicação de Desmentido às acusações feitas pelo
ex-Governador de Cabo verde e de Moçambique, o Sr. Joaquim Pereira Marinho, contra
Domingos Corrêa Arouca, etc.
Corrêa Arouca pertenceu à Loja Maçónica União e
Justiça, sediada em Lisboa.
Faleceu em 24 de Janeiro de 1861 como brigadeiro na
reforma.
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Grande Enciclopédia Portuguesa e
Brasileira
Dicionário Bibliográfico Português -
Inocêncio Francisco da Silva- 1870
História de Portugal (Vol. VIII) Joaquim
Veríssimo Serrão
História da Maçonaria em Portugal -
A.H.Oliveira Marques - 1990.
TOMÁS ANTÓNIO DA GUARDA CABREIRA
Tomou parte na Guerra Peninsular, pertencendo ao
Regimento de Infantaria 14, onde alcançou o posto de tenente - ajudante.
Capitão em 1817, adere à causa de D. Miguel sendo
forçado a emigrar para Espanha em 1826, donde regressa dois anos depois.
Preso em Faro, é morto pelos seus inimigos
políticos.
Possuía as seguintes condecorações: - Cruz de ouro
das Campanhas da Guerra Peninsular, Cruz da Batalha de Albuera e Medalha
Militar de Fidelidade ao Rei e à Pátria.
Filho e neto, do mesmo nome, seguiram igualmente a
carreira das armas, sendo o filho general e o neto coronel.
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* Vide nota do suplemento nº 21