Iremos iniciar hoje mais uma “coluna” do nosso blogue e que tem por título “FIGURAS DO BAIXO GUADIANA, englobando por isso além das alcoutenejas, as oriundas dos concelhos de Mértola, Castro Marim e Vila Real de Santo António.
As pequenas notas biográficas referirão personalidades de todos os quadrantes políticos e de áreas diversificadas, como a literária, artística, militar ou qualquer outra em que o “biografado” se tenha distinguido.
Se algum visitante do blogue nos der pistas e sugestões através do nosso e-mail, ficaremos gratos.
A primeira FIGURA que vamos referir, se não é desconhecida totalmente de todos os alcoutenenses, é com certeza da sua grande maioria.
JOSÉ ANTÓNIO CONCEIÇÃO VIEIRA
Nasceu na vila de Alcoutim aos 13 de Dezembro de 1831. sendo filho de António da Conceição Vieira , naturaL de Castro Marim e de Gregória Fernandes (?) da vila de Alcoutim, seguindo para Faro onde a família se instalou devido à mudança política ocorrida em 1833. Aqui vive até aos vinte e quatro anos, possuindo já as ordens sacras.
É nomeado coadjutor para a freguesia de Alcantarilha (Silves), aí se mantendo até 1855.
No ano seguinte já se encontrava na sua terra natal, no exercício das mesmas funções, acumulando, como era regra, a Capelania da Capela Real de Nª Sª da Conceição mas por muito pouco tempo pois em 1857 e 1858 encontrava-se na freguesia de Conceição de Tavira, onde coadjuvou o pároco da Encarnação (?) durante os anos de 1860 e 1861.
Vai depois para a Colegiada dos Mártires onde se conservou até 1873.
É convidado então pelo Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa para exercer em departamento daquela instituição, o lugar de tesoureiro, o que veio a aceitar.
Dedicado à escrita, colaborou nos periódicos “A Nação” (órgão monárquico dos legitimistas, partidários de D. Miguel e fundado em 1847), “Bem Público” e outros de carácter político-religioso.
O Padre Conceição Vieira declarava abertamente que as suas ideias eram pelas tradições da pátria e pelas formas dos governos transactos, numa alusão ao rei D. Miguel.
Escreveu:
Memória sobre a frase cristã do grande Condestável D. Nuno Álvares Pereira, Lisboa, 1871. Tem setenta páginas e um retrato litografado;
Recordação da minha romaria ao Vaticano em 1877.Tem cento e cinquenta e três páginas e
Spiritismo – Ilha encoberta e o sebastianismo, Lisboa, 1884. Tem duzentas e treze páginas.
A primeira referência que encontrámos sobre o Padre Conceição Vieira, foi obtida na leitura de uma acta da Sessão da Câmara Municipal, datada de 2 de Março de 1872 que informa que na altura residia em Lisboa. Viemos depois a encontrá-lo na Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira e depois no conhecido e designado “Dicionário de Inocêncio”
Pensamos que a família Vieira se encontra extinta em Alcoutim mas nos dois últimos séculos apareciam vários Vieiras que podem nada a ter com este eclesiástico.
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Extraído de” Alcoutim, capital do nordeste algarvio, subsídios para uma monografia”, 2ª Edição, em preparação.