sábado, 27 de setembro de 2008

Olá Francisco


Pequena Nota

Como se justifica e é de bom-tom, iremos escrever meia dúzia de palavras na abertura de mais uma secção do blogue.

Se iniciámos logo o tema Viagens sem regresso, noticiando a partida de amigos ou familiares, porque não criar o tema Da barriguinha da mamã e não do bico da cegonha como antigamente se dizia?

A chegada de um familiar por afinidade acabou por despoletar a situação.

É com essa chegada e com muito gosto que vamos iniciar este tema mas receoso que o concelho de Alcoutim, onde no último ano, segundo as estatísticas, nasceram, melhor dizendo foram registadas, cinco crianças, número só batido com três pelo concelho do Corvo, uma espécie de Berlenga Grande) me possibilite engrossar a informação.


OLÁ! FRANCISCO

No dia 10 do corrente os técnicos de saúde foram buscar à barriguinha da mamã, este mocetão que tinha 50 cm de altura e pesava 3,3 kg, encontrando-se bem de saúde.

Ainda que tivesse visto a luz do dia em Alvor, o Francisco Miguel aumentou o número dos naturais da Luz de Tavira.

Filho de um tavirense e de uma são-brasense, tem os seus costados varões originários de Alcoutim, o paterno da típica povoação dos Guerreiros do Rio e o materno mais para o interior, dos dispersos Balurcos.

AQUI APRESENTO AO MUNDO O RAPAZ COM TRÊS DIAS !

Auguramos as melhores venturas ao Francisco (com este nome ninguém ignora a sua nacionalidade, o que não acontece infelizmente com muitos portugueses da sua idade) com o alerta para ir conhecer a terra das raízes dos seus avós.

Daqui transmito aos babados pais, avós, bisavós e mais familiares, as minhas efusivas felicitações.

Sebastião e Silva


O Prof. Doutor José Sebastião e Silva é das Figuras de maior relevo que tiveram Mértola por berço.

Filho de António José Sebastião e de Maria Emília Nobre Silva nasceu a 12 de Dezembro de 1914.

Com 16 anos completa o Curso Geral dos Liceus no Liceu de Beja com a classificação de 18 valores, concluindo três anos depois o Curso Complementar, obtido no Liceu André de Gouveia, na cidade de Évora e com a classificação final de 19 valores.

Matriculando-se no Curso de Ciências Matemáticas na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, conclui a licenciatura em 1937, com 17 valores.

Durante os cinco anos seguintes dá aulas em colégios e explicações particulares.

No Centro de Estudos Matemáticos, de Lisboa, do Instituto de Alta Cultura, inicia a sua actividade de investigador.

De 1942-1946, foi bolseiro no Instituto de Alta Matemática de Roma.

Regressando a Portugal, foi novamente contratado para 2º Assistente da Faculdade de Ciências de Lisboa, tendo-se doutorado em 1949 em Ciências Matemáticas na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, com a classificação de 18 valores.

Professor Catedrático do Instituto Superior de Agronomia transitou depois para a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, (1960) onde ensinou até 1970.

Foi sócio efectivo da Academia das Ciências de Lisboa, desde 21 de Abril de 1966, membro da comissão portuguesa da União Matemática Internacional, e presidente da Comissão para a modernização do ensino da Matemática nos liceus portugueses.

Autor de uma vasta obra, as suas publicações didácticas e científicas tiveram uma grande repercussão no estrangeiro.

Foi um dos fundadores de “Ecos do Guadiana”, periódico que existiu em Mértola.
Colaborou noutros jornais do seu distrito natal, entre os quais o “Diário do Alentejo”.

É o patrono da Escola Secundária existente na sua terra, que outro melhor não podia escolher.

Faleceu em Lisboa a 25 de Maio de 1972,
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Wikipédia, a enciclopédia livre
Dicionário da História de Portugal, Livraria Figueirinhas, Porto, Vol. IX
Enciclopédia Verbo, Luso-Brasileira de Cultura, Edição Século XXI
Grande Dicionário Enciclopédico Ediclube
Subsídios para o Património Histórico e Cultural do Concelho de Mértola, Mário Elias, Edição da Associação de Defesa do Património.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Boqueirão


É uma boca grande (entrada) na parede normalmente mais elevada, tipo janela por onde era metida a palha no palheiro.

A falta de madeira obrigava na maior parte dos casos a ser tapado com pedra, abundante na região. No caso presente o lintel é de zimbro e também os havia de grauvaque (pedra rija).

Tapar com pedra, o que era trabalhoso justificava-se, além do que já se disse, pelo facto de ser um trabalho anual.

Todos anos a sua existência é minada pelo camartelo do progresso.

O representado na fotografia já não existe. Dentro de alguns anos só restarão as fotografias que pouco terão o cuidado de tirar.

Foto J.V. 1989.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

A Saia Curta da Pateira


Com esta muito curta lenda, vamos iniciar hoje esta nova secção do blogue, esperando que tenha os seus interessados.

O lendário foi sempre um assunto que nos interessou e já algumas vezes o temos referido nalguns escritos.

Como quase sempre acontece nestes assuntos, as opiniões não são coincidentes, com diferenças no tempo e na descrição, quase sempre e obviamente, pouco definidas.

O que todos referem é que ouviram falar na Saia Curta da Pateira!

Uns afirmam que sempre ouviram falar nisso, outros que é uma coisa relativamente recente. Quem tem razão, não sei.

Quem ronda hoje os oitenta anos, e mesmo quem já os passou, em jovens era-lhes metido medo com a aparição da Saia Curta da Pateira, se de noite passassem pelos sítios que ela notoriamente frequentava e que se situavam entre o moinho da Pateira, nas proximidades de Afonso Vicente e o Carapeto, hoje na berma da estrada, a caminho das Cortes Pereiras.

Sabe-se que vestia toda de branco e que a saia era curta e daí a sua identificação.

Os malefícios que ela tinha causado ou causava, é que nunca consegui identificar pois quando se chega a essa explicação, ninguém adianta nada.

Ainda hoje, entre os poucos habitantes de Afonso Vicente e aqueles que lá nasceram, quando calha, é referida a Saia Curta da Pateira, conforme o espírito de cada um e as circunstâncias em que se fala.

Muito recentemente e para tentar encontrar mais alguma informação, perguntei a três naturais do monte se já tinham ouvido falar nela. Um, disse que nunca tinha ouvido tal coisa, (afastou-se muito cedo do monte) outro, o mais novo, que isso eram coisas do antigamente e o mais velho, rindo-se, “esclareceu”: - eles não sabem nada! A Saia Curta era de Afonso Vicente e tinha encontros nocturnos e amorosos com o lobisomem, das Cortes Pereiras, ao Carapeto!

Chegando entretanto um natural e residente nas Cortes Pereiras, não conhecendo a estória, acabou por afirmar que depois desta conversa percebeu porque é que um dia tinha visto sair do Carapeto, uma espécie de estrela cintilante que desapareceu a caminho de Santa Marta!

Quem é que sabe acrescentar mais a esta lenda que se não ficar escrita, se perderá com o decorrer do tempo?

domingo, 21 de setembro de 2008

Lutegarda de Caires



Nasceu em Vila Real de Santo António em 15 de Novembro de 1873 esta escritora e socióloga, de seu nome completo, Lutegarda Guimarães de Caíres.

Após a implantação da República é convidada pelo ministro da Justiça, a propor melhorias de carácter social.

Da sua pena saem vários trabalhos sobre a situação jurídica da mulher.

Os problemas prisionais merecem-lhe especial atenção. Neste sentido consegue a abolição da máscara penitenciária e do regime do silêncio.

É igualmente pela sua acção que as condições sanitárias das prisões das mulheres sofrem algumas melhorias.

Foi a percursora do “Natal nos Hospitais”.

No campo poético, onde igualmente se notabilizou, obtém em 1913 o 1º Prémio de Poesia nos jogos florais hispano-portugueses de Ceuta, com o soneto Florinha das ruas.

São da sua autoria, em verso, os seguintes trabalhos:
Glicínias (1910); Bandeira Portuguesa (1910); Papoulas (1912); Sombras e Cinzas (1916) e Violetas (1923). Por publicar ficou Anoitecendo.

Em prosa deixou:
Dança do Destino (contos), 1913; Pombas Feridas (misto de prosa e verso) (1914); Doutor Vampiro (romance) (1923); Palácio das três Estrelas (literatura infantil) (1930).
Nesta área, deixou inédito: Águas Passadas (novela); Árvores benditas e Nossa Senhora de Lurdes.

Lutegarda de Caíres abordou outras áreas da literatura. Assim escreveu, Vagabundo, libreto de ópera que subiu à cena em 1914 e mais tarde em 1931. Em teatro, deixou inédito Lenda de Guimer.

Faleceu em Lisboa no dia 30 de Março de 1935.

Tem desde 1937 o seu nome na toponímia vila-realense.



Em Fevereiro de 2008 é aberto na sua terra natal o 1º Concurso Literário, Lutegarda de Guimarães Caíres (prosa e verso) destinado a todos os alunos do ensino básico e secundário.

Junto ao Guadiana foi levantada uma estátua em pedra que a representa, homenageando-a.
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Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Vol. V

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

ALMEIRM - No Coração da Lezíria


Almeirim - No coração da Lezíria …é editado pela Héstia, Editores e tem textos de Sandra Meireles Silva.

Excelente papel e recheado de múltiplas e boas fotografias, é o trabalho mais completo que conheço sobre o concelho de Almeirim, no coração do Ribatejo, terra de vinho, melão, sopa de pedra e de toiros, entre muitas mais coisas.

Foi uma gentil oferta da Câmara Municipal de Almeirim.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Os arelhos


(Publicado no Correio do Ribatejo, Santarém, de 8 de Junho de 2007, pág. 10)

Foi entretanto enviado para o Jornal do Baixo Guadiana com a nota que se segue. Como não veio a ser publicado por razões que desconheço, faço-o agora aqui.

Nota do Autor:
No jornal “Correio do Ribatejo”onde modestamente colaboro, no seu número de 8 de Junho último e englobado na minha rubrica TEMAS VARZEENSES, publiquei um escrito (LIX) a que dei o título, OS ARELHOS.
Atendendo a que me refiro aos arelhos da Várzea e que na serra do Caldeirão, nomeadamente no concelho de Alcoutim, são conhecidos e designados por alhos-areios, circunstância que igualmente abordo, pensei que não seria descabido a sua publicação neste jornal.
Se os leitores do Correio do Ribatejo que desconheciam os alhos-areios, os deste jornal que igualmente possam desconhecer, ficaram a saber o que são os arelhos.


Há quase um ano que não escrevo sobre a freguesia da Várzea devido a vários factores que vão desde a falta de tempo até à lembrança de um assunto que me desperte a atenção e possa construir com aquilo que a memória foi acumulando no decorrer dos anos e uma análise simplista que nos reporte aos dias de hoje.

Do norte a sul do País o homem em períodos de crise, motivados por intempéries e situações políticas complicadas, recorreu muitas vezes às plantas espontâneas para uso alimentar o que acabou, nalguns casos, por dar origem a hábitos e usos gastronómicos que se foram transmitindo no decorrer dos anos, mesmo àqueles a que a vida corria melhor.

Celgas, labaças, cagarrinhas (cardos de folha larga que depois de esfolados se aproveita a nervura central), beldroegas, espargos, túberas, míscaros e outras espécies de cogumelos, serralhas, leitugas, agriões e arelhos, são algumas das espécies utilizadas, cozidas, fritas, guisadas ou cruas, mais propriamente em saladas.

Além disso não podemos esquecer o tempero aromático dos orégãos, da hortelã da ribeira, da erva das azeitonas, do funcho, do alecrim, do poejo e da carqueja, entre muitas outras.

Tenho verificado que a mesma planta tem utilizações diferentes, conforme a região. Enquanto na Várzea só conheço o uso das beldroegas (vulgo valdoregas) em salada, na Serra algarvia utilizam-na na sopa e nos “jantares” que constituem uma espécie de cozido. Por outro lado, as celgas que os varzeenses utilizam em sopas de feijão, naquela zona do sul do país comem-se cozidas.

Vem isto a propósito de há cerca de dois meses ter recebido telefonicamente um convite nos seguintes termos:- Então não quer vir amanhã comer uns arelhos com bacalhau, feitos por um conterrâneo para um grupo de amigos, igualmente varzeenses? Só não são comidos na Várzea, mas numa zona bem próxima.O convite era tentador, primeiro porque ia saborear um prato que muito aprecio e que já não comia à volta de quarenta anos, segundo porque ia ter a oportunidade de conhecer alguns conterrâneos, que me conheciam de nome, através deste jornal, convivendo com outros já conhecidos, trocando impressões sobre a nossa terra e procurando enriquecer os nossos conhecimentos, já que a oralidade é sempre uma via importante de transmissão.

Além dos arelhos guisados com bacalhau e batatas, sou apreciador de sopa de feijão (ou feijoca) com celgas e todos os anos mato o gosto, porque me é fácil apanhá-las, e sei confeccionar a sopa. Neste caso, não substituo as celgas pelas melhores couves do Mundo! Para a sua adequada confecção, é necessário conhecer algumas passagens que nem todos praticam ou conhecem.

Com os arelhos, não acontece o mesmo. Nunca apanhei tal coisa, ainda que saiba, porque o meu pai mo dizia, criavam-se bem nas vinhas, local onde os procurava.
Nos dicionários que consultei, Novo Dicionário da Língua Portuguesa, Francisco Torrinha, 1946, Lello Universal – Dicionário Enciclopédico Luso-Brasileiro, Porto, 1975, Dicionário da Língua Portuguesa, por Almeida Costa e Sampaio e Melo “Editora”, 5ª Edição, 1977 e por último o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, Academia das Ciências de Lisboa – Verbo, 2001, não encontrei o substantivo arelho mas sim alhos-porros e alhos da vinha (espontâneos nas vinhas), entre outros. Estas duas designações presumo que sejam sinónimas de arelhos.

Existe o topónimo Foz do Arelho que José Pedro Machado pretende significar areia (Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, Horizonte /Confluência, 1993) e a Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Vol 3, pág 172 refere o mesmo topónimo existente no concelho de Caldas da Rainha e de uma ribeira que nasce na Serra de Montejunto que se junta à de Arnoia, próximo da lagoa de Óbidos.

Vim a encontrar os mesmos alhos espontâneos na Serra Algarvia, igualmente utilizados na alimentação, mas aqui com um desenvolvimento muito inferior devido às terras serem mais delgadas e conhecidos por alhos-areios, designação que igualmente não encontrei nos dicionários que já referi



Enquanto na Várzea e zonas circunvizinhas só se aproveita a “cabeça”, na Serra Algarvia aproveitam igualmente a rama (folha) e cozinham-nos de uma maneira totalmente diferente da do Ribatejo, com sopa de pão e fatias de toucinho. Constituem igualmente um bom petisco!

Até hoje nunca encontrei o bacalhau guisado com arelhos em qualquer restaurante que diz servir pratos regionais o que sempre me admirou, pensando eu que seria um prato típico da região completamente perdido.

Pelo que me foi dado ver, meia dúzia de conterrâneos fazem gala de manter a tradição gastronómica dos “arelhos” confeccionando-os com prazer e mestria, mantendo a sua originalidade.

Não compliquem com adicionamentos que possam desvirtuar ou lhe tirar a pureza. É só necessário manter o tradicional, o que por vezes não é fácil.
Procurem transmitir aos vossos descendentes as tradições gastronómicas.
Agradecido pelo convite.

Satisfizemos o estômago e a mente.

Muitos anos de vida para a “Confraria dos Arelhos”.

domingo, 14 de setembro de 2008

O último Presidente da Comissão Política da UN/ANP em Alcoutim


A escrita deste pequeno apontamento surgiu numa conversa de almoço.

Digo eu para a minha interlocutora:
- Sabes quem era o Presidente da A.N.P. em Alcoutim quando se deu o 25 de Abril?

Naturalmente respondeu-me que não. E então, pronunciei o nome de quem “exercia” o cargo. Ficou de boca aberta, dizendo:- Não acredito!
Tinha razões para assim pensar.

Eu conheci a história relativamente bem.

Não me esqueço que logo depois do 25 de Abril o homem rindo, a que eu me associei, disse-me conversando:- Então eu era o chefe dos fascistas e não sabia o que era isso!

Era verdade, tratava-se de uma excelente pessoa, do melhor que conheci em Alcoutim e que um dia, alguém, que sabia muitíssimo bem o que era a União Nacional lhe entrou pela porta dentro e lhe disse. Fulano, tens que assinar isto que é para bem da nossa terra.
E numa situação destas, o homem não teve dúvida nenhuma em assinar o papel para assim se resolver o assunto.

Se o homem estava inscrito em tal organização política, não sei mas penso que não, na altura era necessário mandar para Lisboa a papelada referente à constituição da comissão política local que, segundo me dizem, sempre existiu. Não sei quem abandonou o lugar.

É claro que estas comissões, segundo presumo, nunca funcionaram, pelo menos em reuniões formais, é isso de que estou convencido pelo que conheço dos arquivos locais.

Considero que este pequeno facto demonstra perfeitamente que muitas pessoas que tinham o seu nome metido nestas coisas, nada conheciam de política, eram trabalhadores e honestas e que se deixavam arrastar por aqueles que sabiam efectivamente o que estavam fazendo e que iam obtendo recompensas que de outro modo não conseguiriam.

A correspondência existente no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, já identificada, esclarecerá um dia se alguém tiver interesse nisso, muitas situações completamente desconhecidas.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Crónicas Alcoutenejas


Crónicas Alcoutenejas constitui uma pequena compilação artesanal de dezanove artigos escritos pelo alcoutenejo, Gaspar Martins dos Santos, na revista Alcoutim, (2) da Câmara Municipal e no Jornal do Baixo Guadiana (17). Apresentam de uma maneira geral vários factos passados na pequena vila raiana e que, se não fosse por este meio se iriam esboroar no decorrer dos tempos.

Esta limitadíssima edição artesanal destina-se, além do que já deixei dito, a felicitar o autor pela passagem de mais um aniversário natalício, fazendo votos para que continue a escrever as suas crónicas, transmitindo com grande realismo algo do passado alcoutenejo.

Gaspar Martins dos Santos é dos alcoutenenses que sempre mais admirei e admiro, pela sua inteligência, pelas grandes qualidades de trabalho, pela sua simpatia, humildade, lhaneza no trato e de um equilíbrio a todos os níveis, fora do comum.

Pelo que lhe conheço, penso que desculpar-me-á estas palavras que irão correr o Mundo.

Um grande abraço do José Varzeano.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Afonso Vicente

UM MONTE QUE CAMINHA PARA A DESERTIFICAÇÃO!




Silva Lopes na sua Corografia do Reino do Algarve, de 1841, informa num quadro final do trabalho que em 1839 Afonso Vicente tinha 63 fogos, só suplantado pela vila a quem são atribuídos 76 e em igualdade com Cortes Pereiras e isto a nível de freguesia.

Convém notar que S. Martinho aparece independente de Cortes Pereiras, apresentando 19fogos. Igualmente os Balurcos não aparecem unificados pois é referido o Balurcos de Cima com 31, Serro com 17 e Balurcos de Baixo, 29.

É fácil verificar que tanto os Balurcos como as Cortes Pereiras, unificados, suplantavam a vila em número de fogos.

Situado a 8 km da vila de Alcoutim, Afonso Vicente tinha em 1911, 159 habitantes, número que subiu para 193 em 1940.

Vinte anos depois já tinha descido para 120 e em 1976 cifrava-se em quarenta e nove.

Actualmente (2008), têm residência fixa apenas dezasseis pessoas, na sua maioria, gente idosa. O mais novo habitante já ultrapassou os cinquenta anos!

Houve efectivamente uma reconstrução assinalável de habitações, mas a verdade é que cada vez os filhos da terra ou com ela relacionada aparecem menos e por períodos mais curtos, ainda que ela já possua algumas infra-estruturas básicas, pois já há muito que desfruta do fornecimento de energia eléctrica e recentemente, de água ao domicílio, faltando contudo a rede de esgotos o que é fundamental para a qualidade de vida. Também já vem de há muito a recolha de lixo, agora subtilmente taxada.

A diminuição do número de visitantes tem a ver com o avançar na idade o que em muitos causou doenças que os colocam dependentes.

Pelo quadro seguinte ficamos a saber que durante o ano de 1850 nasceram neste monte 10 crianças o que dá quase a média de uma por mês, o que é surpreendente.

ANO DE 1850

Data de nascimento - ? –
Nome - Francisco, filho de Brás da Costa e de Ana Gliz (Gonçalves)

Data do nascimento – 27 de Janeiro
Nome – Maria, filha de Manuel da Palma e de Maria Afonso.

Data do nascimento – 12 de Fevereiro
Nome – Custódia, filha de José Lourenço e de Maria Pereira.

Data do nascimento – 21 de Fevereiro
Nome - Maria, filha de José de Jesus, natural de Serpa e de Maria Custódia, de Santa Clara do Loreto

Data do nascimento – 3 de Abril
Nome – José, filho de Manuel Brás e de Francisca Lourenço, ambos de Afonso Vicente.

Data do Nascimento – 18 de Junho
Nome – Ana (*), filha de Manuel dos Reis e de Maria Isabel, de Afonso Vicente.
(*) Esta Ana foi 4ª prima de minha mulher já que os avós de uma, foram 4ºs avós da outra.
Data do nascimento – 20 de Julho
Nome – Maria, filha de Francisco Lourenço e de Bárbara Gomes.

Data do nascimento – 24 de Setembro.
Nome – Francisca, filha de Manuel Mestre, de Sta. Marta e de Isabel Gomes, de Afonso Vicente.

Data do nascimento – 20 de Outubro

Nome – Rosalia, filha de Manuel Gomes (2º matrimónio) e de Maria Costa (1º matrimónio), ambos de Afonso Vicente.

Data do nascimento – 30 de Outubro.
Nome - Maria, filha de Joaquim Martins do Balurquinho e de Isabel Martins, de Afonso Vicente

Verifica-se assim que nasceram duas crianças do sexo masculino e oito do feminino.

Neste ano, além do Padre António José Madeira de Freitas, ministrou os sacramentos o Ajudador da Paróquia Padre António Correia Nobre.

sábado, 6 de setembro de 2008

O Poço das Figueiras


Antigo Poço das Figueiras que matou a sede à população de Alcoutim durante mais de um século, o que chegou aos nossos dias.
(Foto J.V., 1970)

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

João da Guarda Cabreira

Nasceu em Castro Marim este fidalgo, senhor dos morgados da Corte e do Patarinho.

Foi juiz hereditário da alfândega de Vila Real de Santo António e muito auxiliou o governador da praça na sua defesa contra os franceses.

É o chefe da revolta militar que em 21 de Junho de 1808 liberta a sua terra natal do domínio das tropas invasoras de Napoleão, tendo rechaçado no dia seguinte, com bocas de artilharia a tentativa de ocupação feita pelos franceses.

Apresentou-se depois ao capitão-general do Algarve, dispondo-se a marchar para onde fosse considerado necessário na luta contra o inimigo invasor e isto deixando o seu rendoso cargo.

É nomeado tenente-coronel agregado por patente de 2 de Agosto de 1808 e depois comandante do Regimento de Milícias de Tavira, o que aconteceu em 4 de Outubro de 1810.

Aqui serviu com muita honra e comportamento.

Tendo-se comportado com firmeza e boa conduta militar no sítio de Badajoz, foi louvado na Ordem de Divisão do general Hamilton, de 11 de Junho de 1811, sendo elogiado por esses e outros bons serviços em campanha.

Foi condecorado com o Laço da Restauração da Capital.

Transferido da arma de Infantaria para o Estado Maior do Exército do Reino do Brasil em 1 de Setembro de 1814.

É nomeado em 9 de Abril de 1829, governador do Forte das Maias, próximo da barra do Tejo.

Em 1834, certamente devido aos acontecimentos políticos e à morte de seu filho ocorrida na cadeia de Faro, emigra para Itália (Modena) onde veio a falecer em 1851.
No seu funeral foram-lhe prestadas as maiores honras militares, por ordem do principie soberano que efectuou todas as despesas, incluindo a da construção dum túmulo, isto segunda a informação prestada no jornal Messagiero, de Modena, de 27 de Janeiro de 1851.
Casou com Mariana Doroteia Correia da Silva.
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Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Vol. 5
A Invasão de Junot no Algarve, Alberto Iria, 1941.
História de Portugal, Joaquim Veríssimo Serrão, Vol. VII, 1984

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Mês de Setembro

EFEMÉRIDES ALCOUTENEJAS

Dia 5
1932 – Nasce em Alcoutim o Dr. João Lopes Dias que foi médico durante anos no seu concelho natal, onde prestou valiosos serviços.

Dia 13
1822 – Início da 1ª Feira da Vila de Alcoutim.

1848 – Reunião da Câmara com oleiros e senhorios das herdades próximas de Martim Longo no sentido de resolver contendas entre eles.

1882 – Nasceu em Alcoutim a escritora, jornalista e enfermeira militar, Maria Eduarda Brak-Lamy Lopes Alves Barjona de Freitas.

1951 – Realizam-se as 1ªs Festas Anuais da Vila de Alcoutim.

Dia 17
1885 – Decreto nº 4 que criou a Guarda-Fiscal que proporcionou o meio de vida de muitos alcoutenejos.

Dia 19
1878 – O Castelo de Alcoutim passou a servir de açougue, o que se manteve por muitos anos.

Dia 23
1869 – A Câmara Municipal de Alcoutim pede para se manter o Julgado existente, anexando-se Odeleite e no caso de ser extinto o de Castro Marim.

Dia 26
1941 – O Castelo da Vila é cedido à Câmara Municipal de Alcoutim.

Dia 28
2001 – Apresentação em Madrid da tese de doutoramento “ El comienzo de la metalurgia en el Alto Algarve Oriental y el Andévalo Occidental” por Victória Abril Cassinello, que foi aprovada.

Dia 29
1949 – Chuvada torrencial que originou a grande corrente de água na Ribeira de Cadavais, devastando grande parte das propriedades das margens.