terça-feira, 30 de agosto de 2011

Procissão em Honra de Nª Sª de Fátima



Voltamos à nossa Câmara Escura de 27 de Abril último que tem por título "Procissão em Honra de Nª Sª de Fátima?"

O pedido então formulado acabou por ter uma colaboração, a de D. Maria Bárbara Antunes Martins cuja privilegiada memória visual e auditiva é magnífica e lhe
possibilita fornecer informação muito real ou muito próxima.

Confirmou-nos a nossa amiga que efectivamente se tratou de uma procissão em Honra de Nª Sª de Fátima quando da visita de uma imagem peregrina e que teve lugar talvez em 1947 ou muito próximo disso.

Também acertámos nos “pastorinhos” mas agora podemos informar quem desempenhou esse papel: Arlete Pereira, Francisco Manuel (já falecido) e Ivone Baptista.

Com este pequeno apontamento reforçamos o que tínhamos escrito sobre a foto.

Os nossos agradecimentos a D. Maria Bárbara.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Efeméride - Passam hoje 370 anos sobre a morte do último Conde de Alcoutim



Foi a 29 de Agosto de 1641 que foi executado no Rossio, aos 52 anos de idade, o 6º e último conde de Alcoutim (7º Marquês de Vila Real), D. Luís de Noronha e Meneses, filho do 4º Conde e irmão do 5º e casado com D. Juliana de Meneses, filha de D. Luís de Meneses, 2º Conde de Tarouca.

A condenação deu-se por alegadamente estar implicado numa conspiração para derrubar o Rei Restaurador, D. João IV.

Os seus bens foram confiscados e incorporados na Casa do Infantado, criada por alvará de D. João IV, de 11 de Agosto de 1654, a favor dos filhos segundos dos nossos monarcas.

Ainda que tivessem existido algumas ligações sanguíneas entre as Casas de Bragança e a de Vila Real, as duas maiores do País em nobreza e bens, possivelmente por isso existia grande rivalidade pelo domínio político e económico.

Chegaram a travar-se pequenas batalhas entre os criados das duas Casas Senhoriais

Aquilo que fomos lendo em vários trabalhos históricos é muito semelhante parecendo-nos ser o politicamente correcto.

Em trabalho recente foram apresentadas outras hipóteses interpretativas após pesquisas efectuadas em vários arquivos.

É fácil calcular que os bens confiscados a esta Casa constituíram um suporte económico importante para a manutenção da independência do país.

Ainda que o título de Conde de Alcoutim tivesse sido oferecido a D. Carlos de Noronha que pertenceu à lista de conjurados e que se encontrava em litigio jurídico com o 6º Conde em representação de sua mulher, D. Antónia de Noronha, nascida em Ceuta e filha que pretendia ser legítima do 5º Conde, D. Miguel Luís de Meneses, este não o aceitou.



domingo, 28 de agosto de 2011

Nascimento do navio "Alcoutim"

Pequena nota
A mais-valia dos nossos colaboradores está sempre patente.
Aqui reproduzimos uma pequena mas oportuna nota fornecida, neste caso pelo Eng. Gaspar Santos.


JV





Escreve

Gaspar Santos





Em Junho deste ano a Ordem dos Engenheiros comemorou os 75 anos da sua existência, uma vez que foi criada em 1936. Na Região Sul da Ordem do Engenheiros resolveram criar o Dia Regional do Engenheiro. E prestar homenagem a membros da Região Sul que muito se destacaram no seu campo profissional. E o que tem a ver esta efeméride com Alcoutim?

É que um dos distinguidos tem 101 anos, é Algarvio como nós, nascido em Loulé e foi o “criador” para Grupo Companhia União Fabril (CUF) do navio Alcoutim por modificação do navio alemão S. S. Fort Fidler.

O calado deste navio era tão elevado que não lhe permitiu entrar no Guadiana e por isso nunca foi visto na terra que lhe deu o nome.

Mas melhor que as nossas palavras são as palavras e imagens que respigamos da Edição Comemorativa 2011 da Região Sul da Ordem dos Engenheiros.

Aproveitamos assim para prestarmos também a nossa modesta homenagem ao Senhor Engenheiro João Farrajota Rocheta.

N.I.
Acabámos de receber do colaborador Gaspar Santos a indicação de que o Eng. João Ferrajota Rocheta já era falecido quando esta postagem foi publicada. O acontecido teve lugar em 27 de Junho de 2011, o que só agora se teve conhecimento.Pelo facto, pedimos desculpa aos nossos leitores.
Em 8 de Fevereiro de 2012.
JV

Mariana Barradas Franco

Faleceu na cidade de Peniche no passado dia 20, com 89 anos de idade esta Senhora, alentejana, natural de Serpa e que nunca perdeu a pronúncia da sua região natal.

Tendo-se fixado bem jovem nesta então vila onde veio exercer a sua actividade profissional, acabou por aqui casar e constituir família.

De fino trato, conhecíamo-la há muitos anos e nas nossas conversações entrava com frequência a gastronomia e culinária principalmente referente à da sua região de origem.


Foi mais uma mãe que recebeu o amor e carinho de um filho que a tratou, quase sozinho até ao último suspiro.

Mariana Franco era mãe do nosso Amigo e apreciado colaborador deste espaço, Fernando Lino, daqui lhe enviando o nosso abraço de condolências.


sábado, 27 de agosto de 2011

Cobertores de lã




Ainda que apareçam como sinónimos nos dicionários, têm características diferentes das designadas mantas.

Com uma função idêntica e nos casos que temos abordado são feitos do mesmo material (lã) e nos mesmos teares.

Acabam contudo por ser diferentes, são maiores, menos espessos (teia mais leve e menos consistente), não têm barras vistosas como as mantas e os desenhos que apresentam são mais simples e de maiores dimensões.

Apresentamos dois exemplares com mais de meio século de existência, admitindo ser o primeiro centenário.

O segundo foi feito em Alcaria Alta.



sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Crónica de Verão





Escreve


Amílcar Felício



[Jovens de Alcoutim daquele tempo]

Se até o Governo e a Assembleia da República vão a banhos ao fim de 2 meses de trabalho, depois de nos darem a entender que este ano não ia haver nada para ninguém, no seguimento do que dizia o outro “ de que nem iriam ter tempo para se sentar”, porque é que nós não haveremos de fazer o mesmo? Começam de facto a convencer-me, aqueles que dizem de que “vida melhor do que a de ministro... só a vida de ex-ministro!”

Assim e antes que venha para aí mais algum corte também no subsídio de férias, aproveitemos a crónica desta semana para ir até Vila Real de Santo António beber um copo e ver como paravam as modas por lá noutros tempos. Acho que também merecemos!
Em 1963 ou 1964 posso-vos garantir que sair de Alcoutim para ir passear àquela Vila Pombalina ainda era uma pequena aventura que requeria algum planeamento, nomeadamente pela logística do transporte para que tudo batesse certo na ida e no regresso. Hoje em dia é tudo diferente e qualquer pessoa pode ir até lá nas calmas à hora de almoço, tomar a bica e voltar logo a seguir para o trabalho da tarde, como se fosse ao Quiosque do Rio tomar café. Ainda bem!

Os automóveis em Alcoutim naqueles tempos contavam-se pelos dedos de uma só mão e ainda sobravam muitos dedos. Eu francamente só me lembro do carro do Dr. João Dias na década de cinquenta e já bem entrados na primeira metade da década de sessenta do carro do Sr. Paulino Chefe de Finanças e de uma ou duas carrinhas de caixa aberta, salvo erro dos Gomes das Cortes Pereiras e do Ti Guerreiro talhante se a memória não me falha e a quem pagávamos o gasóleo, para nos deslocarmos para uma jogatana a este ou àquele Monte do Concelho, sempre com a bandeira do Grupo Desportivo 1º de Dezembro imponente a esvoaçar no tejadilho.

De resto o parque motorizado e “desmotorizado” (*) era constituído naqueles tempos por umas bicicletas a pedal e uma ou outra a motor, muitos burros e algumas carroças, mais uma mula, um macho ou uma égua. Havia também barcos a remos e o velho Gasolina com a sua figura castiça o “Fachenita” que fazia regularmente o percurso fluvial Mértola-Vila Real-Mértola e a velha camioneta de nariz empinado, que chegava de Lisboa às 5 horas da tarde e acabava a carreira naquela Vila Pombalina, voltando a Alcoutim no dia seguinte às 10 horas da manhã a caminho de Lisboa novamente. Ainda me lembro do martírio que esta coitada passava nos anos cinquenta para chegar à Praça pela rua das Portas de Mértola, pois ainda não existia a estrada junto à ribeira, que na altura eram os quintais das casas que de uma maneira geral ainda lá existem com a mesma arquitectura exceptuando uma ou outra claro e as duas casas em frente à família Canelas que foram deitadas a baixo, para fazer um ajardinado a 45º...
[A cidade pombalina. Foto JV, 2011]

Às vezes apetecia-nos sair da rotina e fazer alguma coisa de diferente num ou outro fim-de-semana. Dávamos descanso à lancha do Xico Balbino e aos passeios e patuscadas no Guadiana, às jogatanas de futebol na Fonte Primeira ou em Martim Longo, aos bailaricos em Giões, no Pereiro ou nos Montes do Rio que tinham as caras mais bonitas do Concelho, ou aos passeios a Sanlúcar para umas cervejolas no Estrela e saborear as suas formidáveis tapas à borla, que muitas das vezes eram gambas que vinham das Canárias ao preço da uva mijona.

Os passeios com as espanholitas eram o pão nosso de cada dia e às vezes até de cada noite e acabavam quase sempre a dançar as sevilhanas ao som da minha velha viola que era a única coisa que sabia arranhar e mais um ou outro flamenco , contagiando-nos com a sua alegria e o seu salero sem limites e contrariando assim o nosso histórico fatalismo. Era uma lufada de ar fresco!


Éramos bem recebidos e sentíamo-nos bem em Espanha. Apetecia-nos sempre voltar, pois quem é que não gosta de se divertir e andar alegre ainda por cima quando se é jovem? E a verdade é que tínhamos conseguido relacionar novamente as juventudes das duas povoações ribeirinhas, que viviam de costas voltadas desde a fratricida guerra civil que as tinham separado à força fazia já mais de duas décadas, criando laços de amizade que perdurariam pelo tempo fora e até um ou outro casório!

Encontrava-me com a família por mero acaso em Sanlúcar no dia do funeral de Dom Miguel Ferreira, salvo erro em Fevereiro de 2009. Quando descíamos a rua do seu antigo comércio para irmos dar os pêsames à família, fomos surpreendidos pelo funeral que já subia a Avenida. Inclinávamo-nos respeitosamente à passagem do féretro quando estupefacto, vejo a filha Angélica que já não via há dezenas de anos afastar-se do cortejo perante o olhar geral, para nos vir cumprimentar afectuosamente ao passeio. Demos-lhe as nossas sentidas condolências pela morte de um Homem Bom e de um Verdadeiro Amigo dos Portugueses. Será preciso dizer mais alguma coisa para se entender o relacionamento entre portugueses e espanhóis naqueles tempos? Se havia lá mais algum português não dei conta, pois não conhecia mais ninguém. Possivelmente como se mudaram os tempos etc., etc., etc. ...

[Sanlúcar do Guadiana. Foto JV, 2011]

Mas deixemos as partes tristes da vida e não nos esqueçamos que temos que ir para Vila Real de Santo António...
Estávamos nos princípios da década de sessenta e o turismo começava a desabrochar no Algarve a um ritmo alucinante. Alguns dos estrangeiros pareciam que tinham descoberto o Paraíso na terra e assentavam arraiais com armas e bagagens, deslumbrados quer com o clima quer com a beleza da região ainda virgem, beleza que eles – mas principalmente nós – haveríamos de ir descaracterizando irresponsavelmente ao longo destas quatro ou cinco últimas décadas, pela ganância do lucro fácil.

Constava-se que havia quem lhes vendesse um espaço equivalente a um galinheiro ou uma pocilga por trezentos contos, o que era uma pequena fortuna nas nossas contas naquela época. Nas contas deles claro, comprar uma Mina de Ouro àquele preço não passaria de uns miseráveis patacos suponho, pois tinham um nível de vida seguramente dez a vinte vezes superior ao nosso. Possivelmente que antes da UE nos encharcar com a ilusão dos fundos, aquela época algarvia foi certamente a nossa última ilusão – embora regional – de termos chegado novamente ao Brasil. Enquanto uns partiam para a aventura da emigração, os que ficavam naquela região olhavam para os estrangeiros na altura como quem olha para a árvore das patacas. Vendia-se-lhes o Algarve por uma fortuna pensávamos nós e eles compravam-no por tuta-e-meia.

Outros estrangeiros vinham aos magotes atraídos pelo baixo preço da estadia no Paraíso.

Fazia parte do nosso grupo o Eckard, um geólogo alemão com 1 metro e 98 centímetros que fazia a sua tese em Alcoutim por indicação expressa do seu professor na Alemanha, por particularidades da nossa região que me escapam. Provavelmente por se tratar de uma zona de regressão marinha da época Glaciar, pois era visível a existência de areias e conchas no cimo do Cerro da Mina cuja descoberta nos espantava, quando em miúdos explorávamos as minas que lá existem armados em bandeirantes e nos questionávamos na nossa santa ignorância, se o mar não teria já andado por ali antes de nós.

Claro que Alcoutim baptizou-o de imediato de “O Pedrinhas”. Apesar de não ter que dar contas a ninguém nem horário de entrada ou de saída, era de uma regularidade no trabalho impressionante. Parecia um relógio suíço. Dominava perfeitamente o português. Sei que tinha 198 centímetros porque certo fim-de-semana encontrámo-nos em Lisboa para um curto convívio e decidimos ir ver determinado filme ao velho cinema de S. Jorge.

Ficámos na plateia. Ao lado do Eckard estava uma menina que tinha uma amiga no 1º balcão e que não resistiu no intervalo, gritando-lhe lá de cima: oh não sei quantas (!) esse aí ao teu lado tem mais de 2 metros! O Eckard levanta-se na sua corporal imponência, vira-se para o 1º balcão e rectificando de imediato a medida grita-lhe em voz alta: você está mesmo muito enganada minha querida, faltam ainda 2 centímetros! Tinha aprendido a conviver com o humor português e adaptava-se perfeitamente!

No trato até já nem parecia um estrangeiro naquele corpalhaço disforme de alemão louro, que não enganava nem o mais pitosga. Nunca lhe conseguimos arrancar uma palavra sobre a crueldade e o terror nazi. Estava bem industriado. Dizia-nos sempre que sobre esses assuntos não queria nem gostava de falar! Parecia-nos que tinha vergonha ou então a consciência pesada, sabe-se lá! Às vezes tentávamos que bebesse mais uns copos para ver se lhe desatávamos a língua, mas nunca perdia aquela postura formal que todos os homens do norte europeu têm e que é tão diferente dos latinos, pois primeiro que o álcool chegasse lá cima à cabeça, dizíamos nós, evaporava-se certamente.

Até que um dia descobrimos a receita: o vinho Lagoa que tinha uma graduação no mínimo de uns 14º. Foi engraçado ver aquele corpalhaço disforme com uns copos descomposto chegar ao Cais Velho certa tarde e naquela barafunda toda com o Guarda Fiscal à mistura, ver ir o boné deste parar ao rio. Claro que a partir daquele dia nunca mais quis beber vinho Lagoa e voltou à formalidade do costume, derrotando a nossa estratégia!

E lá chegámos finalmente certo fim-de-semana a Vila Real – a viagem era mesmo longa e complicada não vos dizia (!) – atraídos possivelmente pela miragem da invasão estrangeira de que apenas nos chegavam os ecos a Alcoutim. Descobríamos com os nossos próprios olhos de que se tratava de facto de Novas Invasões mas desta vez já não eram só as Francesas, mas fundamentalmente Inglesas! Sentamo-nos numa das esplanadas da Avenida Central para apreciar aquela Nova Invasão bebendo naturalmente umas cervejas. O Eckard que muito se sensibilizava pela maneira como o recebíamos, queria mostrar a sua gratidão e pagar toda a despesa, chamando o empregado. Ao perguntar-lhe quanto custava cada cerveja, responde-lhe este sem pestanejar de que eram a 10 escudos cada (não vos quero mentir mas o preço normal acho que eram 25 tostões e ele pedia-nos quatro vezes mais!) ao que eu lhe pergunto de imediato: “mas você não está enganado companheiro”? Responde-me ele sem papas na língua, “desculpem lá amigos, mas pensava que eram estrangeiros!”.

[Equipa de futebol de Alcoutim, 1964]

Esta mentalidade de lucro fácil que naquele tempo até poderíamos considerar um expediente com piada, contra aqueles que nos compravam ao desbarato (afinal não se tratava mais do que uma simples desvalorização da moeda, habilidade que os políticos praticariam algumas décadas depois!), acabaria por se transformar anos mais tarde já sem qualquer desculpa, em Política Geral que marcaria aquela região até há bem pouco tempo, espantando muito turista que preferiam ir para Espanha a muito melhor preço em condições equivalentes. Mas acho que já aprendemos...

Nota: (*) Sempre que encontrava o “Sargento” Diogo, personagem que já tenho referenciado diversas vezes nas minhas crónicas, tinha que lhe pagar um copo por uma dívida de gratidão que se arrastava desde os finais de um Inverno rigoroso da década de quarenta, com apenas 1 ou 2 anos de idade. Efectivamente contraí uma grave doença que mata por asfixia (o popular garrotilho) e o médico encontrava-se em Martim Longo. Foi o “Sargento” Diogo que de bicicleta a pedal foi a Martim Longo chama-lo e assim me salvou a vida. Contava-me sempre esta estória e acrescentava que quando chegou à Portela Alta, ia tão cansado que a roda se atolou na lama e ele caiu ficando ferido e todo sujo, mas dada a gravidade do problema lá continuou a toda a velocidade sem hesitar, cumprindo a missão até ao fim! Assim se desenrascavam os alcoutenejos...
Responder Encaminhar

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Laurentina Maria


Foi a sepultar ontem no cemitério da Vila de Alcoutim, Laurentina Maria, de 84 anos de idade, viúva, natural e residente na povoação de Cortes Pereiras, freguesia e concelho de Alcoutim.

Viveu sempre com o seu filho mais velho, solteiro, que a tratou com muito carinho, levando-a a consultas e cuidados médicos, ministrando-lhe a alimentação até à higiene diária, por vezes com o auxílio do irmão.

José Manuel, funcionário da Câmara Municipal, apesar de limitações de vária ordem não quis optar por depositar a mãe num albergue, saindo assim da prática comum no concelho e por esse país fora.

O nosso amigo José Manuel deve sentir-se hoje confortado pelo dever cumprido o que não pode acontecer a muita gente.

O nosso abraço de condolências.



VIAGEM SEM REGRESSO

1º Concurso Nacional Aromas e Sabores com Figo-da-Índia



Pequena nota
Com pedido de publicação recebemos o seguinte “mail”que gostosamente publicamos, este e todos os que nos forem enviados em prol do concelho de Alcoutim procurando tirá-lo da cauda do desenvolvimento.
JV

Caro Sr. Varzeano,

Venho por este meio solicitar que, se possível, seja publicitado no blog Alcoutim Livre, o 1º Concurso Nacional Aromas e Sabores com Figo-da-India.

Sei que o seu blog procura divulgar todos os acontecimentos de interesse para o concelho de Alcoutim e principalmente aqueles cujos objectivos se norteiam por interesses colectivos.

É nesse sentido que ouso pedir-lhe a divulgação deste Evento o qual tem, como principal objectivo, sensibilizar as populações do concelho de Alcoutim e outros concelhos da região, onde é produzido o Figo-da-India.

Existem muitos Alcoutenejos e não só, que acompanham os diversos acontecimentos sociais e culturais, através deste espaço informativo e é também para essas inúmeras pessoas, residentes fora de Alcoutim e muitas delas no estrangeiro, que me dirijo e gostaria de dar a conhecer este evento o qual tem como um dos objectivos, dar a conhecer as potencialidades económicas que o Figo-da-India pode oferecer.

As inscrições para este concurso terminam no dia 31 deste mês de Agosto e o mesmo terá lugar no dia 4 de Setembro, a partir das 14:00 horas, em Martim Longo.

Existe o blog, http://figodaindia.blogspot.com/
criado apenas para este evento, onde poderá ser consultado o regulamento e também para, através dele, se inscreverem aqueles que têm gosto pela confecção de Doces, Bolos ou Bebidas .


O 1º Concurso Nacional “Aromas e Sabores com Figo-da-Índia” é organizado pela Coopêssego - Coop. Agríc. de Rega do Pesssegueiro em colaboração com a A.S.D.T. - Assoc. Sociocultural e Desenvolvimento de Tacões, a ADECMAR- Assoc. Desenv. e Cultural de Martim Longo, a Junta de Freguesia de Martim Longo e o Município de Alcoutim, no âmbito das Festas de Verão em Martim Longo.

Saudações Alcoutenejas
A organização




1ºConcurso Nacional
Aromas e Sabores com Figo-da-Índia

I – Organização :
A realização do 1º Concurso Nacional “Aromas e Sabores com Figo-da-Índia” é organizado pela Coopêssego - Coop. Agricola de Rega do Pesssegueiro -CRL, em colaboração com a A.S.D.T. - Assoc. Sociocultural e Desenvolvimento de Tacões, a ADECMAR, a Junta de Freguesia de Martim Longo e o Município de Alcoutim, no âmbito das Festas de Verão em Martim Longo.

II – Objectivos :
São objectivos do concurso:
1. Sensibilizar as populações para a importância estratégica dos produtos endógenos, em especial o Figo-da-Índia, o mel, a amêndoa, bolota, alfarroba e outros frutos, no contexto de desenvolvimento da Região;

2. Incentivar a inovação e o empreendedorísmo ao nível do aproveitamento daqueles produtos para a criação original de um doce, bolo ou bebida regional;

3. Eventual criação de um produto de referência para produção intensiva e respectiva comercialização;

III – Concorrentes :
1. Podem concorrer todos os cidadãos Nacionais e ou Residentes em Portugal.

2. O limite máximo de participantes neste concurso são 60 (sessenta) concorrentes ;

3. O Concurso tem 3 Modalidades :
a) DOCES ( engloba : geleias, compotas, biscoitos, bolachas, etc. ) ;
b) BOLOS ( tipo pastelaria ) ;
c) BEBIDAS ( cocktails com ou sem álcool e outras )

4. Cada concorrente, só pode apresentar um trabalho em cada modalidade a concurso.
Só são admitidos a concurso os doces, bolos ou bebidas que integrem na sua confecção o fruto Figo-da-Índia ( numa percentagem igual ou superior a 30 % ) .

5. Só são admitidos a concurso os doces, bolos ou bebidas resultantes de receitas originais;

6. É condição prévia de admissibilidade ao concurso “ Aromas e Sabores com Figo-da-Índia “, a cedência expressa dos direitos de autor à entidade Organizadora, para uma eventual produção Empresarial e consequente comercialização do doce, bolo ou bebida.
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IV – Inscrição e concurso :
1. A inscrição no concurso é gratuita.

V – Características da confecção a concurso :
1. São admitidos doces, bolos ou bebidas de qualquer tipo, desde que cumpram o estabelecido nos números 3 e 4 do capítulo III do presente regulamento.

2. Os critérios de avaliação do Júri são os seguintes :
a) Originalidade ;
b) Degustação;
c) Apresentação / Decoração.

Ou ainda :
d) Viabilidade de produção comercial ;
e) Outro que o Júri, venha a considerar relevante.

Em caso de empate, resultante da pontuação prevista nas alíneas a, b e c, do artigo 2 capítulo V, o desempate será decidido segundo o critério “ Viabilidade de produção comercial “.
Em caso de persistir o empate, reunir-se-á para o efeito, o Painel de Júris, para decidir o desempate nessa(s) modalidade(s) .

3. A Ficha de Inscrição está disponível na Coopêssego - Pessegueiro, na Junta de Freguesia de Martim Longo, ou através do Blog : http://figodaindia.blogspot.com/

4. Depois de preenchida, a Ficha de Inscrição deverá ser entregue nos locais referidos no ponto 3, deste capítulo, ou enviada por e-mail para : nunes_mario@sapo.pt , acompanhada da receita do doce, bolo ou bebida, indicando obrigatoriamente os ingredientes, quantidades e processos de confecção.
5. Os doces, bolos ou bebidas a concurso terão de ser entregues até às 12:00 horas do dia 04 / 09 / 2011, no local do Evento, salão de festas da Junta de Freguesia de Martim Longo

6. Cada concorrente entregará 2 exemplares do doce ou bolo com que concorre, destinando-se um à apreciação do júri e outro para exposição e apreciação do Público.

7. Os Cocktails, serão compostos no momento da sua degustação e apreciação pelo júri, excepto as bebidas, que devem estar engarrafadas (sem rótulo) , devendo ser apresentados igualmente 2 exemplares.

8. A não entrega do doce, bolo ou bebida no prazo previsto no nº 5 e 7, ou a não entrega de dois exemplares constituem motivo de exclusão do concorrente.

VI - Segurança Alimentar
1- Os concorrentes devem ter em atenção os produtos susceptíveis de deterioração
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( natas, sumos naturais, etc. ) aconselhando-se a preparar esses ingredientes no
momento da sua utilização .
VII- Processo de Pontuação
1. Cada elemento do Júri terá uma ficha onde constará o Nº atribuído às Receitas
que as irá avaliar e às quais dará uma pontuação, de 1 a 10 pontos, começando a sua avaliação pelas bebidas.

VIII – Constituição do júri :
1. Cada grupo de júris, será constituído por 3 elementos de relevante idoneidade.

2. O Júri procederá à apreciação e avaliação das Bebidas, doces e bolos a concurso em acto privado.

3. O júri é competente para deliberar sobre os casos omissos no presente regulamento.

IX – Resultados e Prémios
1. A divulgação pública dos resultados e a entrega de prémios realizar-se-á logo que sejam apuradas as receitas premiadas, imediatamente a seguir ao concurso, no mesmo local onde se realiza o Evento;

2. Os prémios a atribuir serão os seguintes:
a) Modalidade de DOCES :
1º Classificado – Troféu em Porcelana e 1 Voucher no valor de 200 Euros
2º Classificado – Troféu em Porcelana e 1 Voucher de 2 noites em regime APA , no Hotel Guerreiros do Rio, Alcoutim
3º Classificado – Troféu em Porcelana e 1 Voucher de 2 noites em regime APA , no Guadiana River Hotel, Alcoutim

b) Modalidade de BOLOS :
1º Classificado – Troféu em Porcelana e 1 Voucher no valor de 200 Euros
2º Classificado – Troféu em Porcelana e 1 Voucher de 2 noites em regime APA , no Hotel Guerreiros do Rio, Alcoutim
3º Classificado – Troféu em Porcelana e 1 Voucher de 2 noites em regime APA , no Guadiana River Hotel, Alcoutim

c) Modalidade de BEBIDAS :
1º Classificado – Troféu em Porcelana e 1 Vouche no valor de 200 Euros
2º Classificado – Troféu em Porcelana e 1 Voucher de 2 noites em regime APA , no Hotel Guerreiros do Rio, Alcoutim
3º Classificado – Troféu em Porcelana e 1 Voucher de 2 noites em regime APA , no Guadiana River Hotel, Alcoutim

Prémio Surpresa :
À receita que obtiver a maior Pontuação, no total das 3 provas e das 3 modalidades,
será atribuído um prémio monetário (surpresa), oferecido por Patrocinadores do Concurso.
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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Sopa de beldroegas



Mais uma planta espontânea, ainda que também a haja cultivada, usada na alimentação do alcoutenejo. Não se trata só do alcoutenejo, pois pensamos que ela será usada de norte ao sul do país e noutros países onde se dá, incluindo o Brasil e América Central.

Dá-se bem nas regiões quentes e temperadas mas necessita de água para se desenvolver.

Planta de folhas carnudas e alimentares, conhecem-se várias espécies.

Utilizada exclusivamente na feitura de saladas na nossa região de origem. Em Alcoutim, ninguém a usa para tal fim, mas sim na confecção, como verdura, na sopa ou então cozida nos jantares de grão ou de feijão, o que dá ao prato um toque especial.

De uma maneira geral, a espécie que existe em Alcoutim é a comum e de flores amarelas.

A sua utilização em sopa é feita como se faz com qualquer outra verdura que tem sempre uma base de batata, cebola, cenoura e alho.

O toque levemente ácido que lhe dá, torna-a agradável.

Não é conveniente utilizá-la quando tem semente visto ser desagradável encontrá-la pois dá-nos a sensação de ser areia.



terça-feira, 23 de agosto de 2011

Novamente Alcoutim no pódio

Nota breve
Do Gabinete de Comunicação da Câmara Municipal de Alcoutim, recebemos o seguinte e-mail, assinado por Ana Lúcia Gonçalves, e que vamos transcrever na íntegra, como faz parte da nossa maneira de estar.


Caro José Varzeano , “Alcoutim Livre”

Na sequência do vosso artigo intitulado “Alcoutim no pódio”, publicado no dia 19 de agosto de 2011, cumpre a este gabinete esclarecer: A criação de empresas municipais em Vila Real em St. António, Castro Marim e Mértola, levou a que uma grande parte dos trabalhadores municipais fosse para lá transferida. Efetivamente, de momento, não pertencem aos quadros camarários. No mesmo sentido, e na sequência da descentralização de competências do Ministério da Educação, esta já aconteceu em Alcoutim. Nos outros municípios, a que se refere no artigo, ainda não. A contratualização em causa acarretou um acréscimo substancial do número de funcionários oriundos das escolas de Martim Longo e Alcoutim. Esperamos ter complementado a compreensão das contas realizadas por V. Ex.ª. Como deverá compreender, há variadíssimos estudos que poderiam ser realizados no mesmo campo, por exemplo: nº de funcionários por área do município; número de funcionários por número de povoações do município; nº de funcionários por habitação do município (nos Censos de2011, o município de Alcoutim cresceu 18,8% em habitações, enquanto que, por exemplo, o concelho de Mértola reduziu 9,1%); número de funcionários deficientes e doentes crónicos (que o município de Alcoutim faz questão de acolher nos seus quadros) por número de funcionários; dívidas das empresas municipais por habitante; dívidas dos municípios à banca por habitante; gastos dos conselhos de administração das empresas municipais por habitante; dívidas aos fornecedores das autarquias por habitante; dívidas às empresas intermunicipais por habitante; investimento de capital por habitante; receitas do IMI e do IMT por habitante, etc. Realizando um estudo aprofundado de todos estes os parâmetros – lançamos o desafio ao Alcoutim Livre – seria interessante constatar a quem caberia o lugar no pódio. Acreditamos que um estudo destes nos traria resultados melhor fundamentados e mais fidedignos. De qualquer maneira, reconhecemos o esforço do exercício que, certamente, não teve uma orientação tendenciosa.
Atentamente, Ana Lúcia Gonçalves(Gabinete de Comunicação)



Pequena nota



Tiveram que passar mais de três anos sobre a existência deste ALCOUTIM LIVRE para aparecer o 1º e-mail não positivo sobre aquilo que aqui temos escrito, eu e os nossos colaboradores que ao longo deste tempo já colocámos cerca de 900 textos, formando mais de 3500 páginas A/5 divididas em 13 volumes.

Como já dissemos recebemos três chamadas de atenção para fotografias mal rotuladas o que muito agradecemos e corrigimos logo que nos foi possível.

No “Alcoutim no pódio” não temos absolutamente nada a corrigir até porque o estudo apresentado não é nosso como é afirmado e não é referido qualquer erro para os números constantes do respectivo texto.

Estou certo de que a pretensa chamada de atenção foi ou vai ser encaminhada para o identificado jornalista que teve o cuidado de fazer o trabalho.

A única responsabilidade que me cabe no texto é a escolha da comparação que penso ninguém ter dúvidas ser a mais consentânea, visto tratar-se de uma zona geográfica frequentemente referida, o BAIXO GUADIANA. Ou teria sido mais adequado comparar os números que o município apresenta com concelhos do Minho ou Trás-os-Montes? Talvez tivesse sido preferível compará-los com os do concelho do CORVO.

Eu procuro estar sempre a aprender e segundo informação fornecida no texto (nos Censos de2011, o município de Alcoutim cresceu 18,8% em habitações, enquanto que, por exemplo, o concelho de Mértola reduziu 9,1%) significando isto e atendendo ao que aconteceu com o número de habitantes no mesmo período as habitações estarão às moscas. É interessante verificar que a comparação, e bem, é feita com um concelho do Baixo Guadiana, tal como nós fizemos. O que teria acontecido nos outros da mesma região não é referido.

Possivelmente por qualquer lapso passou despercebido o último parágrafo do meu texto que chama a atenção para o facto de terem sido tomados em consideração determinados parâmetros. Como é óbvio, outros se podem considerar e haja quem faça esse trabalho e o dê a público.

O Alcoutim Livre não aceita naturalmente o desafio proposto até porque não possui elementos fidedignos para tal, também não “trabalha” nem nunca trabalhou por encomenda e não precisa mais do que tem para viver com decência.

É fácil orientar a estatística como nos convém e a Câmara Municipal parece interessada no assunto. Certamente que nos 178 funcionário que tem ao seu dispor encontrará quem o faça nesses termos

Quem não conhece a história das eleições onde depois de realizadas, todos os Partidos ganharam e ninguém perdeu? Os parâmentos abordados são os que interessam!

Se o trabalho que referi é de um jornalista, segundo penso a Câmara tem duas ao seu serviço e consta não sabendo se é verdade que uma está a receber o ordenado e não faz nada. Era um trabalho que certamente saberia realizar. E porque não a autora do mail. Desculpem lá, eu não sou a pessoa indicada para a escolha e não tenho nada com isso. A mim compete-me pagar os meus impostos, o que sempre tenho feito.

Os jornais regionais estarão disponíveis para publicar esse estudo: Jornal do Algarve, Jornal do Baixo Guadiana, etc., além da luxuosa e bonita revista municipal ALCOUTIM onde raramente aparece um artigo de interesse. Além disso existe a página da Câmara na net que chega a todo o Mundo e que raramente visito.

Nunca pensei que o ALCOUTIM LIVRE fosse tão procurado pelo poder político concelhio pois é o que sugere o comentário em cima do acontecimento. Ou realizam-se visitas diárias ou foi uma visita ocasional, possivelmente tratou-se desta última hipótese.

Pensei que a atenção estivesse virada para os outros blogues existentes no concelho e não são tão poucos como tudo isso e alguns, segundo dizem, com vastíssima procura.

O ALCOUTIM LIVRE não quer polémicas com ninguém e irá continuar o rumo que traçou e tem seguido, projecto a que aderiram vários colaboradores, alguns nascidos em Alcoutim e que nele se revêem.

CAROS VISITANTES / LEITORES, AGORA AS CONCLUSÕES SÃO VOSSAS.

JV

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Convívio-Festa do "monte" de Tacões

[Vista parcial da povoação. Foto JV, 2011]

Decorreu no último sábado mais um convívio-festa da povoação de Tacões, freguesia de Pereiro, concelho de Alcoutim.

O dia não esteve muito convidativo, encoberto e com leves chuvadas espaçadas o que não fez arredar nem naturais, nem forasteiros.
Anotámos a existência de uma pequena caseta que recolhia algum artesanato local e não só, tanto antigo como recente.

Não esquecer que a povoação foi, ainda em meados do século passado centro de tecelagem possuindo uma das mais hábeis tecedeiras ainda entre nós mas de avançada idade.

Entre outras peças lá encontrámos uma colcha de carapulo para bestas com o seu característico azul-anil, toalhas, as interessantes peúgas feitas de linha, o alforge que na altura constituía a mala de transporte a que a alcouteneja dedicava muito interesse e como tal procurava adornar com várias aplicações, muitas de cores vivas.

Algumas destas peças são verdadeiras relíquias mantidas com amor por filhas e netas de quem as fez ou mandou fazer e que se vão perdendo no tempo e constituindo verdadeiras peças de um museu inexistente.

Ainda hoje as mulheres mais idosas do concelho sabem classificá-las, definindo os materiais que as constituíam e onde se encontravam as mais hábeis artesãs.







O almoço-convívio teve lugar à hora habitual e juntou dezenas de tacoenses e amigos.

Era notório o número de crianças filhas de naturais ausentes, já que, segundo cremos, não vive nenhuma na povoação.

Para elas foi montado um” insuflável”, além de poderem percorrer o monte tranquilamente nas suas bicicletas.


Como é habitual nestas coisas funcionava um serviço de “bar” e a tradicional quermesse.

Entretanto disputaram-se torneios de chito e “sueca” entre todos os que se quiseram inscrever para tal.

Aqui fica o nosso reparo pelo abandono do tão característico jogo dos “Três Setes” que os napolitanos nos trouxeram do seu Reino, quando subiram o Guadiana e se fixaram por estas paragens.

[Vencedores do Torneio de Sueca]Com o apoio de várias Entidades, está a ser banido desta região.

Os vencedores do “Torneio da Sueca” receberam uma garrafa de uísque de 21 anos.

Por volta das 19 horas foi celebrada a missa campal seguida de uma procissão.

Os festejos terminaram com um baile abrilhantado por um acordeonista do concelho.



sábado, 20 de agosto de 2011

A lenda da Herdade de Cachopo e a Herdade da Alcaria Alta da Serra





Escreve


Gonçalo Roiz Vilão


[Alcaria Alta da Serra]

“Ora conta-se sobre a herdade de Cachopo (actualmente é uma aldeia, uma freguesia do concelho de Tavira), que existia lá uma grande porção de terra que não tinha (aparentemente não tinha) dono. E que durante a guerra liberal entre D. Miguel e D. Pedro, essa terra foi dividida pela população, e consta que foi D. Miguel após ter pernoitado nessa aldeia que cavalgou no seu cavalo e onde cavalgou, marcou os terrenos que eram para ser divididos pelas pessoas, ou seja, constitui assim a chamada herdade de Cachopo, que ainda hoje existe e que tem associada esta lenda. Essa herdade de Cachopo hoje em dia está toda dividida, foi ao longo de cento e vinte, cento e trinta anos dividida após esta data, após a revolução liberal mais ou menos por volta de 1834 e foi ao longo depois de cento e vinte, cento e trinta anos dividida pelas pessoas, conforme o que havia sido estabelecido pelo rei.”

Esta lenda encontra-se registada n AA. VV., Arquivo do CEAO (Recolhas Inéditas), Faro, recolhida no ano de 2006 sendo a sua colectora Ana Raquel Silva junto do informante Marco António Barão , de Estoi no Concelho de Faro, é contada de forma similar também na Zona de Cachopo por diversos habitantes. Assim proponho uma rápida viagem aos factos históricos que poderão explicar a sua origem:
As Ordenanças foram regulamentadas no ano de 1570 e persistiram até meados do século XIX, mais concretamente até ao ano de 1835, em que foram extintas. A freguesia de Cachopo até esta época era parte integrante do concelho de Alcoutim sendo uma das freguesias do mesmo. A capitania -mor do concelho tinha a sua sede na Vila e, durante estes séculos, partilharam o poder diversas famílias por todo o termo de Alcoutim na qualidade de capitães, alferes e sargentos de ordenanças: os Vilão, Os Henriques, os Martins Mangas, Os Aragão, os Brito Magro, os Rodrigues, Rodrigues Cavaco, os Teixeira e os Rodrigues Teixeira, os Mestre Guerreiro, os Gomes Delgado, os Afonso Mestre, os Costa Afonso, os Fernandes…



As ligações e os casamentos entre estas famílias eram a forma de consolidar o poder, o prestígio, o dinheiro e sobretudo as terras.

Assim no início do século XVIII, o capitão Baltazar Sueyro Vilão, casado com Catarina Mestra e residentes nos Vicentes do Pereiro, iniciaram com o casamento de sua filha, Catarina Mestra Vilão, com o capitão João Rodrigues Cavaco da Alcaria Alta da Serra, uma linha de uniões entre os Palma Vilão e os Rodrigues que perdurou até aos anos sessenta do século XX. No período quente das guerras entre liberais e absolutistas, Alcaria Alta da Serra veio a ser ocupada por grupos de guerrilhas, tomando a família Rodrigues como refém. Hoje, neste local, pode-se ainda visitar o que os actuais donos chamam “do Fortim dos Guerrilhas”. Catarina Bárbara Rodrigues, minha quarta avó, teria cerca de vinte anos quando viveu estes acontecimentos. Veio a casar com Manuel da Palma Vilão, da freguesia de Giões, persistindo até hoje muitas histórias orais destes acontecimentos na família.



Voltemos à lenda de Cachopo e ao seu cruzamento com a realidade: Os Rodrigues Cavaco, que no século XIX deixaram de utilizar o apelido Cavaco, possuíam uma das maiores herdades do Concelho de Alcoutim com cerca de três mil hectares, reduzindo-se hoje a mil hectares devido a continuas partilhas pelos herdeiros. A propriedade estendia-se para oeste, de Cachopo à Feiteira, para este, até às Casas Baixas e Vale D`Odre e para Sul confinava com a Ribeira de Odeleite. A sede da mesma era o monte da Alcaria Alta onde só residiu a família Rodrigues até à morte de D. Rita Rodrigues, que faleceu sem filhos. No início do século passado, o seu marido Rafael voltou a casar e passou a propriedade para seus descendentes.

Comprova-se com a existência de uma carta de emprazamento sobre a Herdade da Alcaria Alta passada a Baltazar Rodrigues Cavaco pela Rainha D. Maria , datada de 1780, referindo-se a mesma carta a uma outra datada de 1700 a favor de do Capitão João Rodrigues Cavaco, seu avô , também do monte da Alcaria Alta da Freguesia de Cachopo.

A existência da Herdade da Alcaria Alta, como pertencente à casa da Infantado, conforme se prova no documento da qual se anexa cópia do original, bem como as diferentes histórias/lendas sobre os guerrilhas que se contam sobre este local e a referida família,, tal como a justificação da posse de tão grande quantidade de terras da extinta Casa do Infantado, justificam e corroboram a lenda acima descrita.



sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Alcoutim no pódio!

É verdade caro visitante leitor, pelo menos é o que informa o estudo publicado no Jornal de Negócios e que nos fizeram chegar à mão.

Tomando em consideração o número de funcionários da Câmara e o de habitantes no respectivo concelho (dados provisórios do Censo de 2011), o concelho de Alcoutim ocupa o 3º lugar a nível nacional!

Atendendo a que o número de funcionários é de 178 e o número de habitantes 2895 (2011) a média por 1000 habitantes é de 61,5.

Tivemos curiosidade em conhecer os números das zonas adjacentes, mais propriamente do Baixo-Guadiana onde o concelho está inserido.

Obtivemos os seguintes números:

MÉRTOLA – 287, – 7289 = 39,4

ALCOUTIM – 178, – 2895 = 61,5

CASTRO MARIM – 153, - 6719 = 22,8

V.R.STO ANTÓNIO – 495, - 19 473 = 25,4


Como se verifica, a Câmara Municipal de Alcoutim ocupa o 1º lugar bem destacado.

Foram estes os resultados a que o estudo chegou tendo para o efeito tomado em consideração determinados parâmetros.


quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Casas, um "monte" altaneiro!

[Monte das Casas. Foto de JV, 1988]

Ao atravessarmos a ponte sobre a Ribeira de Odedeite, conhecida por ponte dos Bentos pois é esta a povoação mais próxima e oriundos da aldeia de Vaqueiros, temos duas opções: ou tomamos a direita a caminho do Fernandilho ou seguimos a esquerda que nos indica Casas, Cabaços e Alcarias. É esta que vamos seguir.

A estrada vai subindo a fim de vencer os cerros ao fundo dos quais continua a correr a ribeira de Odeleite. Aparecem de um lado e do outro caminhos rurais e uma ou outra amendoeira.

Depois da subida pode-se avistar nitidamente o monte dos Bentos que ficou para trás.

Aparece-nos um cruzamento que nos indica as Alcarias para a direita e para a esquerda a Preguiça. É perto deste cruzamento que se situa numa pequena elevação o monte que procuramos, o Monte das Casas ou simplesmente Casas. Situa-se a cerca de 4 km dos Bentos. Ficam-lhe próximo o Cerro (1,1 km), Alcaria (1,2 km) e um pouco mais afastadas as Alcarias (2,6 km).

O acesso faz-se por um desvio que quando o percorremos era de terra batida e hoje está asfaltado.

Apesar de ser um “monte” pequeno demonstrava, quando o visitámos (1989) alguma vida agrícola já que nas redondezas existem terrenos limpos.

Não aparece referido com este nome nas Memórias Paroquiais, 1758 mas pensamos que estaria em formação pois existia com uma situação semelhante uma Casa (Nova) que poderá indicar o núcleo a partir do qual de formou.

O topónimo não oferece grandes dificuldades. Trata-se do plural do substantivo feminino casa e que é vulgar em Portugal e na Galiza.

Simples encontrei referidos dez, incluindo este e umas dezenas composto ou seus derivados.

A chegada da energia eléctrica teve lugar em 4 de Dezembro de 1985 (1) e constituiu o grande melhoramento já que a partir dela tudo se torna mais simples.

Em 1993 os arruamentos são pavimentados. (2)

A água depois de ser distribuída por fontanários é levada ao domicílio em 2003. (3)

O poço público foi reparado em 2004. (4)

O painel de quatro caixas de correio foi instalado em 1996 (5) pelo que na altura deviam ser quatro o número de fogos habitados.

Segundo informação recebida tem actualmente (2011) 3 habitantes


NOTAS
(1) – Jornal do Algarve de 5 de Dezembro de 1985
(2) – Boletim Municipal nº 12, de Abril de 1993
(3) – Alcoutim, Revista Municipal nº 10 de Dezembro de 2003, p 6
(4) – Alcoutim, Revista Municipal, nº 11 de Janeiro de 2005, p 14
(5) – Alcoutim, Revista Municipal nº 4 de Dezembro de 1996, p 12

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Crónicas e Ficções Soltas - Alcoutim - Recordações IX






Escreve


Daniel Teixeira






INÉRCIA CONGÉNITA

Conforme tenho referido, penso que desde sempre, o Monte de Alcaria Alta e o pessoal que lá vivia (e vive ainda algum), de uma forma bem geral era possuidor de uma inércia confrangedora.

Em certo sentido acho que as pessoas trabalhavam porque era hábito trabalhar, em primeiro lugar, sabiam lamentar-se ou alegrar-se pela pobreza ou pela riqueza das colheitas mas tudo ficava no desgosto ou na alegria quase entre portas e tudo demorava muito pouco tempo. Sempre pensei isso em miúdo, fui pensando e as razões para pensar isso foram-se mantendo durante muitos anos.

Mais tarde, através da minha própria evolução pessoal, da experiência de vida que fui adquirindo, dos conhecimentos de ordem intelectual que fui coleccionando, acabei por verificar que talvez estivéssemos perante um caso de esgotamento, de uma convicção de que tudo tinha sido tentado já e que a minha ignorância do passado e das tentativas feitas antes de eu as saber, porque não tinha ainda nascido ou porque não tinha ainda idade para saber, era uma hipótese plausível.

Calhou a ler, por acaso no Arquivo Distrital aqui de Faro, um livro e depois mais do Professor Gomes Guerreiro, primeiro Reitor da Universidade do Algarve, e conhecedor de mérito da realidade algarvia. Em 1945 já ele fazia medições pluviométrias e poucos anos depois debruçava-se sobre a erosão na serra de Tavira. O Rio Gilão é uma desgraça em termos de assoreamento, como todos sabem: pois ele em 1954 propunha já uma solução minimizadora do impacto das chuvas: que os regos da lavoura se fizessem na forma de barreira contra o arrastamento. Já não penso agora que a inércia seja exclusiva de Alcaria Alta e do Nordeste Algarvio pelo que em face do sabido em Tavira duvido também que muita gente tenha seguido o conselho.•

Na verdade era para mim então impossível conceber que se trabalhasse sempre da mesma forma, ou com pequeníssimas alterações, que não se lutasse para modificar alguma coisa, enfim...que o correr dos dias fosse assim...trabalhar de sol a sol em troca sempre do mesmo deflacionado ganho.

Um dia ou dois, talvez com os meus dez anos, procurei ajudar a seu pedido o meu avô a aprofundar um poço rasteiro: tirámos pedras, algumas lajes bem pesadas, todas à mão é claro e sem ajuda de ferramentas. Nem um martelo daqueles grandes e um escopro, que bem poderiam servir para reduzir o tamanho das lajes o meu avô levou...era assim mesmo e ali ficámos, de manhã à noite, até sem uma pá, usando os baldes de zinco para arrastar pedras e água e fazer monte à entrada do poço, deixar escorrer o minguado liquido de regresso e depois afastar um pouco, não muito, as mesmas pedras.

[Poço típico da região de Alcoutim. Foto JV]

As mais pequenas, e situando-se o poço no final de uma encosta e encostado a um barranco, logo que chovesse mais acabariam por regressar ao sítio donde as tínhamos tirado, isso parecia-me evidente, mas...•

E não era por falta de conhecimento dos instrumentos que assim acontecia: o meu avô tinha trabalhado na construção de troços da via férrea no Algarve e na estrada de Castro Marim a Balurcos, quando era ainda jovem. Tinha uma vivência bem recheada, com uma episódica vida de contrabandista, era negociante de panelas a troco, enfim...não era propriamente alguém que não devesse saber que as coisas não são feitas assim mas fazia-as.

Logo abaixo, a cerca de 50 metros, uma irmã da minha avó tinha o seu quinhão de terra também, e antes dela havia uma faixa curta, também de alto a baixo, para aí com 20 / 30 metros de largura por 100/150 de altura / comprimento, esta sem qualquer poço, que era de uma outra irmã da minha avó que vivia em Santa Justa. O poço da Ti Zabelinha, quase paredes meias com o Ribeirão, era farto de água: o marido dela, GNR ainda na altura, tinha conseguido os meios para o aprofundar, talvez para aí uns 20 metros.

Tínhamos autorização para nos servirmos da água à vontade, mesmo que o meu Tio Afonso fosse um bocado «torcido» como se dizia por lá: nem um terreno, o da minha Tia Marianita nem o da minha Tia Zabelinha eram cultivados: havia umas parreiras que se alimentavam sozinhas do precioso líquido e o resto lá estava: era muito longe, de facto. Só não era longe para nós porque fazia mesmo falta para o remedeio da casa.

E ali estivemos nós, a escavar à mão um poço, com água em relativa abundância e sem utilização a 50 metros. Ali tínhamos nós de trabalhar regando as casolas parcimoniosamente e uma vez ou duas, por acaso, lá íamos buscar dois baldes de água cada um ao outro poço. Como «pagamento» deitávamos meia dúzia de baldes de água numa laranjeira que nem no ano 5 mil daria fruta de jeito.

Não há muito tempo um primo meu, herdeiro dessa faixa de terra que foi da minha Tia Zabelinha telefonou-me: queria comprar a «minha» parte para acrescentar na métrica da reserva de caça. Com a minha outra prima herdeira da tal faixa situada a seguir à nossa também já tinha falado: isso dava-lhe direito a não sei quantas cabeças de caça.

Dissemos-lhe ambos que sim, que até de borla poderia ficar com elas (isso não dissemos mesmo mas pensámos). Já passou um ano quase e nunca mais obtivemos resposta. A inércia por esgotamento foi substituída pela inércia por comodidade.

E tanta perdiz que lá havia, tanta perdiz que se levantava nas margens daquele ribeirão...tanta lebre e tanto coelho que por lá passavam em corrida distraídos quase à nossa frente.




terça-feira, 16 de agosto de 2011

PENICHE SURF NEWS



Desde 27 de Julho último que se encontra à disposição dos cibernautas o espaço que tem por título Peniche Surf News em que o responsável, o nosso colaborador José Miguel Nunes aborda a temática de alguns desportos radicais, nomeadamente do Surf e nos seus mais variados aspectos: história, estórias, opiniões, informações sobre o estado das ondas, notícias, resultados de provas, etc.

Refere também alguns eventos de carácter geral a ter lugar no concelho de Peniche.

Ainda que já esteja referido no espaço deste blogue que a isso se destina, não queremos deixar de o referir num “post” até porque segundo a informação que nos é destinada os artigos aqui publicados por este colaborador e sobre esta temática são frequentemente visitados por habituais visitantes / leitores do ALCOUTIM LIVRE, e outros, segundo pensamos pela faixa etária mais jovem, como é natural.Segundo informação procurada, sabemos que durante o período de 18 de Julho a 16 de Agosto (1 mês) o texto Aldeia do Surf, de 16.07.2011) foi o mais procurado (27 vezes).

Esperamos e desejamos que seja um espaço aberto, livre, necessariamente friccionante
quanto baste para defesa de pontos de vista, responsável, mas nunca SERVIL.

Esperamos igualmente que venha a constituir mais uma achega em prol e defesa do SURF PENICHEIRO.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Festa em Honra de Nª Sª da Conceição, na Corte Tabelião

[Aspecto da povoação. Foto JV, 2011]

Decorreu ontem na pequena povoação de Corte Tabelião, freguesia e concelho de Alcoutim mais uma “Festa em Honra de Nª Sª da Conceição” que tem tido realização de há uns anos a esta parte.

Tem como ponto mais importante a realização de um almoço comunitário que junta os filhos da terra que se espalham pelo país.

Como não podia deixar de ser realizam-se manifestações religiosas. Tem lugar uma procissão e uma missa campal.

As actividades lúdicas/populares foram as seguintes:

Exibiu-se a Tuna Juvenil da Junta de Freguesia de Vila Real de Santo António tendo actuado seguidamente o Rancho Folclórico de Santa Catarina.

[Tuna Juvenil de Vila Real de Santo António. Foto JV]

[Rancho Folclórico de Santa Catarina. Foto JV]

Há noite decorreu, como é habitual, um animado baile abrilhantado por acordeonista da região e onde se notavam dançarinos de uma faixa etária relativamente elevada.

Estas são manifestações habituais e normais em eventos desta natureza mas para nós é importante referir outras que não conhecemos em qualquer outra festa concelhia, um “Museu” de Artefactos Antigos em lugar exíguo e rotulados como foi possível e que de ano para ano tem melhorado nalguns aspectos.

[Exposição de Ervas Aromáticas e seus derivados. Foto JV]

Havia igualmente uma mostra de Ervas Aromáticas e alguns dos seus derivados o que considerámos de muito interesse e compreendendo os condicionalismos impostos por vários factores.

[Os resistentes. Foto JV]

Para terminar diremos que a última criança a nascer na povoação, aconteceu em 1964 e encontrava-se presente com os seus 47 anos, acompanhada de outros familiares, incluindo a mãe.


domingo, 14 de agosto de 2011

A palavra sexta à noite



No passado dia 12 fomos assistir a mais uma “a palavra sexta à noite”do pouco que conhecemos a nível cultural no concelho de Alcoutim e da responsabilidade de Cristina Ahrens e Carlos Barão, esforçados funcionários da designada “Casa dos Condes” na vila de Alcoutim.

O pequeno evento cultural obedecia ao tema O HAREM DO SULTÃO ASSÉM e iniciou-se por volta das 21,45 h.

O pátio estava bem decorado com motivos apropriados e onde se sentia algum misticismo próprio do que pretendia invocar.

[Um aspecto da assistência. Foto JV]

O pátio estava completamente cheio representando várias camadas etárias.

Não me passou despercebido o painel (cópia fotográfica) dos azulejos que “descobri” na Capela de Nª Sª da Conceição, antes de 1974 e que estavam cobertos por uma camada de cal e que mais tarde foram recuperados incluindo o seu restauro.

Com música de fundo representativa do Mundo Árabe o “Sultão” apresentou-se com o seu séquito que tentava reproduzir em trajes e movimentos aquele “Mundo”.

Foi feita a presentação individual incluindo as suas origens onde não faltou a de “Alcatiã”.

[Francisco Brás. Foto JV]

Seguiu-se um recital de poesia com a indicação dos autores dos poemas e onde não faltou a nota biográfica para a situação no tempo e no espaço.

Notar que foram ditos em português e mesmo em árabe cuja pronúncia me pareceu própria daquela língua.

[Lurdes. Foto JV]

Os poemas ditos representavam a época clássica antiga e depois para estabelecer a diferença a época moderna com conceitos e temáticas diferentes.

Mais uma vez os actores amadores Lurdes e Armando, pontificaram.

["Arabista" Armando. Foto JV]

Houve a possibilidade ainda de provar gastronomia própria daquela área, incluindo um chá de hortelã.

A noite cultural terminou com a troca de impressões entre os presentes

O trabalho de encenação e apresentação esteve a cargo do TEA, Teatro Experimental de Alcoutim, da responsabilidade de Francisco Brás.

Aqui deixamos o nosso aplauso aos organizadores com o desejo de que continuem este trabalho tão meritório.



sábado, 13 de agosto de 2011

As "boleiras" de Alcoutim

Pequena nota
Apresentamos hoje aos nossos visitantes / leitores um pequeno texto que publicámos num periódico regional onde então colaborávamos. Foi escrito há 34 anos. Não são dois dias!
O texto vai como foi publicado, a ilustração é que é de agora. Naqueles tempos publicar uma foto era complicado, o que hoje está extremamente facilitado.
Alguns dos que o irão ler ainda não eram nascidos e outros não tiveram conhecimento dele.

JV

(PUBLICADO NO JORNAL DO ALGARVE DE 25 DE FEVEREIRO DE 1977)

Entre as actividades de Alcoutim, uma houve, caracteristicamente feminina (e não só) que, pelos menos nos fins do século passado e começos do actual, ocupou lugar de destaque e que, praticamente se limitava à vila. Em contrapartida, outras eram próprias de determinada freguesia ou zona e na vila não se faziam sentir.

Referimo-nos ao fabrico, puramente artesanal de determinado tipo de bolos, que deu origem às típicas boleiras ou doceiras de Alcoutim, ainda hoje lembradas pelos frequentadores mais idosos dos mercados, feiras, festas e romarias das redondezas.

Enquanto as mulheres dos “montes” se desdobravam principalmente pela actividade caseira e pelo precioso e indispensável auxílio ao marido, nos trabalhos agrícolas, a alcouteneja, ainda que também o fizesse, dispersava-se, encontrando na vila outras fontes de trabalho que mais a ocupavam, isto devido a diversos factores socio-económicos.

Como e quando teria aparecido esta actividade na vilazinha do Algarve serrano, antiga praça forte, porto outrora importante no Guadiana? Assunto à margem das nossas modestas possibilidades, pois consideramo-lo próprio de especialistas, obriga-nos, contudo, a dizer algo que se pode relacionar com ele.

Há cerca de dez anos, um alcoutinense amigo, radicado em Faro, numa conversa “higiénica” informou-nos que outro filho desta vila, já venerando ancião, em passeios por bibliotecas, arquivos e alfarrabistas, lera algures o desterro de uma doceira da corte para aquela vila, cujo apelido ainda se mantinha por lá, na altura da consulta.

Curiosamente, a informação joga com dados, segundo os quais a vila teve o privilégio de ser couto para trinta criminosos, por concessão de D. Afonso V e de quarenta no cível, por D. Dinis, certamente quando lhe concedeu foral.

A confirmar o degredo, teria a especialista do ramo desenvolvido aqui a sua actividade, dando origem às conhecidas boleiras de Alcoutim?

De carácter tradicional, nada encontrámos, a não ser aquilo que nos indica uma certa antiguidade: veio de geração em geração, de mães para filhas.

AS TÉCNICAS DO FABRICO

As espécies confeccionadas, prendem-se aos produtos de origem local: farinha, amêndoa, mel, ovos e azeite. Com excepção do açúcar, tudo aqui existia, podemos dizer que com abundância.

Entre as especialidades, o nógado ocupou lugar de destaque. Massa dura, feita com amêndoas, misturadas com mel, ainda constitui apreciada doçaria, que poderia ser cartão de visita da vila, tão espoliada. Ainda aparece à venda mas, segundo nos informam sem as características que o tornaram conhecido e apreciado. Do conjunto, era o mais caro e vendia-se aos maços.

Os suspiros (claras e açúcar), e o pão-de-ló (gemas, farinha e açúcar) eram feitos sempre em conjunto, pois havia necessidade de aproveitar a totalidade dos ovos.

Os bolos de mel (farinha, mel e azeite) e os de amêndoa, conhecidos por bolos de raiva (amêndoa, ovos e açúcar), eram outras das espécies confeccionadas.

Completando o conjunto, faziam “pupias” ou “rosquilhas” e cavacas, bolos secos de farinha e açúcar.

Para os fabricos, juntavam-se as boleiras duas a duas. Funcionando uma como ajudante, só assim conseguiam dar conta do serviço. Uma vez acabado este, invertiam as posições.

Os variadíssimos fornos de pão, espalhados pela vila, serviam também para cozer bolos. Poucos restam, pois se não se fabrica pão, muito menos se coem bolos.

A actividade foi intensa e numa vila tão pequena existiam dezenas de boleiras, umas fazendo dela, praticamente o seu meio de vida e outras praticando-a com carácter acessório.

COMO FUNCIONAVA O NEGÓCIO

Uma tosca mesa de características regionais (baixa, pés delgados, tampo rectangular e pequeno), forrada a papel brando, servia de banca de venda, na qual, além das variedades já apontadas, colocavam a garrafa de aguardente e o licor de salsaparrilha, vendidos a copo.

Ao lado do “armazém”, estava a caixa, simples e interiormente forrada de papel branco, com os bolos arrumados por espécies.

O negócio, que em relação a outras actividades era mais rendoso, parece que se circunscrevia aos mercados mensais, no quarto domingo de cada mês, então muito concorridos à Feira Anual de três dias, à festa da Srª da Conceição, agora sem significado no que respeita a movimento de massas e aos bailes e outros folguedos da vila, então frequentes.

Passou depois a estender-se pelo concelho, aos limítrofes, como Mértola, Castro Marim e Vila Real de Sto. António.

Assim, as boleiras não faltavam ao são Marcos, no Pereiro, a 25 de Abril, S. Pedro em Odeleite a 29 de Junho, Srª da Assunção em Giões, a 4 de Agosto, Srª dos Mártires em Castro Marim, a 15 de Agosto, Feira do Azinhal a 20 de Agosto, Festas de Monte Gordo e da Vila a 14 de Setembro, São Mateus em Mértola a 20 de Setembro e terminavam com a Feira da Praia, de 10 a 13 de Outubro, em Vila Real de Sto. António.
Além destes lugares de mercado, aproveitavam os “pagos” da Mina de São Domingos que se realizavam todos os dias 4 de cada mês. Eram normalmente mercados rendosos e havia boleiras que nunca os falhavam.
Quando o negócio corria mal e não vendiam tudo, iam pelas portas oferecendo a doçaria, por vezes mais barata. Com este processo salvavam muitas vezes o dia.
Dizem-nos algumas velhas boleiras que nas feiras e mercados que percorriam, não encontravam outras senão as de Alcoutim.

Típica actividade local, encontra-se praticamente extinta. Poucas mulheres sabem fazer o nógado, e, se o fazem, não conseguem dar-lhe aquelas características que o tornaram conhecido.

[Ti Ana Brandoa] A Srª Ana Bárbara Casegas, mais conhecida por Ti Ana Brandoa, apesar de ter passado há muito as oito décadas, teima em confeccionar o nógado, em que era exímia. Ainda na última festa da vila a vimos, sentada à sua banca.

Parece-nos que existe determinado “segredo” no fabrico desta especialidade. Se assim for, iremos perdê-lo? Deixará Alcoutim de poder contar com o seu típico nógado? Desejamos que isso não aconteça.

Não haverá quem esteja interessado na semi-industrialização nógado? Porque não?
Não encontramos por esse país fora especialidades regionais, algumas de menos valor, em tal situação?