terça-feira, 2 de agosto de 2011

Demografia na freguesia de Giões em 1865

[Portal da Igreja Matriz. Foto JV, 1974]
Nesta freguesia, tal como nas outras que já analisámos em igual período, os nascimentos são superiores aos óbitos, neste caso com 10 de diferença.

O número de mortalidade infantil é muito elevado e tomando em consideração os ocorridos até aos 7 anos, verificaram-se 13 o que corresponde à elevada percentagem de 48,71%.

Enquanto nasceram16 pessoas do sexo masculino, foram 11 as do feminino.

A média de idade na morte cifrou-se à roda dos 50 anos, contudo, as mulheres morriam mais tarde, em média aos 55 anos enquanto os homens alcançavam os 44.

Nestes números não estão incluídos os falecidos até aos 7 anos.

Os números apresentados dão uma grande supremacia a Alcaria Alta a nível de montes e reparar que na Minhova, monte há muito desaparecido, desconheço se ainda existe algum vestígio.

O nascimento verificado tem lugar em 9 de Outubro, uma criança do sexo masculino a quem foi posto o nome de Joaquim e o primeiro óbito dá-se precisamente nesse dia na pessoa de sua mãe que tudo indica teria morrido de parto o que era muito vulgar na época. Tinha 36 anos e deixou mais dois filhos. O Joaquim acaba por não resistir à falta da mãe e falece 26 dias depois.

O outro óbito verificado no monte ocorreu em Agosto na pessoa de um homem com 44 anos, casado, lavrador e que deixou 7 filhos.

Possivelmente naquela altura a Minhova teria mais população do que a grande maioria dos montes da freguesia na actualidade.

[Portão do cemitério da freguesia]A pessoa mais idosa que morreu foi uma viúva de 80 anos e que vivia no monte dos Farelos.
É importante lançarmos o nosso olhar para as profissões que encontrámos referidas, o que nem sempre aconteceu em relação aos homens e nunca em relação às mulheres.

Em contrapartida, por exemplo, na freguesia de Vaqueiros aparecem no mesmo período a indicação de tecedeiras e outras como vivendo da sua fazenda.

As profissões que mais aparecem são naturalmente as ligadas è terra sendo a de maior número a de lavradores (20) seguida de jornaleiros com (9). Aqui, ainda que diferenciada, poder-se-á juntar a de trabalhador (4).

Aparecem depois os maiorais com (6), actividade ligada ao gado e depois os almocreves com (5), actividade que foi muito característica desta freguesia e da de Martim Longo. Estão representadas igualmente as de albardeiros, moleiros, alfaiates, carvoeiros, ferreiros e pedreiros que constituíam na altura actividades básicas.

As diferenças por vezes encontradas têm a ver com o lavrar do termo que não é homogéneo em todas as freguesias, principalmente a nível de rigor.

O “lavrador” usado em todo o país tem significado diferente. Ser lavrador no Minho, no Alentejo ou na Serra do Algarve não significa a mesma coisa.

Aqui o lavrador era o que trabalhava a sua terra sem ter necessidade de trabalhar a terra dos outros, isto é, de andar a trabalhar à jorna.

Por aqui em lugar de pastor, diz-se maioral (vulgo moiral) das ovelhas, das cabras ou das vacas.

Para terminar, juntamos um quadro representativo do movimento operado.