sábado, 30 de agosto de 2008

A Gândara Antiga


A GÂNDARA ANTIGA, Edição do Centro de Estudos do Mar – Cantanhede – Mira – Vagos, 2000, é um valioso trabalho de João Reigota, mirense pelo nascimento e licenciado em História pela Universidade de Coimbra.

As funções políticas para que tem sido eleito, não evitaram que se dedica-se ao trabalho para que se formou. A terra gandaresa está aqui bem definida nos seus múltiplos aspectos.

Este trabalho foi-me oferecido pelo meu estimado amigo das Cortes Pereiras, Senhor Arnaldo Sequeira.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

GRUPO DESPORTIVO DE ALCOUTIM

ESCORÇO HISTÓRICO

O Grupo Desportivo de Alcoutim engloba outras associações recreativas que depois de algumas transformações acabaram por se fundir nesta como tentaremos explicar em face do arquivo que nos foi posto à disposição pelo presidente da direcção de então.

O G.D.A., como passaremos a designar abreviadamente, foi fundado por jovens alcoutenejos no dia 4 de Julho de 1948 e à frente dos quais se destaca Fernando José Lopes Dias, que veio a ser naturalmente o seu primeiro presidente da Direcção, funções que desempenhou até 1953 e mais tarde em 1958.

Do grupo de jovens faziam parte, entre outros, Manuel Alfredo Afonso, António da Assunção Valério e José Francisco Rita que completavam o elenco directivo.

Havia na altura a Sociedade Recreativa Alcoutinense (a sociedade dos homens ou senhores) a quem o GDA solicita a concessão do material desportivo. (1) Deduzo assim que esta associação já teria praticado desporto, mais concretamente o futebol.

O primeiro jogo “oficial” disputado em Alcoutim teve lugar no dia 14 de Setembro de 1948 (dia da feira, como é indicado no documento) e teve como adversário o Grupo Desportivo “O Celeiro”, de Vila Real de Santo António, resultado que ignoramos. Aos visitantes foram dadas duas alternativas de transporte, ou no “gasolina” ou em veleiro fretado.

Em 1949 (2) demonstra-se junto do Sport Lisboa e Benfica que o grupo tinha grande regozijo em ser sua filial já que a maior parte dos desportistas da vila se inclina para aquele clube.

Em entrevista concedida a Rui Dias, do Algarve Região, Fernando Dias e Carlos Brito, dois dos fundadores, além do futebol, referem a prática de atletismo, natação e andebol de sete com duas equipas para se poderem defrontar.

Outra actividade que conhecemos no grupo, é o excursionismo, designado já por turístico e em 1949 organiza-se uma excursão de dois dias. Partindo de Alcoutim com passagem por Balurcos, Monte Gordo (onde se tomou banho), Tavira, S. Brás de Alportel e Loulé, onde se pernoitou. No dia seguinte, Boliqueime, Praia da Rocha (onde se tomou banho) e Caldas de Monchique e regresso a Alcoutim.

Segundo aqueles dois entrevistados, realizavam-se igualmente fluviais e promoviam-se palestras.

Os jovens continuam activos e solicitam à Câmara que conceda a locação, se tal for administrativamente compatível (…) da loja do edifício da mesma e que se encontra (…) praticamente disponível (…).

Além dos elementos já referidos, faziam parte do grupo, Rui Firmino Simão, Rogério Lopes da Trindade, Francisco Madeira Neto e António Xavier Delgado.

Quando se realizava um jogo de futebol em Alcoutim, havia sempre um baile em honra da equipa visitante. Entre outros, temos conhecimento da seguinta dos seguintes grupos populares:

Atlético Clube de Odeleite – 1950/07/05
Clube de Futebol Pomarense – 1950.07.04 (Festejos da Fundação)
Grupo Desportivo da Casa do Povo de Santana de Cambas – 1950/12/25
Sporting Clube de Moreanes – 1951/09/03
Grupo Desportivo do Lazareto, Vila Real Sto. António – 1951.03.25
Futebol Clube Porto Vilarealense, Vila Real Sto. António – 1953/09/13
Clube Desportivo de Almodôvar – 1954/06/09

Em contra partida tem-se conhecimento de uma visita ao Clube de Futebol de Martinlongo em 1951/09/03

Em 13 e 14 de Setembro de 1950 o grupo realiza uma pequena festa com quermesse, destinando-se os lucros à Secção de Beneficiência, então criada, para posterior distribuição pelas pessoas mais necessitadas. Da comissão organizadora, constavam:- Rogério Lopes da Trindade e Lima, João Lopes Dias, Fernando José Lopes Dias, Rui Simão, José Francisco Rita, Carlos Alfredo Brito e as meninas Maria Jukieta Baptista, Maria de Lurdes Brito, Maria Silvéria Rita, Maria Clara Simão e Maria da Conceição Rosa, entre outros.

No ano seguinte e nos mesmos dias, novamente se realiza a festa anual à qual dão a sua adesão mais os seguintes jovens: Mário Parreira Baptista, Gaspar Martins dos Santos, João Francisco Mestre e José Cavaco Peres.

Estes festejos transformaram-se nas Festas Anuais da Vila que ainda hoje se realizam, com algumas mutações na sua organização depois do 25 de Abril, quando antes eram realizadas pelo Povo e para o Povo.

Em 1951 o GDA conta com mais de cinquenta sócios. Reclama nesta altura (3) a direcção, junto do Presidente da Câmara, denunciando a instalação de uma eira dentro do único parque desportivo!

No ano de 1953 é criada uma biblioteca (4) pelo que se paga uma quota suplementar.

O primeiro equipamento do grupo era todo preto, isto por influência do seu presidente, Fernando Dias, na altura em Coimbra e grande adepto da Associação Académica.

Depois de um período de letargia do Grupo Desportivo de Alcoutim e da Sociedade Recreativa local, chegou-se à conclusão, em 1960, que as mesmas se deviam fundir o que veio dar origem ao Clube 1º de Dezembro, criado precisamente no 1º de Dezembro daquele ano. A proposta de Estatutos foi apresentada por Artur de Moura que na altura presidia à Câmara Municipal.

A fusão não deu os resultados desejados pois em 1968/69 o clube estava inactivo.

Em Assembleia Geral de 6 de Fevereiro de 1990 por proposta do Presidente da Direcção, Alberto Alves Ferreirinho, o Clube 1º de Dezembro passa a designar-se Grupo Desportivo de Alcoutim, nome que assim foi recuperado. A proposta, e segundo informação prestada pelo proponente, foi feita no sentido da designação indicar claramente o nome da vila pois o que tinha não o fazia e o grupo, depois da sua legalização, só agora efectuada por acção daquele dirigente, iria filiar-se na Associação de Futebol do Algarve e disputar provas oficiais. As cores representativas do clube passaram a ser o verde e o branco, cores do concelho.

O GDA tem por fim a promoção cultural, desportiva e recreativa dos seus associados, como reza o Artº 1º dos Estatutos.

De 1990 a 1994 o clube disputou o Campeonato Distrital de Futebol (sénior) da 2ª Divisão.

O primeiro jogo oficial realizou-se no campo municipal de Castro Marim em Dezembro de 1990 contra os Jograis de Estoi, tendo o Desportivo perdido por dois a um. Alcoutim alinhou com: Jorge Serina, João Dias (cap.) (5) Toni, Luís Canelas, Vitor, Carlos Ludovico, Luís, Alfredo, Nelson, Orlando e Colaço, sendo o golo de Alcoutim marcado por Orlando. (6)

Em Dezembro de 1991 foi inaugurado o campo de futebol municipal e o GDA. estreou-se com a primeira vitória ao triunfar por três a dois sobre o Império, no encontro da 6ª jornada do campeonato.

O futebol sénior foi abandonado em 1995, continuando-se com o juvenil, disputando o Campeonato Distrital da 2ª Divisão daquela categoria.

Em 1997/98 o grupo disputou os campeonatos distritais nos escalões de escola, iniciados e juvenis.

Através de um protocolo celebrado com a C.M.A. foram adquiridas trinta e cinco canoas para prática da modalidade, começando o clube por filiar-se na Associação de Canoagem do Alentejo, com sede em Mértola, passando em 1997/98 para a Associação de Canoagem do Algarve. Os atletas têm-se apresentado a competir em provas oficiais, como por exemplo em Estremoz e Vila Nova de Milfontes.

Um bar na sede possibilita algum convívio e jogos de damas, dominó e cartas ajudam a passar o tempo, funcionando também um televisor.

O clube pratica igualmente futebol de salão não oficializado.

Este escorço histórico tem por limite o ano de 1998, pelo que já são passados mais de dez anos onde há factos a registar, para os quais é necessário efectuar consultas, nomeadamente a documentação existente no clube.

Quando realizei este pequeno trabalho fui questionado por um “antigo” presidente do GDA, queixando-se que o seu nome não constava no competente quadro. A minha resposta só podia ser uma:- Não consta na documentação que me facultaram qualquer indicação nesse sentido, não existindo qualquer acta, nem mesma a de posse.

Possivelmente não foi caso único, outros exemplos teriam acontecido. Esse facto até já verifiquei em órgãos autárquicos!

QUADRO DE PRESIDENTES DA DIRECÇÃO

1948/53 – Fernando José Lopes Dias
1954/55 – João Lopes Dias
1956/57 – Joaquim Manuel Rita
1957/58 – Alfredo Madeira Simões
1958/59 – Fernando José Lopes Dias

Após fusão com a Sociedade Recreativa de Alcoutim
CLUBE 1º DE DEZEMBRO

1961/62 – Raul de Campos Andrade
1962/63 – António Maria Corvo
1963/69 – (inactivo)
1970/71 – Dr. António Abrantes Pereira
1971/87 – (inactivo) (*)
1988/89 – João Manuel Rita Baptista

(*) - Neste período o clube não esteve sempre inactivo mas não foi encontrada documentação que o justifique, nomeadamente a nível de actas.

Voltou a designar-se

GRUPO DESPORTIVO DE ALCOUTIM

1990/91 – Alberto Alves Ferreirinho
1991/94 – Carlos Manuel Mestre Pereira
1994/95 – José Tiago Pereira Faustino
1995/97 – Alberto Alves Ferreirinho
1998/ ? - Álvaro Freitas Matos
_________________

NOTAS

(1) - Carta de 30 de Julho de 1948
(2) - Carta de 20 de Agosto
(3) - Ofício nº 11 de 28 de Junho.
(4) - Acta de 15 de Abril.
(5) - Por casualidade, filho do fundador e primeiro presidente da direcção.
(6) - Jornal do Algarve de 20 de Dezembro de 1990.

sábado, 23 de agosto de 2008

Natalidade na Freguesia de Alcoutim em 1850


Desenho de J.V.

A última vez que estivemos no Arquivo Distrital do Algarve, no dia 17 de Julho último, a nossa direcção de pesquisa foi gorada pois aquilo que pensávamos ir encontrar, o assento de baptismo de um indivíduo, natural de Martim Longo, já que tínhamos a data do nascimento (dia, mês e ano) não obteve êxito. Pensamos que teria lá nascido mas acabou por receber o sacramento do baptismo noutra Paróquia.

Como não levávamos preparada qualquer outra pesquisa e elas obedecem a uma preparação prévia e falo não pelo que aprendi nos bancos universitários, mas pela minha experiência de décadas, não perdi mais tempo e requisitei para consulta os dois livros mais antigos de assentos de baptismo da freguesia de Alcoutim e fui apontando aquilo que considerei de meu interesse, principalmente quando metia famílias que são do meu conhecimento e que têm significado para Alcoutim.

O ano de 1849 não estava completo, a primeira parte (possivelmente um volume), encontra-se no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa.

Verificámos que durante o ano de 1850 nasceram na freguesia de Alcoutim, 77 crianças o que dá uma média superior a duas, por mês!

Na vila nasceram, 11 e igual número nos Balurcos. Logo a seguir e apenas com menos uma (10), vem o monte de Afonso Vicente, depois Cortes Pereiras com 9, Palmeira 8, Sta. Marta 6, Guerreiro do Rio 4, Álamo, Corte da Seda e Corte Tabelião 3, Laranjeiras, Corte das Donas, Vascão e Torneiro 2 e no pequeno monte do Marmeleiro nasceu 1 criança.

Para encontrar um número aproximado de nascimentos na freguesia e em relação ao presente, teríamos de recuar muitos anos, possivelmente às décadas de 20 e 30 do século passado.

É um dado que fica para todos nós reflectirmos e principalmente para os políticos fazerem um balanço honesto da sua acção.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Muralha do Castelo Velho (Alcoutim)




Este resto de muralha, cuja fotografia foi tirada nos princípios dos anos 70 do século passado, era a única parte visível do Castelo Velho antes das campanhas dirigidas pela Professora Doutora Helena Catarino, cujas escavações mostraram como era a antiga fortaleza árabe que localmente estava impregnada de lendas e superstições.
Foto J.V.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Lembrando o Dr. João Lopes Dias, o último "João Semana "de Alcoutim, na passagem do 1º aniversário do seu falecimento.



(Publicado no Jornal do Baixo Guadiana, nº 99, de Julho de 2008, pág. 23)


Esta nova secção do blogue (Ecos da Imprensa) destina-se à publicação de artigos que saíram na imprensa regional.
Quero afirmar que só o serão aqui depois de lá o terem sido e nunca antes.
A razão para tal tem a ver com a existência de “visitantes” que não são leitores do jornal em que foram publicados.



Agora que se passou um ano sobre a sua morte, espero conseguir alinhavar meia dúzia de palavras sobre a sua FIGURA.

Conheci-o em 1967 quando cheguei a Alcoutim para exercer a minha profissão. Era então e foi-o enquanto lá exerceu funções, o único profissional de saúde existente em todo o concelho!

Afável, cordial, conversador, o seu Alcoutim era a melhor terra do Mundo! Ali tinha nascido, (1932.09.05) ali deu os primeiros passos, ali brincou e frequentou a escola primária arranjando os primeiros amigos que perduraram pela vida fora. Se houvesse aonde, também teria feito o liceu. Fê-lo em Faro como aconteceu a muitos dos algarvios do seu tempo.

Quando se encontrava frequentando o curso de medicina na Universidade de Coimbra, falece repentinamente em Alcoutim o seu pai, o conceituadíssimo médico e cirurgião, Dr. João Francisco Dias.

Logo que pode exercer medicina, instala-se em Alcoutim e começa a trabalhar (1963) na única profissão que desejou ter e dignificou.

Nomeado médico municipal, exerce igualmente o lugar de Subdelegado de Saúde no concelho.

O Hospital da Misericórdia volta a funcionar através da sua perseverante acção. Tal como seu pai e existindo falta de outros profissionais de saúde, ministra alguns ensinamentos a jovens que o vão ajudando no que podem.

O pequenino hospital tinha sempre gente internada que merecia o seu atento cuidado.

Uma pequena divisão funcionava como sala de partos e muitos por lá se fizeram com êxito, não constando qualquer complicação grave.

A gravidez de minha mulher foi por ele seguida com todo o cuidado até ao momento de seguir para o hospital de Loulé onde dois médicos a esperavam por sua indicação amiga.

Durante umas férias balneares, a minha mulher sentiu necessidade de levar o filho a um médico que lhe receitou um antibiótico. Quando contei o facto ao Dr. Dias, comentou:- Anda aqui um homem a evitar isso e ao primeiro embate, já está!

Quando os filhos apareciam adoentados e a esposa lhe chamava a atenção para o facto, não dava importância ao assunto pois isso passaria. E era quase sempre assim. Só actuava quando as coisas se mantinham.


Em relação ao meu filho, ainda bebé, mandava-me fazer os vapores e isso passaria.

Hoje verifico em relação à minha neta que o comportamento do pediatra é igual, só que os vapores naturalmente sofreram uma evolução.

O único táxi existente no concelho encontrava-se em Martim Longo e a vila possuía meia dúzia de automóveis, alguns só circulavam “quando o rei fazia anos”!

O único automóvel que o médico possuía para as suas deslocações, para tudo servia, já que não existia uma ambulância. Em caso de acidentes, recorria-se a Vila Real de Sto. António ou a Mértola, como aconteceu em 1971 ou próximo disso quando num grave acidentes de viação ocorrido perto de Sta. Marta houve vítimas mortais e feridos graves que receberam os primeiros socorros no hospital de Alcoutim.

As estradas resumiam-se às 122 e 124 e as poucas mais que havia eram de macadame, normalmente em mau estado.

Ainda que a linha descendente de população já fosse um facto bem notório desde os meados do século, era muita gente ao cuidado de um único médico que se desdobrava para todos atender. Chamado muitas vezes de noite, havendo já telefone fixo, aproximava-se o mais possível do lugar em que estivesse o doente. Lá estava alguém que, quando muito distante, levava um animal para transportar o clínico ao domicílio do doente. A luz eléctrica ainda era uma miragem por esses montes e aldeias! No tempo de seu pai vinha um homem com duas bestas buscar o médico!

O Dr. Dias interessou-se ao longo da sua vida por tudo o que dissesse respeito à sua terra e era sempre ouvido dando a sua opinião, porém, quando procuravam que liderasse o assunto, dizia sempre:sou médico e isso chega-me, ajudarei sempre naquilo que estiver ao meu alcance e assim era. Ouvi-lhe sempre dizer isto quando lhe era apresentada tal situação.

Amante da terra onde nasceu, tinha um carinho especial pelas Festas Anuais que com seu irmão e outros jovens ajudou a criar (1951).

Comentou-me algumas vezes a relação afectiva com o exercício da medicina pois são situações que não se dão muito bem.


Em 1972 é convidado para director do novo Hospital de São Brás de Alportel e isso veio colocar-lhe um grande dilema.

A notícia correu célere no pequeno meio e em todo o concelho ouvindo-se as mais disparatadas opiniões. Desde a solução de passar pelo aumento das consultas preconizada por um responsável político local que segundo a sua visão retrógrada punha o dinheiro à cabeça de tudo, até às mais injustas observações, de tudo ouvi.

Quando nos encontrámos um dia e me falou no assunto, sabendo eu já o que se passava em linhas gerais e depois de ser mais concreto sobre determinadas situações, disse-lhe que se eu estivesse nessa situação, aceitaria de imediato o convite sem qualquer dúvida. Ele não podia prejudicar a sua vida profissional e a de toda a família para olhar por um concelho pelo qual não podia responder.

Durante bastantes meses ficámos sem médico e as certidões de óbito começaram a ser passadas pelos Regedores das Freguesias, mas como é evidente, a culpa era de toda a gente, menos do Dr. João Dias.


Só havia um médico a cerca de quarenta quilómetros de distância!

Pela minha parte e quando necessário, mesmo depois de haver clínico em Alcoutim, recorria a São Brás de Alportel ao Dr. João Dias e em alternativa a Mértola, ao Dr. Santos Martins.

Isto sem desprimor para qualquer outro, ter confiança no médico é meio caminho andado para a resolução das situações, nunca tive dúvidas nenhumas sobre isso e o Dr. João Lopes Dias inspirou-me sempre confiança profissional.

O seu consultório estava normalmente cheio.

De vez em quando lá aparecia em S. Brás por causa de algum membro da família e era sabido que tinha que ir almoçar ou jantar a sua casa, não dando outra alternativa.

Se em Alcoutim trabalhava muito, em S. Brás não era menos, ainda que em situação muito diferente.

Quando via que o assunto já não era para ele, encaminhava-nos para o local que considerava mais adequado.

Perdemos mais o contacto a partir de 1977 quando saí de Alcoutim à procura de melhores condições de vida e da carreira profissional.

A partir de 1987 começámos a encontrar-nos mais vezes na vila e em eventos lá realizados, sempre conversando sobre Alcoutim e as suas necessidades. De uma das vezes fez questão de irmos dar uma volta no seu novo barco, o que foi muito agradável e interessante, não me esquecendo eu que foi ele que me levou em 1968 a conhecer o Guadiana até ao Pomarão, então num pequeno barquinho que parecia uma casca de noz. Encontrámos cágados no percurso talvez do tamanho do barco!

O Dr. Dias nunca deixou de se preocupar pela minha saúde e dos meus, não se esquecendo de indagar do nosso estado, chamando sempre a atenção para o controlo das situações. São coisas que jamais esquecerei.

Quando jovem, com seu irmão e outros alcoutenejos, fundou o Grupo Desportivo de Alcoutim, (1948) ao qual chegou a presidir (1954/55).

Os últimos contactos que com ele tive foram bem penosos para ambas as partes, mas principalmente para ele.

Faleceu no Hospital de Faro em 13 de Maio de 2007, vindo a ser sepultado no cemitério da vila que o viu nascer e que tanto amava e com grande acompanhamento, dos maiores a que tenho assistido em Alcoutim.

Quando vou a Alcoutim, estou sempre à espera de o encontrar, nomeadamente junto ao rio. Cada vez se torna mais difícil discutir Alcoutim com realismo e sensatez!
Foi esta a altura que escolhi para prestar a minha simples e devida homenagem ao MÉDICO e ao ALCOUTENEJO.


Nota do autor Este artigo foi escrito para ser publicado no nº de Maio deste jornal, do qual o Dr. Dias era assíduo leitor, mas razões alheias à minha vontade, não o possibilitaram, ainda que o venha a ser agora.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

São Barão

A 4ª FIGURA DO BAIXO GUADIANA que vamos referir nesta rubrica, é apontada como sendo natural da Vila de Mértola.

A primeira vez que a vimos referida foi na Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira e de uma maneira muito sucinta.

Afirma-se que era eremita do Século VII, vivendo perto da cidade romana de Mytilia Jutra e tendo falecido em 17 de Março de 700.

Diz o Prior de Mértola, Bento José Sevilha de Leiria, nas respostas que deu ao questionário de 1758 e quando se lhe pergunta se há memória de que florescessem, ou dela saíssem alguns homens insignes por virtudes, letras ou armas, diz que é tradição que nesta vila floresceu em virtudes o Gloriozo Sam Baram.

Depois teria retirado para uma gruta na serra, distante cerca de légua e meia e onde nas proximidades brotava uma fonte que dava origem ao desenvolvimento de ervas que constituíam a sua alimentação, a que juntava algumas esmolas que recolhia todos os sábados, quando se deslocava à vila.

A sua chegada era anunciada pelo toque dos sinos sem que ninguém os tivesse accionado e a maior parte das esmolas deixava-as aos presos da cadeia local.

Quando num sábado os sinos dobraram por si próprios e o já considerado santo não apareceu, foram procurá-lo e encontraram-no morto na sua gruta, de joelhos, com as mãos levantadas e os olhos no Céu. Ali mesmo lhe deram sepultura e onde mais tarde foi levantada uma ermida, diz a tradição.

São lhe atribuídos poderes milagrosos sobre as mulheres inférteis e “soldar quebrados”.

A Ermida de São Barão situa-se na Serra do mesmo nome, a 15 km da vila de Mértola e foi durante séculos lugar de peregrinações e romarias.

O edifício existente, pelas suas características, é dado como de finais do século XVII ou do início do seguinte.

Foi recuperado em 2001 e é composto por uma nave e capela-mor abobadadas, uma sacristia e duas outras divisões destinadas ao apoio dos romeiros.

Não encontrámos referências a este santo nos livros da especialidade.
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Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Vol. VI, pág. 159
As Terras, As Serras, Os Rios – As Memórias Paroquiais de 1758 do concelho de Mértola, Joaquim Ferreira Boiça e Mª de Fátima Rombouts Barros, CAM, 1995.

sábado, 9 de agosto de 2008

O ar da Cidade


Esta nova secção do blogue, como o nome faz crer, destina-se a indicar as obras literárias que me vão chegando às mãos, principalmente aquelas que adquiro em livrarias ou nas chamadas “Feiras do Livro” e também, porque não dizê-lo, pelas que os autores e amigos têm a amabilidade de me oferecer.

O ar da Cidade, Ensaios de História Medieval e Moderna, Edições Colibri, Maio de 2008, é uma obra constituída por um conjunto de vinte e dois ensaios, de autoria da Exma Senhora Professora Doutora Maria Ângela Beirante, doutorada em História Medieval pela Universidade Nova de Lisboa.
Chegou às minhas mãos no dia 30 de Julho pela amabilidade da sua autora, que fez o favor de dedicar-me aquele exemplar.
Nela irei encontrar algumas das respostas que há muito procuro, irei compreender melhor determinados quadro históricos e ficarei a saber muito mais da cidade das minhas origens.
Muito obrigado, Emérita Professora e desculpe este pequeno apontamento.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Corte Tabelião

(ENTRE OS RIBEIROS DOS LADRÕES E DO ALCOUTENEJO)

No decorrer dos anos tenho, dentro das minhas modestas possibilidades, dado a conhecer, algo do passado e do presente das aldeias cabeças de freguesia do concelho de Alcoutim e de outras suas dependentes, aqui designadas por “montes”, respeitando assim a tradição local. Aumentando os meus conhecimentos, estimula-se a minha motivação o que me possibilita uma abordagem no tempo e no espaço.

Os parâmetros que nos norteiam, são sempre os mesmos, referir a verdade, recuar o mais possível no tempo e chegar aos dias de hoje, metas que não alcançamos com a profundidade e eficiência que desejamos. Não podemos coarctar o sentimentalismo que este ou aquele “monte” nos provoca pelos mais variados motivos e que por vezes não sabemos explicar.

Iremos hoje dizer algo sobre um pequeno monte, sendo naturalmente a sua localização, o primeiro objectivo. Pelo título, já sabemos que se encontra entre o ribeiro (aqui barrancos) dos Ladrões e o do Alcoutenejo. Vamos admitir que nos encontramos na vila de Alcoutim, a cujo concelho e freguesia pertence. Seguimos a estrada 122 - 1 que após seis quilómetros nos encontramos nas Quatro Estradas ou Cruzamento. Tomamos a direita seguindo a indicação de Beja. Já na estrada 122 aparece-nos a placa indicativa de BEJA - 85 km. Depois entramos em curvas e aproximamo-nos do vale provocado pelo ribeiro dos Ladrões que atravessamos por larga ponte. Em 1939 o Governador Civil comunica à Câmara Municipal de Alcoutim que tinha sido concedida a verba de 1700 contos para a estrada do Vascão, ao quilómetro seis da estrada Alcoutim – Pereiro. (1)

O topónimo Ladrões, ou o seu singular, aparece com alguma frequência no país. Este local era escolhido para se passar a vau (2) sendo por isso aproveitado pelos salteadores para se acoitarem e porem em prática os seus maus desígnios.

Voltamos a subir e aparece-nos, à direita, um entroncamento assinalado com CORTE TABELIÃO - 2 km.

No local existe um refúgio para utilizadores de transportes públicos e também a indicação de Barragem a que a mesma estrada nos levará. Vamos por ela. Tem a matriz nº 1055 e construída, se a memória não nos falha, em 1977/78 e foi nesta altura que fomos pela primeira vez ao monte para o conhecer. É estreita, asfaltada e constitui na sua maior extensão, uma recta que se desenrola em vários planos. Ao redor, são tudo campos de esteva e onde antigamente se praticava a cerealicultura, principalmente o trigo. Naquele “deserto”, os postes do telefone chamam a atenção. Antes de chegarmos ao monte, a estrada descreve uma curva.

A pequena povoação, de tipo concentrado, aconchega-se numa pequena elevação (cota 132) e quando a vislumbrámos, reparámos em dois ou três eucaliptos de altura considerável. As suas construções são ao gosto regional, casas de xisto e grauvaque empilhados e telhados de caniço e telha de canudo, fabricada ainda nos fornos das redondezas, completamente desaparecidos. As reconstruções e arranjos mais recentes, já não são deste tipo pois o tijolo e as placas de cimento imperam. Reparámos numa chaminé, com algum interesse.


Em 1839 (3) possuía vinte e quatro fogos e cento e cinquenta e dois anos depois (4) tinha só mais um!

No ano de 1850 nasceram neste monte três crianças.

Em 1976 viviam na pequena povoação ainda trinta e nove pessoas a atestar por elementos então recolhidos pelo Centro de Saúde. O Censo de 1991 dá-lhe dezassete habitantes, sendo oito do sexo masculino. Em contagem que fizemos em 1998 eram doze que viviam em oito fogos, não havendo crianças.

Tem energia eléctrica, recolha de lixo e tinha água distribuída por quatro fontanários, com estação elevatória datada de 1988. Hoje, substituíram os fontanários levando a água às habitações. (5)

A Corte Tabelião teria sido o último ou dos últimos montes da freguesia a ter distribuição domiciliária de correio, nunca tendo havido um condutor de malas como acontecia com outras povoações. As crianças vinham à escola à vila e eram elas que transportavam a correspondência quando existia e devia ser muito pouca já que nessa altura não havia a factura da luz ou do telefone e as reformas da segurança social quase inexistentes no concelho. As da Caixa Geral de Aposentações tinham então dia certo para serem recebidas, com deslocação dos interessados à vila e então a de maior montante era paga a um residente neste monte.

O número de moradores nunca justificou a existência de qualquer estabelecimento comercial.

O monte que lhe fica mais próximo é a Corte da Seda com quem mantinha alguma relação, mesmo de laços sanguíneos.

A primeira estrada construída no concelho de Alcoutim e que ligou a vila à aldeia do Pereiro, teve lugar após a Grande Cheia do Guadiana de 1876/77, sendo o trabalho oferecido, uma maneira de minimizar a extrema pobreza em que o povo ficou, esteve marcada por este monte mas acabou por deixá-lo completamente isolado durante um século.

As deslocações à vila faziam-se a pé ou de burro, pelo caminho velho. Há quarenta anos ainda se vinha com frequência à vila vender leite e por vezes queijos frescos.

A pastorícia foi sempre uma actividade básica, principalmente de gado miúdo, ovino e caprino e ligada à cerealicultura. Este binómio era a base, o resto acessório.

A lembrança desta época ainda é patente, por todo o espaço circundante, nos currais de pedra que subsistem, apesar de meio derrubados pelo tempo.

Sabemos que em 1771, Manuel Lourenço Revez, de CORTES TABALLIAN, fazia na Câmara Municipal de Alcoutim o arrolamento dos seus gados, constituído por reses, cabras e ovelhas. (6)

Em 1840 (7) informa-se que Ultimamente também se proibiu o lavar no Pego do Inferno, que está entre Corte da Seda e Corte Tabelião, ficando como coimeiro até ao fim de Setembro.

Os moradores de Corte Tabelião requerem à Câmara que em conformidade com a Postura fosse declarado coimeiro para o gado miúdo, até 15 de Agosto, certa porção de restolhos próximos do dito monte, para servirem de pastagem às reses e bestas durante o tempo das debulhas, atendendo à escassez de pastos.

Achando justa a pretensão, a Câmara considerou coimeiros os restolhos que ficam aquém do monte de Corte Tabelião até ao barranco dos Ladrões, entre este e o de Alcoutenejo, ficando porém libertas as águas de um e outro barranco para os gados miúdos e duzentos passos em redor para comodamente os gados poderem chegar às águas. (8)
A pastorícia ocupou sempre o pensamento destes povos e em 1848 “são muitos os clamores dos povos contra a derrama directa, pedindo que haja rendeiros do ver, como antigamente se praticava, o que obrigou a uma sessão de Câmara para o assunto ser discutido, tendo-se adoptado que haja rendeiros do ver, um no limite de cima e outro no de baixo, devendo tais rendas ser postas em praça. (9)

Assim aconteceu até 1864, tendo sido arrematante, do limite de cima (do concelho) de 1853 a 1857, Tibúrcio Gomes, do monte de Corte Tabelião.

Em 1866 não aparecem concorrentes à arrematação das rendas pelo que a Câmara delibera nomear zeladores para cada uma das freguesias no sentido de fazer cumprir a Postura. Para a freguesia de Alcoutim veio a ser escolhido o experiente Tibúrcio Gomes, que veio a ser substituído por José Peres, do Cercado.

As arrematações voltaram em 1877, tendo desaparecido em 1879.

Notícias de outra índole encontrámos nas nossas leituras.

Quando se deliberou, por unanimidade, construir o actual cemitério da vila e para o efeito se fez uma reunião, na Capela de Nª Sª da Conceição, com representantes de todos os montes da freguesia, deu voz à Corte Tabelião, José Nobre. (10)

Não podemos deixar de referir uma situação dramática passada nesta povoação e que representa uma época. Aqui vivia uma criança de cinco anos, órfã de pai e mãe e deficiente, “muda e parva” na linguagem utilizada, a qual se vive é somente devido à caridade de alguns moradores.

A Câmara, reunida (11) em sessão, considera-a como se fosse enjeitada, sendo entregue a uma mulher para a sustentar e criar, vencendo pelo seu trabalho como se fosse ama de criação.
Em 26 de Maio de 1874 um espanhol roubou um jumento em Martim Longo, mas no dia seguinte foi encontrado na Corte Tabelião por um grupo de homens que o vinha perseguindo. Presente na Administração do Concelho, foi-lhe levantado o competente auto. (14)
A Cheia do Guadiana de 1876/77 causou prejuízos a moradores deste monte, certamente em propriedades que tinham junto ao rio, sendo os mais prejudicados, Ana Cavaco, viúva de José Lourenço (150$000), António Mestre, Vº e Francisca Mestra, Vª, ambos com prejuízos calculados em 50$000 réis. (12)

Nas redondezas, no Cerro do Seixal, existem vestígios de um castro Lusitano de povoamento, mais tarde aproveitado e transformado pelos romanos para aquartelamento (15) e na Alcaria das Pegas, igualmente reminiscências de uma povoação romana e medieval. (13)

O topónimo, único existente no país, mas com variações em Évora (Quinta do Tabelião), Lisboa e Óbidos (Casal do Tabelião) e em que Corte, além de muito mais coisas designa prédio, casal, e possivelmente proveniente do repovoamento nacional e Tabelião a velha profissão, próxima do poder administrativo e ainda existente com outras roupagens. O tabelião de então teria ali a sua corte que para se distinguir de outras, lhe foi buscar o nome. Isto não é complicado, complicado é saber quem foi o tal tabelião!

Não vamos ficar por aqui pois consideramos importante o que falta dizer para quem procura o turismo da natureza.

Deixemos a Corte Tabelião seguindo um caminho de terra batida, à procura de surpresas. À saída, depois de umas dezenas de metros, encontramos dois caminhos e tomemos e da esquerda.

Muros de pedra solta construídos para protecção do arvoredo. Comecemos a descer e o caminho vai piorando a olhos vistos. Aproveitando as ajudas comunitárias, uma plantação recente de pinheiros.

O terreno é bastante acidentado, dominando as alfarrobeiras, amendoeiras e oliveiras, onde o sítio permite. Nas escarpas, até o gado tem dificuldade em se manter.

Continuemos a descer e de repente surge-nos uma povoação. É sempre uma boa oportunidade para fazer uma fotografia mas... cuidado, está a fotografar, ainda que lhe pareça impossível, povoação espanhola! É Sanlúcar com o seu castelo que parece poder abraçar-nos. E onde está o rio? Não se vê! Continuemos a descer, os desníveis são acentuados e agora ao fundo, água - é a albufeira da barragem. Com uma cota de 55 metros, a sua construção foi posta a concurso em 1991 (16) encontrando-se há muito concluída. Presentemente, a utilidade que lhe conheço, é servir de água a praia fluvial, uma vez que a vila e parte do concelho é abastecido de água potável através da barragem de Odeleite.


Depois de espraiarmos a vista pelo local, experimentando uma sensação de conforto, continuemos a nossa jornada. Naturalmente que o caminho é a subir. À nossa esquerda, após pequeno desvio, fica uma vivenda relativamente nova. O caminho começa a empinar e lá no cimo, também à esquerda, as ruínas dos moinhos Queimados ou dos Cadavais, impregnados de lendas. Agora, é sempre a descer. Sanlúcar e Alcoutim vão-se descobrindo a cada passo. Ao aproximarmo-nos da vila, temos de fazer curva e contra curva bem pronunciadas, em “S”. Atravessamos a ribeira de Cadavais e vamos sair junto ao Lar de Idosos.


Apesar do desgaste que me provoca no veículo, é percurso que faço gosto de mostrar aos amigos que me visitam.

O que então escrevi sobre este trajecto, está inteiramente ultrapassado, pois a situação actual é completamente diferente.

Este caminho rural, depois de algumas alterações, principalmente no seu acesso à vila e numa extensão aproximada de 3 900 metros, foi pavimentado em betão betuminoso e incrementada sinalização horizontal e vertical, acontecendo a sua inauguração em 12 de Agosto de 2006, com descerramento da placa comemorativa da inauguração pelo Presidente da Câmara, Dr. Francisco Amaral. (17)

De há uns anos a esta parte, a pequena povoação que terá presentemente três ou quatro habitantes permanentes, vem realizando no mês de Agosto uma pequena festa anual com realizações religiosas e profanas.


NOTAS

(1) - Acta da Sessão da Câmara Municipal de Alcoutim de 25 de Fevereiro de 1939
(2) - "No Algarve vadeavam-se ainda no século XVIII, os ribeiros de (...) e dos Ladrões". - Portugal na Crise dos Séculos XIV e XV - A. H. Oliveira Marques.
(3) - Corografia ou Memória Económica, Estatística e Topográfica do Reino do Algarve , J.B. Silva Lopes
(4) - Censo populacional de 1991.
(5) - Alcoutim - Revista Municipal, nº 10 - Dez. 2003.
(6) - Manifeztoz - Arolam (toz) da Camera doz gadoz
(7) - Acta da Sessão da Câmara Municipal de Alcoutim de 21 de Junho de 1840.
(8) - Acta da Sessão da câmara Municipal de 7 de Junho de 1849.
(9) - Acta da sessão da Câmara Municipal de Alcoutim de 7 de Julho de 1848.
(10) - Acta da Sessão da Câmara Municipal de Alcoutim de 22 de Dezembro de 1843.
(11) - Acta da sessão da Câmara Municipal de Alcoutim de 12 de Setembro de 1847
(12) - Acta da Sessão da Câmara Municipal de Alcoutim de 24 de Abril de 1877.
(13) - "Regulamento do Plano Director Municipal de Alcoutim", Diário da República - I Série B de 12 de Dezembro de 1995.
(14) - Of. nº 42 de 27 de Maio de 1874 do Administrador do Concelho de Alcoutim.
(15) - Monumentos Militares Portugueses - 1946 - General João de Almeida.
(16) - Jornal do Algarve de 10 de Outubro de 1991 - Vila Real de Santo António.
(17) -Alcoutim – Revista Municipal, nº13, Dezembro de 2006, pág. 9

terça-feira, 5 de agosto de 2008

O poço do Vinagre


Com este título, iniciamos hoje mais uma rubrica deste blogue.

De uma maneira geral e em qualquer parte, as coisas positivas são em número superior às negativas pelo que nos compete chamar a atenção para estas últimas, sem, em casos especiais, como é o presente, batermos as palmas a algumas positivas.

A zona rústica do Vinagre situa-se a sul da vila de Alcoutim e nas margens do Guadiana e é uma das zonas mais ricas das redondezas, com as propriedades bastante pequenas e onde a oliveira foi e continuará a ser a sua principal riqueza,

Árvores avantajadas, com muitas centenas de anos, para não dizer milenárias, deram origem a valores matriciais elevados que ainda se mantêm.

Pela zona, em tempos recuados, existiram habitações. Lembramo-nos de nas nossas leituras termos encontrado, em meados do século XIX um edil, o tal que propôs a venda do rossio da vila, logo aprovada pelos restantes elementos e que morava no Vinagre onde devia ser lavrador.

Ainda conheci na vila uma pessoa que por ter nascido nesta zona era conhecido por António do Vinagre, sendo o seu nome, António Martins.

O topónimo poderá estar no substantivo ou no antropónimo a que deu origem.

Como possuímos por ali uma tira de terreno, de vez em quando passamos por lá.
As três oliveiras existentes foram limpas e por lá plantámos mais três, de que certamente não comeremos fruto, mas temos comido daquelas que os outros plantaram e trataram.

A zona é um verdadeiro bosque, visto as poucas pessoas que por lá aparecem é para apanhar o fruto e não para efectuarem qualquer benfeitoria nas árvores.

Aquilo que afirmamos pode ser verificado na foto que apresentamos onde as duas oliveiras que se vêem, uma de cada lado, mostram na realidade o que dizemos.

Por ali corre um pequeno barranco junto ao qual, possivelmente desde tempos imemoriais, existe um poço, onde se abasteciam os moradores das redondezas e desde a sua criação, o efectivo do Posto da Guarda-Fiscal, sobranceiro ao mesmo e igualmente os passantes seguindo o velho caminho do rio se dessedentavam e davam de beber aos animais.

Penso que a bomba manual elevatória da água teria sido colocada na primeira metade dos anos sessenta do século passado e na altura foi um melhoramento considerável. A maioria das povoações recebeu esse melhoramento e algumas, talvez poucos, ainda funcionam.

O poço do Vinagre passará seguramente semanas, para não dizer meses, sem que ninguém lhe chegue ao pé e deve ter nos pastores os seus maiores utilizadores.

A bomba elevatória veio a avariar-se, possivelmente por falta de assistência e esteve inactiva por longo período.

Na última vez que lá estive, em Maio próximo passado, fiquei agradavelmente surpreendido pois fui encontrar a bomba reparada, o engenho pintado, a colocação de um alargado banco de alvenaria, tudo reparado, caiado ou pintado.

Aqui não se trata propriamente de uma questão de prestação de serviço, cujos utentes serão bem poucos mas o que está em causa é a preservação do património construído que certamente os vindouros apreciarão.

BATO PALMAS a quem realizou este trabalho e que segundo a indicação deixada foi a Junta de Freguesia de Alcoutim.

domingo, 3 de agosto de 2008

Rua Direita


Rua Dr. João Dias que na Idade-Média se chamou Rua Direita das Portas de Tavira.
As ruas Direitas foram sempre vias principais.
Foto: J.V. – 1973

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Mês de Agosto

EFEMÉRIDES ALCOUTENEJAS

DIA 1
1859 – Manifesto por Pedro Roiz Teixeira, morador na vila, de uma mina de manganés, na Herdade denominada 1ª do Mosteiro (Cerros do Rossio, Vale de Nossa Senhora e do Meio-Vale)

DIA 9
1986 – Tem início no Castelo da Vila, a 1ª Feira de Artesanato de Alcoutim.

DIA 10
1637- Faleceu o 5º Conde de Alcoutim, 1º Duque de Caminha, D. Miguel Luís de Meneses.

DIA 11
1834 – A solicitação da Câmara, a padeira da vila, Aureliana Teresa, obriga-se a dar pão cozido suficiente ao povo, pelo preço que correu na vila e até ao fim do ano. Logo que fosse cumprido, a Câmara dar-lhe-ia doze mil réis em metal.

2003 - Inauguração do Saneamento básico das povoações de Balurcos, freguesia de Alcoutim.

DIA 13
1874 - Manifesto de José Francisco Rebelo, natural de Serpa, de uma mina de manganés, na Soalheira do Forte.

DIA 14
1895 - Decreto que suprime o concelho de Castro Marim passando a freguesia de Odeleite para o de Alcoutim.

DIA 19
2000 – Inauguração da Piscina Municipal de Martim Longo.

DIA 21
1930 -Deliberado pela Câmara Municipal mandar iniciar os trabalhos para a abertura do Poço Grande

DIA 29
1641 - Morre degolado no cadafalso, no Rossio, em Lisboa, o 6º e último Conde de Alcoutim, D. Luís de Noronha e Meneses