sexta-feira, 29 de junho de 2012

Almoçarada nos Cadavais


A foto que apresentamos na Câmara Escura de hoje deve ter sido tirada seguramente há 60 anos!

Como o título refere trata-se de uma almoçarada só para homens e que teve lugar nas margens da Ribeira de Cadavais, possivelmente, à sombra de alguma frondosa alfarrobeira, árvores que por ali proliferavam.

Não é difícil calcular qual teria sido o manjar, primeiro por ser um prato típico local e depois pela “prova provada” do crime, pois aparece devidamente preparada e na fase de secagem a pele do animal!

Mataram o bicho, comeram-no em ensopado (?) e completaram o trabalho com a preparação da pele.

Os cerca de quinze convivas representavam, salvo as habituais excepções, o funcionalismo público local, de uma maneira geral afastado dos locais de origem, ainda que pelo menos um tivesse ficado.

A fotografia foi-nos cedida pelo nosso colaborador Gaspar Santos que entre outros seus conhecidos, reconhece ao fundo o pai.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

A continuação das raízes


Segundo penso, são os mais jovens representantes de famílias tradicionais alcoutenejas. Ele, o Francisco, foi o iniciador da rubrica do ALCOUTIM LIVRE, Da Barriguinha da mamã.

Representa os GOMES  (Relógio) dos Balurcos e os COSTA de Afonso Vicente. Penso que também tem mais para trás noutro costado, gente originária de Alcoutim.

Ela, a Maria, um pouco mais velhinha, além dos COSTA, representa, igualmente, os ROSÁRIO com um ramo oriundo do concelho de Mértola e que se fixou na freguesia de Alcoutim, mais propriamente no monte de São Martinho, há cerca de 250 anos e que depois derivaram para o monte do Marmeleiro. Os COSTA são mais antigos, mas ainda não encontrei a origem.

5ºs primos entre si, compete-lhes “respeitarem” as raízes, preservando os simples mas simbólicos tectos que os “avós velhinhos” iniciaram e que os mais recentes beneficiaram.

Qualquer deles adora ir ao “monte” nesta fase da vida e esta é, praticamente, a primeira e em que todos gostam.

SEMPRE ASSIM? NÃO VAI SER, O QUE É BOM POR SER NORMAL, MAS QUANDO A MATURIDADE CHEGAR, VOLTAMOS AOS PRIMEIROS TEMPOS, AS COISAS VOLTAM A TER OUTROS INTERESSES.

Entretanto, os montes ou a sua grande maioria vão ficar desertos com o que tudo isso acarreta, assaltos, destruições e vandalismos. É aqui que reside então o grande problema que lhes deixarão por herança e que não será fácil resolver.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Maravilhoso Guadiana



É o segundo livro do autor Francisco Dias da Costa, que apresento na rubrica Escaparate e que naturalmente tem leitores que a procuram.

A temática abordada é do mesmo âmbito, enquanto no que apresentei se referia minuciosamente em vários aspectos à Ribeira do Vascão, este tem por fundo o grande rio do Sul, o Guadiana.

Francisco Dias da Costa que não era desta área mas sentia, como se depreende do texto, uma grande paixão pelos rios.

Revelando possivelmente a minha ignorância, não conheço mais nenhum trabalho em forma de livro que abranja o Guadiana desde a sua nascente à foz. O autor começa por abordar DA FOZ AO PULO DO LOBO, Passando por DA RIBEIRA DE COBRES ÀS VEGAS ALTAS, AS GRANDES BARRAGENS, A ALTA BACIA, AS NASCENTES, O COMPRIMENTO E A BACIA DO RIO, OS MOINHOS DO GUADIANA, terminando com um contributo importante sobre FAUNA E FLORA SILVESTRES DA BACIA DO GUADIANA.

É um trabalho em formato de 15,5X22 cm e de 121 páginas, bastante ilustrado com fotografias a cores do próprio autor e da esposa que percorreram dentro do possível todo o trajecto do rio, mas fizeram-no no sentido da foz – nascente. Não deixa de apresentar esquemas explicativos de troços do curso do rio e afluentes com indicações pertinentes.

Obviamente que a parte que banha Alcoutim está devidamente ilustrada e descrita com muito realismo abordando muitos e variados assuntos, alguns que eu desconhecia na totalidade.

É uma Edição do Centro Cultural Caridadense 1º de Maio – Caridade – Reguengos – 1991, tendo sido comparticipado pelo FEDER.

É um livro que faz falta em todas as bibliotecas, nomeadamente, nas da região que o Guadiana banha.

Adquiri-o numa livraria de Faro, hoje extinta.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Sanlúcar no Diário de Lisboa em 1936


Escreve
Gaspar Santos


Sanlúcar. Vista parcial nos dias de hoje. Foto JV, 2012
É pequeno o nosso contributo para o que hoje damos a conhecer aos nossos leitores. É apenas uma composição de textos de outros autores, aquilo que poderíamos apelidar de “um exercício de recorte e cola”.
Começamos por um recorte do Jornal Diário de Lisboa de 25 de Julho de 1936. Obtivemos este recorte da colecção que a Fundação Mário Soares disponibiliza na internet.
Para quem não saiba vale a pena revelar que esta fundação dispõe para consulta daquele jornal desde o primeiro número em 7 de Abril de1921 até ao último que ocorreu em 30 de Novembro de1990.

Neste recorte pode ler-se a notícia, veiculada pelo correspondente em Faro do DL, do assalto à Igreja de Sanlúcar e a fogueira feita com as imagens dos seus santo. O colaborador deste blogue, José Temudo, presenciou de Alcoutim parte destes acontecimentos e aqui os descreveu em 13 de Setembro de 2009, passados 73 anos, sob o título de “O testemunho de uma criança”, num extraordinário texto que transcrevemos parcialmente.

O QUE A CRIANÇA VIU
Na fresca margem do rio, que as pessoas procuravam nas noites de Verão, fugindo à incomodidade das suas pequenas casas sobreaquecidas, durante o dia, por um calor escaldante, eu pude assistir, sem então lhe compreender o seu verdadeiro significado, a um estranho e espectacular acontecimento. Do outro lado do rio, na vila de S. Lúcar, os sinos da Igreja rasgaram o silêncio da noite morna e calma, tocando a rebate, de forma aflitiva e continuada. Depois, mesmo junto à linha de água do rio, acenderam uma enorme fogueira que foi consumindo, ao longo de uma ou mais horas, tudo o que sobre ela um grupo de pessoas que continuamente lhe lançavam. A gritaria era enorme, fazendo-se ouvir no lado de cá, a despeito do persistente toque dos sinos.
Alcoutim, em peso, estava junto ao rio, vendo e comentando o que via. Assim, fiquei sabendo que os comunistas e os anarquistas tinham assaltado a Igreja, roubado os santos e os paramentos e, com eles, estavam a alimentar aquela medonha fogueira. Diziam alguns que tinha começado a guerra civil em Espanha; que não, diziam outros, que assaltos a Igrejas e Conventos já tinham acontecido noutras terras e nem por isso a guerra tinha eclodido. O certo é que, naquela noite, a violência não foi mais além.
A reacção contrária veio uma ou mais semanas depois, e os quase duas dezenas de Sanluquenhos, que de livre vontade ou obrigados, colaboraram naquele horror, foram sujeitos a um horror ainda maior: foram obrigados a cavar as suas sepulturas e fuzilados em seguida.
Não temos um recorte desta notícia e duvidamos que ela tenha saído nos nossos jornais, face à censura então existente. Demos, porém, de novo a palavra a José Temudo na sua continuação do seu artigo.
Igreja paroquial de Sanlúcar. Foto JV, 2009

Foi depois. E nós, os que jogávamos berlinde no terreiro, à beira do rio, fomos os primeiros a dar por isso. A terra tremia sob as nossas mãos. Uns dias depois, aos tremores da terra, veio juntar-se o troar dos canhões, longínquo, assustador. Depois, cessaram os tremores de terra, deixámos de ouvir o troar dos canhões. Alcoutim, voltou à sua vida de todos os dias, à sua modorra. Que não demorou muito. Talvez uns dias; porventura, umas semanas. Apenas me lembro de que, um dia, fomos novamente despertos pelo repicar vivo e continuado dos sinos da Igreja de S. Lúcar e pela vozearia de centenas de pessoas que corriam, convergindo, aparentemente, para um determinado ponto da vila espanhola. Lembro-me de ouvir gente nossa a dizer que os franquistas tinham chegado e ocupado S. Lúcar, sem combate, pacificamente. Porém, do que se passou nos dias seguintes, retenho na memória a caça que era feita pelas nossas autoridades, auxiliadas por um civil, um zé-ninguém, cujo nome ainda não esqueci, aos espanhóis que, de barco ou a nado, procuravam alcançar a nossa margem, fugindo à sanha vingativa e assassina dos franquistas.
Tento adivinhar: O zé-ninguém seria o Quaresma, então chefe da secretaria da Câmara Municipal de Alcoutim. Que me perdoe José Temudo por revelar o nome ou por me ter enganado.

Pequena nota
Claro que José Temudo tem todo o direito de não revelar quem foi o personagem já que parece que todos os alcoutenejos esqueceram, possivelmente como coisa de menor importância. Existem outros exemplos que as pessoas “esqueceram” completamente.
Caro Gaspar Santos, a minha opinião não vai nesse sentido, o meu cálculo vai para um alcoutenejo...
JV

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Guerra Peninsular - 1ª Invasão Francesa (1807/1808)


Ao estabelecer o Bloqueio Continental, Napoleão exigia que Portugal fechasse à Inglaterra os seus portos, declarando-lhe guerra e mandando retirar o seu embaixador em Londres. Portugal não o fez, então a França e a Espanha assinam o Tratado de Fontainebleau (27.10.1807) no qual se projecta dividir Portugal em três partes.

Em 17 de Novembro de 1807 os franceses sob o comando do General Andoche Junot entram em Portugal e quando chegam a Lisboa já a família real tinha embarcado para o Brasil.
Junot
As tropelias dos franceses fazem-se sentir por onde passam e cada vez mais se cerceavam os direitos dos portugueses.
A agitação, apesar das medidas extremamente punitivas “decretadas” por el-rei Junot, começa a aparecer em vários pontos do País, de Lisboa ao Porto, de Trás-os-Montes ao Algarve, sendo Olhão a primeira terra algarvia a lançar o seu grito de revolta, o que aconteceu em 16 de Junho de 1808.

Naturalmente, o que aqui se pretende fazer é referir o que se passou em Alcoutim.


A presença dos soldados de Junot na vila de Alcoutim, mais propriamente, na Capela Real de Nª. Sª. da Conceição, é um facto que ficou registado no livro de contas daquela confraria. (1) Referente ao ano de 1808, existe um lançamento do seguinte teor:- despendeo com a limpeza do soalho da Igreja que tudo ficou immundo pela assistência dos franceses e caiadura de tudo (...) reis. Mais adiante, outro lançamento que reza assim: - despendeo com consertos no canto do adro (...) também devido à presença, digo violência (o sublinhado é nosso) dos franceses (...) .

É fácil deduzir que as tropas francesas transformaram a igreja em cavalariça, como era seu hábito.

As atrocidades cometidas não seriam poucas, já que o escrivão ao referir a presença emendou para violência.

Em 21 de Outubro de 1807 é expedida carta do Palácio Episcopal de Faro ao vigário de Alcoutim para remessa àquele Palácio da prata das igrejas do seu “distrito”, peças que deverão ser separadas por igrejas e acompanhadas de uma relação, ficando nos templos só o indispensável para o exercício do culto. O pároco de Giões, com alguns paroquianos, resolveu vender as peças para não ter o tal Francez couza alguma desta Igreja. (2)

Igreja ou Capela de Nª Sª da Conceição. Des. de JV


A sublevação do Baixo-Alentejo recebeu forte apoio da zona meridional, sendo Alcoutim, entre outros, um foco de penetração da revolta para o interior. (3)

Após o levantamento do lugar de Olhão é deliberado guarnecer Cachopo, então pertencente ao concelho de Alcoutim, de tropas e para onde foram enviadas munições. Coube ao Capitão António Fernando da Guarda Cabreira ministrar aos voluntários o ensino do manejo das armas tal a táctica de organização defensiva.(4) Para estar atento ao que se passava na Serra do Caldeirão e vigiar o que se desenvolvia na zona fronteiriça com o Alentejo, foi enviado com os seus homens o Capitão António Vaz Velho.(5)

O Coronel Maransin que estava sob as ordens do General Maurin e que se encontrava em Faro ocupou Alcoutim com a Legião do Meio-dia que acaba por abandonar pondo-se a caminho de Mértola que ocupa.

O Juiz de Fora de Alcoutim, que era partidário dos franceses, chega a Lisboa com a notícia alarmante de que os espanhóis tinham invadido o território da sua jurisdição, o que não era senão o resultado da derrota dos franceses na Andaluzia. (6)

Entretanto são eleitas, onde foi possível, juntas governativas, o que também aconteceu em Alcoutim, mas desconhecendo-se a sua constituição. (7)

Admitimos que José de Brito Magro, capitão-mor da Vila de Alcoutim, tivesse feito parte dessa Junta.

Em 5 de Agosto de 1808 ofereceu e entregou à Junta de Alcoutim 2000$000 réis, metade em papel e metade em metal. No dito mês de Agosto concorreu com 600$000 em metal, que entregou à Junta de Tavira para o fardamento do Regimento de Infantaria nº 14, colaborando assim para as urgências do Estado. (8)

Em 1809 o Bispo D. Francisco Gomes do Avelar como Governador Interino das Armas do Algarve deu o comando do Cordão do Guadiana ao tenente-coronel José da Costa Leal e Brito que mandou construir as baterias do Cortadouro, próximo de Alcoutim, a do Serro de Santa Bárbara (vulgo Serro da Mina), em frente do Castelo de Sanlúcar e a do Serro do Vascão.

Soldados franceses

Entretanto, é criada uma Esquadrilha do Guadiana a cargo do piloto-mor de Vila Real de Santo António, Veríssimo de Lima.

A Divisão do General Avril teve por missão, que não cumpriu, entrar na Andaluzia por Alcoutim. A presença das tropas inglesas nas proximidades da foz do Guadiana modificou o plano dos franceses.

Os algarvios vão avançando pelo Alentejo apoiando e fomentando os levantamentos locais até Lisboa.

Militarmente os franceses, comandados por Delaborde, são batidos na Roliça (17.8.1808) e no Vimeiro, comandados por Junot (21.8.1808) pelas tropas anglo-lusas, comandadas por Wellesley e em 30 do mesmo mês é assinada a Convenção de Sintra pela qual Junot e as suas tropas foram obrigados a sair de Portugal.

NOTAS

(1) - Livro de Despesas e Receitas da Real Confraria da Capela de Nª Sª da Conceição, iniciado em 1804, pág. 27 verso e 28.

(2) - A Escultura de Madeira no Concelho de Alcoutim do Século XVI ao Século XIX, Francisco Lameira e Manuel Rodrigues, 1985, pág. 22

(3) - História de Portugal, Joaquim Veríssimo Serrão, Vol. VII - pág. 49.

(4) – A Invasão de Junot no Algarve (Subsídios para a História da Guerra Peninsular – 1808 – 1814), Alberto Iria, Lisboa MMIV (edição facsimilada de 1ª datada de 1941) p. 114.

(5) – Idem, ibidem, p. 115

(6) – Idem, ibidem, p. 121

(7) – Idem, ibidem, p. 130

(8) – Gazeta de Lisboa de 14 de Junho de 1809

domingo, 24 de junho de 2012

Crónicas e Ficções Soltas - Alcoutim - Recordações - XXX

Escreve

Daniel Teixeira




A MOURA ENCANTADA DO MEU AVÔ

O meu avô era aquilo que eu hoje defino como sendo «um velhote porreiro». Nunca se zangava (a não ser com as teimosias dos burros) e a única vez que o vi exaltado foi quando recebeu o aviso do pagamento das contribuições com um valor superior ao habitual: a diferença era pequena, ao que me lembro, um escudo e meio a mais que nos anos anteriores mas o velhote ficou fulo mesmo e não se cansou de propagandear e contestar junto dos outros aquilo que considerava ser uma injustiça.

Era uma injustiça, entendia ele, e deveria entender segundo a minha lógica porque cada vez tirava menos da exploração das terras e não era normal que quanto menos se ganhasse mais se pagasse de impostos.

Ainda arranjou uns quantos lesados como ele na roda, tiveram exaltados conciliábulos mas tudo ficou por ali, pelo protesto sem consequências e tal como hoje uma parte das festas e festarolas foram sendo pagas pelos meus avós e outros que realmente produziam, que trabalhavam no duro as suas terras, de sol a sol como se costuma dizer.

«Pitos e flaitas» pagos com pelo menos uma parte do suor e das frustrações daqueles que arrancavam da terra produções miseráveis de seis, sete sementes, que levavam dias na debulha, com os pobres dos animais ali às voltas para soltar o trigo da espiga, que batiam quando era o caso a palha durante horas de enfiada com paus.

Estes paus eram verdadeiros troncos, polidos pelo uso, para aí com dez centímetros de diâmetro e um metro de comprido, pelo menos, com um cabo em punho que fazia articulação por via de uma corda intermediando. Trabalhavam quase frente a frente, dois a dois, cruzando as batidas para arrancar o centeio ou a cevada. Levavam nisso horas com curtos intervalos para beber água. Eu não tinha ainda capacidade de «ler» nas entrelinhas dos gestos mas agora acredito que muitas daquelas porradas na palha e no solo das eiras foram dadas com raiva, com aquela revolta surda de quem vê literalmente a vida a andar para trás.

«O trabalho do campo ainda está muito conotado com a escravatura» disse eu um dia a uma pessoa falecida que muito respeitei e respeito: «Pois é preciso acabar com isso!» - respondeu-me. Infelizmente, professor, essas coisas não acabam por decreto ou porque se diz. E o pessoal continuava trabalhando a troco da alimentação e sabia que quanto menos trabalhasse ou quanto mais tempo estivesse doente menos comia. Restava-lhe como «consolo» terem propriedade, serem nominalmente proprietários...proprietários de um quase nada que nada dava, afinal.

Depois era levar a semente ao moleiro: no meu tempo já não havia moinhos por ali mas havia a moagem em Martinlongo, assim como um lagar. Ainda vi uma vez logo antes do fecho fazer azeite, com água quente e sacos de juta. O lagar do Monte pelo que percebi era dos lavradores Tomás e tal como em todas as coisas era preciso pagar uma quota parte. Na plantação de trigo e outros cereais em terreno de outro era um terço da colheita, no lagar não sei. Era uma enfiada de tanques com lajes inclinadas tipo tanques caseiros com um meio canudo acimentado abaixo por onde escorria a água e o azeite: nunca se misturam e é verdade.

Há mesmo coisas que nem devem misturar-se nunca: o trabalho de quem trabalha e os tais «pitos e flaitas» de quem goza com o resultado do trabalho dos outros. E naquele Monte havia quem dissesse que Deus era grande para aquela gente pequenina...talvez fosse, talvez seja, mas não se fazia notar.

O meu avô esmagando as azeitonas, a escorrer até ao limite o suco da oliva, a mirar bem o bagaço, a recuperar bago a bago para o saco alguns frutos que «ainda davam», ia-me dizendo então:

«Uma vez estive para ficar por lá, num outro mundo, estive para sair daqui...mas não podia voltar nunca mais.» O curioso nesta história que o meu avô me contou e que devia fazer parte do imaginário comum é que as pessoas em qualquer ponto onde estejam têm sempre a possibilidade de optar. Em certo sentido podem optar entre duas formas de prisão, como o meu avô me contou, porque quando se está preso a uma vida miserável o sonho não pode ser senão ironicamente inalcançável. Um sonho que tem um preço tão alto como a vida que se tem.

Moura encantada. Des. de Francisco Sánchez

Ouviu ele o som de guizos e apareceu-lhe uma luz, uma noite em que guardava gado nos pastos. Viu uma figura de mulher e aproximou-se: era uma moura (encantada como é sempre), de roupas brilhando ao alumiar da luz que vinha de uma larga abertura no inclinado do solo. Tinha um lenço a tapar-lhe a face mas tinha uns olhos lindos, como me contou o meu avô e falou-lhe, disse-lhe que a seguisse. Entraram pela abertura no solo, mais alta que dois homens e tão larga como um portão de ferro.

Lá dentro corria abundante água numa fonte e as paredes estavam decoradas a ouro. Em caixas de madeira viam-se todas as riquezas que o meu avô nem sabia que existiam: pedras brilhantes (brancas, como vidro - eram diamantes avô) outras vermelhas (eram rubis avô) e muitas moedas de ouro transbordando de baús. Não era sonho não, afiançou-me...foi mesmo verdade. Mas não podia trazer nada, disse-me a moura.

Tinha de ficar lá para gozar aquelas riquezas: uma vez por ano a gruta encantada abria-se em qualquer lugar por esses montes e podia vir cá fora ver o mundo, mas só uma noite por ano, como acontecia com ela. Uma só noite por ano...mas não teria fome nunca. A água que corria era alimento suficiente.

«Nada mais de arado, de enxada, de debulha, de monda, de arrancar estevas - acabava-se tudo. O que havia ali bastava para tudo...Estive para ficar...estive mesmo.» - disse-me a acabar com aqueles olhos expressivamente tristes de quem não sabe mesmo porque não ficou.

Deixa avô...não penses mais nisso...

sábado, 23 de junho de 2012

Vai deixar de se usar!





55 ANOS DE CASADOS!

Vai deixar de se usar!

Pois é, mas a Odete e o João Carlos comemoram hoje esse facto na capital do Algarve.

Casaram em Caxias, mas não estavam presos, na Igreja das Freiras.

Daqui enviamos aos nossos “velhos” e bons amigos o nosso abraço de felicitações com o desejo que o continuem a festejar por muitos mais anos.

JV

O ninho do amor!

Martim Longo, aldeia de gente activa tem aspirações


Pequena nota

Este texto tem 38 anos de publicado.
Aqui o reproduzimos como foi publicado excepto quanto ao topónimo e gentílico que foram escritos como aqui vão mas que o jornal alterou pensando que se tratava de um erro.
Os outros erros de escrita ou de carácter técnico que porventura se encontrarem são os que foram produzidos na altura da publicação.
Quem os encontrar que os corrija.
A ilustração é de agora já que na altura era economicamente incomportável

JV


(PUBLICADO NO JORNAL DO ALGARVE Nº 869 DE 17 DE NOVEMBRO DE 1973)

Rua Dr. Antero Cabral, antiga Rua Direita. Foto JV

O concelho de Alcoutim é, sem dúvida, dos mais pobres do Algarve, conquanto tenha muito para nos dar em determinados aspectos ainda por descobrir ou explorar.

Com a sede do concelho, outrora centro importante e vital, desde há muito tem ombreado a aldeia de Martim Longo, que, não tendo um passado que se possa pôr em paralelo com Alcoutim, tem, nos últimos tempos, se não progredido, pelo menos mantido um determinado nível.

Situa-se esta aldeia entre duas ribeiras: a do Vascão, ao Norte, que divide o Alentejo do Algarve, e a da Foupana ao Sul.

É sede de freguesia do mesmo nome e compreende muitos lugares (montes), tais como: Arrizada, Azinhal, Barrada, Barroso, Casa Nova, Castelhanos, Corte Serranos, Diogo Dias, Estrada, Laborato, Lutão, Mestras, Monte Argil, Penteadeiros, Pereirão, Pêro Dias, Pessegueiro, Santa Justa, Silgado, Tremelgo e Zorrinhos.

A região foi habitada pelos romanos que exploraram algumas minas de que há vestígios, como a da Aroeira, situada no Cerro das Ferrarias a cerca de 1,5 km da igreja paroquial. Nela foi encontrada uma moeda romana de prata (136 – 161), por conseguinte do século II D.C. Também no Laborato e no Lutão, apareceram vestígios deste povo invasor da Península. (1)

A origem do seu nome, segundo tradição oral, veio de um tal Martim que vindo de longe, aqui se estabeleceu dando origem à fundação do povo. Será pura imaginação popular? Haverá fundamento? Limitamo-nos a relatar a tradição, lembrando, contudo que muitos nomes de povoações provêm de nomes de homens que das mesmas foram fundadores ou Senhores. (2)

Outras designações derivam de uma capela ou santo padroeiro (Santa Justa), da flora (Azinhal, Pereirão e Pessegueiro) devido certamente à existência dessas árvores na zona ou então a algum exemplar que pelo seu porte ou escassez, fosse ponto de referência, da fauna (Zorrinhos) ou de condições geológicas (Barrada, Barroso e Monte Argil). (3)

Castelhanos tal como o vizinho Fernandilho, da freguesia de Vaqueiros parece revelar influência espanhola local, o que não admira devido à proximidade da fronteira.

Martim Longo tem igreja de três naves que no dizer de Silva Lopes é a mais antiga destes arredores. O pároco recebia o dízimo das miúças, que andava por trezentos mil réis, o único no Algarve que recebia primícias. (4) Tanto o pórtico como uma porta lateral têm configuração ogival e o templo sofre presentemente obras de restauro de que estava muito necessitado.

Há notícias de que o prior de Martim Longo, Nuno Rijo de Sousa, fundou um vínculo em capela na igreja, o qual, por sua morte, deixou a seu sobrinho, filho de sua irmã, Margarida Baptista de Sousa, de Portimão, o Dr. Diogo Mascarenhas de Figueiredo, cónego da Sé de Faro, arcediago de Lagos e que foi vigário geral do Bispado do Algarve em 1685, e também prior de Martim Longo por renúncia que nele fez o referido Nuno Rijo de Sousa.

Aspecto de uma rua. Foto JV, 2010
Diogo de Mascarenhas era comissário do Santo Ofício em 1665 e morreu em Faro em 1696. Era filho de Diogo Martins Mascarenhas, Senhor do Morgado de Quelfes, moço-fidalgo, dizem que capitão-mor de Faro e da dita Margarida Baptista de Sousa. (5)

Na Exposição de Arte Sacra, realizada em 1940, em Faro, a freguesia fez-se representar por: utensílios de altar, cálix de prata dourada, mandado vir por D. Francisco Gomes e custódia cálix ornada, utensílios de culto, cruz paroquial de prata lavrada (antiga) e palio branco (uma colcha da Índia a que aplicaram sanefas, formando assim o palio). Vestes sagradas: casula de brocado de prata sobre fundo de um formoso rosáceo. (6)

Por Martim Longo também a Casa do Infantado possuía os seus bens. As herdades dos Zorrinhos, Daroeira e da Finca Rodilha, tal como um forno na aldeia, pertenceram a esta Sereníssima Casa (7) extinta em 1834.

Era do lugar de Tremelgo, o capitão de ordenanças, Diogo Mestre Guerreiro, que em 1771 e anos posteriores foi Provedor da Santa Casa da Misericórdia (8), uma das mais antigas do País.

Do Celeiro da Comenda, avaliado em meados do século XIX em 60 080 réis, resta ainda uma lápida que alguém encontrou em trabalhos de reconstrução de uma habitação e que teve o bom senso de colocar sobre o lintel de uma porta pelo que se mantém em muito bom estado.

A zona é bastante seca, o que é uma contrariedade para a população.

A cerca de trezentos metros, há uma lagoa, formada pelas chuvas e onde bebem os animais das redondezas. Os poços que abastecem a população, dão água de má qualidade e secam, por vezes, no Verão. Justifica-se assim o “largo” consumo de água mineral.

É uma região cerealífera, talvez a melhor do concelho, com predomínio do trigo.

Os martim-longuenses são muito activos, com tendência especial para o negócio. Ouve-se dizer que em tudo negoceiam, mesmo em “cascas de alho”, se for necessário. Em qualquer conversa encontram sempre pretexto para o negócio.

Noutros tempos fabricavam muita fazenda grosseira de lã: surianos, estamenhas, meias, etc. que levavam a vender às feiras do Algarve e na da aldeia, no dia de Corpo de Deus. Também fabricavam louça ordinária de que ia muita para Ourique. No Inverno, empregavam-se os almocreves em conduzir perdizes para Lisboa e por aqui havia muitos caçadores. (9)

O comércio encontra-se enraizado nestas gentes e nenhum outro centro populacional apresenta sequer metade do rendimento colectável de contribuição industrial do que atribuído a esta aldeia. A cada passo., um estabelecimento comercial e por lá aparece de tudo um pouco, o que já não acontece em qualquer outro ponto do concelho.

Ermida de S. Sebastião. Des. de JV, 1991
A actividade não se resume à freguesia, mas espalha-se por todo o concelho e limítrofes. De dia, regra geral, os homens partem para o negócio, correndo vilas e aldeias, procurando os montes onde adquirem produtos que colocam nos centros de consumo. Nos estabelecimentos, ficam os familiares. Ao cair da noite é um retinir de telefones, pois os negócios não se podem perder.

Martim Longo foi a primeira terra do concelho a manter um táxi e é a única que tem serviço de abastecimento de combustíveis, mercado, Casa do Povo com sede própria, oficina de bicicletas motorizadas e outras pequenas reparações, dois cafés, serralharia mecânica e escola primária que ocupa duas professoras. Possui mais veículos automóveis do que quase todo o restante concelho.

No último censo, foi a freguesia que apresentou menor decréscimo populacional (19%) e é o centro mais populoso do concelho.

A nível educacional, além de acompanhar as outras povoações com um posto de recepção oficial de Telescola, ultrapassa-as, pois tem quem leccione o 2º Ciclo dos Liceus.

Apesar do muito que representa para o concelho, continua sem energia eléctrica, nem abastecimento de água ao domicílio, nem redes de esgotos, o que lhe causa enormes contrariedades e impede o seu desenvolvimento.

Anseiam os martim-longuenses por ver resolvidos estes seus problemas, principalmente o da energia eléctrica, já programada e para a qual o povo contribuiu generosamente com algumas dezenas de contos. Com ela, a aldeia progredirá, a mecanização das suas pequenas indústrias será um facto, outras aparecerão, enfim, saberão colher os frutos desse melhoramento, devido às suas características empreendedoras.

Martim Longo não pede muito e oferece a certeza do bom aproveitamento desses melhoramentos a que tem jus e por que tanto aspira.


NOTAS

(1)     Arqueologia Romana do Algarve, Maria Luísa Estácio da Veiga A. Santos, II Volt., Prémio General França Borges, 1972.
(2)     Vilar do Pinheiro (concelho de Vila do Conde), Subsídios para a sua monografia, Horácio Marçal, Porto, 1950, pág. 51.
(3)     Idem, ibidem.
(4)     Corografia do Algarve, Silva Lopes, 1841.
(5)     Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira.
(6)     “Exposição de Arte Sacra”, in Boletim da Junta de Província do Algarve, 1940.
(7)     Livro Mod./1-A -de Registo de rendas, foros, prédios e juros de capitais pertencentes à Fazenda Nacional, no concelho de Alcoutim, termo de abertura de 13 de Março de 1867.
(8)     Livro de posses da Irmandade da santa Casa da Misericórdia de Alcoutim.
(9)     Corografia do Algarve, Siva Lopes.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Cais Novo - Outra época, outros figurantes


A Câmara Escura volta novamente ao cais novo e possivelmente não ficamos por aqui.

Esta infra-estrutura realizada em Alcoutim nos meados do século passado, ainda que um pouco fora de tempo, já teve neste espaço a nossa referência histórica e principalmente a descrição da sua construção observada pelos olhos de uma criança e descrita depois aos olhos de um técnico, o Eng. Gaspar Santos alcoutenejo nosso colaborador desde a primeira hora.

O Cais Novo passou a constituir e como se compreende um motivo de orgulho dos alcoutenejos, devido à sua utilidade e grande robustez.

Se o motivo principal que levou à sua construção desapareceu, cais de desembarque do adubo para fornecimento da Serra Algarvia, continua a ter a função de cais de atracação para todos os tipos de embarcação incluindo os grandes paquetes.

Foi o cais que proporcionou a existência das festas anuais, que além do mais beneficiavam do local durante a sua realização.

Era no cais, antes de ser transformado em parque de estacionamento, que se jogava futebol e os miúdos brincavam. Era e penso que ainda é o local preferido para os mergulhos no Guadiana.

Qualquer acontecimento, que se realizasse em Alcoutim, tinha sempre a ver com o cais.

Os moradores da pequena vila raiana e os que a visitam, por mais voltas que dêem, vão sempre parar ao cais. Dia em que o alcoutenejo não veja o Guadiana não é dia para ele.

O Rio pautou sempre a vida dos alcoutenenses. Quase todos conhecem rudimentos da arte de pescar, quase todos sabem nadar, ainda que para isso muitos tivessem pago com a vida o seu contributo.

Quem pesquisar óbitos na freguesia de Alcoutim no século XIX encontra todos os anos vítimas por afogamento no rio.

Todo o alcoutenejo gosta de se sentir perto da água, seja doce ou salgada. Não é por acaso que muitos naturais de Alcoutim seguiram a carreira de marinheiros, obtendo alguns o oficialato.

Tudo isto a propósito da fotografia que o nosso colaborador José Madeira Serafim teve a amabilidade de nos facultar.

Segundo as suas contas é de 1964 / 65 e da esquerda para a direita vêem-se José Serafim, António Antunes, Arnaldo Rodrigues (fal.) e Manuel Barão. Eram uns jovens que andavam pela casa dos vinte anos!

Pequena adenda
Recebemos em 22.06.2012 um mail enviado por João Barão, filho de António Barão e sobrinho de Manuel Barão.
Segundo lhe disse a mãe não é o Manuel que está na foto, mas sim o António e que a fotografia foi tirada com uma máquina deste último, ainda existente.
Aqui fica esta informação numa tentativa de esclarecer a situação.
Será o António ou será o Manuel? Eu não sei responder visto não ter conhecido nenhum.
J.V.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Afonso Vicente foi um grande monte da freguesia de Alcoutim [21]

DEMOGRAFIA – ÓBITOS OCORRIDOS ENTRE 1860 – 1870

Depois de analisarmos o ocorrido quanto a nascimentos, iremos agora debruçar-nos quanto aos falecimentos.



Começamos por dizer que na pequena povoação e durante os onze anos estudados verificaram-se 86 óbitos, sendo 49 do sexo masculino e 37 do feminino. Morreram assim 56,97 % do sexo masculino e 43,03% do feminino.

Enquanto nasceram 75, os óbitos foram mais 11, pelo que o seu número se cifrou em 86.

O ano mais mortífero foi o de 1862 com 16 casos, opostamente situou-se 1869, apenas com 2.

Verificamos que dos óbitos ocorridos 45,34% tinham idade até aos 7 anos (Masculinos, 18 e Femininos 21) o que representa um índice de mortalidade infantil muito elevado.

Não tomando em consideração os óbitos ocorridos até aos 7 anos, a média de anos do sexo masculino foi de 49, 2 anos, enquanto nas mulheres foi um pouco superior ou seja, 51,14, por isso, já então se verificava o que existe hoje, os homens morrem mais cedo do que as mulheres.

No mesmo sentido, dizemos que a mulher mais idosa falecida foi Catarina Mestre, (1870.09.30) de 81 anos e já viúva de José da Palma, quanto aos homens foi Manuel Sebastião com 73 (1962.07.18).

Em relação aos antropónimos também aqui fizemos um apanhado. Faleceram 13 (António), 9 (Manuel) e 9 (José), o que confirma os três nomes mais utilizados nos nascimentos.

Quanto ao sexo feminino, temos 15 Marias, 3 Catarinas, 2 Custódias e 2 Isabéis.

Podemos também informar que dos óbitos verificados dois tiveram lugar na vila e um no Rossio.

Apresentamos seguidamente um gráfico explicativo.

Tal como fizemos com os nascimentos, apresentamos um quadro semelhante quanto aos óbitos ocorridos.

1860
07. Mar
Domingas Custódia
41 anos
Casada com Manuel Madeira, filha de Manuel Vicente e Custódia Candeias, neta paterna de Vicente Mestre e Maria Lourenço e materna de Domingos Vaz e Custódia Maria
02. Abr.
Maria
1 mês
Filha de Manuel Madeira e Domingas Custódia, neta paterna de Lourenço Madeira e Dionísia Custódia e materna de Manuel Vicente e Custódia Candeias.
29. Abr.
Maria Teixeira
70 anos
Viúva de António Lourenço, desconhecendo-se o nome dos pais e avós.
09. Mai.
José
2 anos
Filho de Brás Gonçalves e de Ana Gonçalves, neto paterno de Francisco da Costa e Helena Mestre e materno de António Gomes e Maria Gonçalves.
04. Ago.
Brás Gonçalves
33 anos
Lavrador, casado com Ana Gonçalves, filho de Francisco Costa e Helena Mestre, neto paterno de António da Costa e de Ana Teixeira e materno de Brás Gonçalves e Catarina Simoa.
(*) Pai do anterior.
16. Agos.
Maria Ângela
23 anos
Casada com José Lourenço, filha de Manuel da Palma e de Maria Ângela, neta paterna de Manuel da Palma e de Maria Estevens e materna de João Correia e de Ângela Maria.
12. Out.
Francisco Nunes
38 anos
Jornaleiro, casado com Maria Paula, filho de Manuel Nobre e de Maria Nunes, neto de avós cujos nomes se ignoram.
25. Nov.
Francisco
9 dias
Filho de Manuel dos Reis e de Maria Isabel, neto paterno de António Gonçalves e de Francisca da Palma e materno de José Revez e Isabel Rodrigues.
15. Dez.
António
15 dias
Filho de José Lourenço e de Ludivínia Antónia, neto paterno de Manuel Lourenço e de Maria Rodrigues e materno de João Gonçalves e Maria Antónia.
1861
13. Abr.
António
2 meses
Filho de Manuel d `Horta e de Francisca Antónia, neto paterno de José d `Horta e Maria Clara e materno de João Gonçalves e Maria Antónia.
14. Abr.
Manuel
4 anos
Filho de José Pereira e de Maria Constança, neto paterno de Jsé Pereira e Maria Marques e materno de Miguel Cavaco e Maria Constança.
11. Jul.
Custódia
4 anos
Filha de João Carlos de Freitas e de Maria Gomes, neto paterno de Jasé Carlos de Freitas Azevedo (*) e de Maria da Conceição Botelho e materno de Bento Pereira e Maria Gomes,
(*) Era natural do Porto. Foi durante muitos anos chefe da Secretaria da Câmara de Alcoutim.
07. Ago.
Manuel Madeira
51 anos
Viúvo. Filho de Lourenço Madeira e de Maria Martins, neto paterno de António Madeira e Josefa da Encarnação e materno de António Martins e Catarina Afonso. Deixou 4 filhos.
12. Ago.
Joaquina Mestre
34 anos
Casada com José da Palma, filha de Marco Gonçalves e Catarina Mestre, neta paterna de Miguel Afonso e Antónia Martins e materna de Manuel Mestre e Juliana Maria.
18. Ago.
António
2 anos
Filho de Francisco Rodrigues e de Maria Pereira, neto paterno de Manuel Rodrigues e Maria Mestra e materno de Sebastião Teixeira e Paula Pereira.
1862
06. Fev.
Criança “transnacida” sexo masculino

Filho de Manuel da Palma e de Maria Afonso, neto paterno de Gomes da Palma e Joaquina Pereira e materno de Francisco Lourenço Góis e Maria Afonso.
29. Fev.
Francisco da Costa
69 anos
Lavrador, casado com Maria Gomes, desconhecendo-se o nome dos avós.
Deixa 3 filhos.
Morreu afogado no poço da cerca do vale do Poço.
19. Jun.
José
1 ano
Filho de Brás Gonçalves e de Ana Gonçalves, neto paterno de Francisco da Costa e Helena Mestre e materno de António Gomes e Maria Gonçalves.
12. Jul.
Maria das Dores
69 anos
Viúva de António Gonçalves. Filha de Manuel Afonso, abegão e Ana Afonso. Era natural de Sanlúcar do Guadiana.
18. Jul.
Manuel Sebastião
73
Lavrador, viúvo de Custódia da Palma. Filho de José da Palma e de Catarina Afonso. Deixou 3 filhos.
23. Jul.
Maria Clara
67 anos
Casada com José d `Horta. Filha de António Dias e Maria Clara. Deixou 3 filhos.
26. Jul.
Margarida Pereira
52 anos
Casada com José Gonçalves. Filha de Silvestre Correia, jornaleiro e Ana Rosário.
18. Ago.
Criança recém nascida – sexo masculino

Filho de José Lourenço, jornaleiro e de Ludivina Antónia.
04. Set.
José d `Horta
63 anos
Viúvo de Maria Chaves, jornaleiro. Filho de Manuel d `Horta e de Maria de S. José
02. Nov.
Manuel
1 mês
Filho de Manuel Nunes lavrador e Ana Ribeiros.
08. Nov.
Manuel
3,5 anos
Filho de Francisco Bento, lavrador e Romana Teresa.
20. Nov.
Criança recém nascida – Sexo feminino

Filha de Manuel Gonçalves, jornaleiro e de Joaquina da Palma.
04. Dez.
Maria Juliana
20 anos
Solteira. Filha de Manuel Revez, jornaleiro e de Juliana Gomes.
22. Dez.
António
6 anos
Filho de Manuel da Palma, jornaleiro e de Maria Antónia.
22 Dez.
António
15 dias
Filho de José Martins e de Felícia Martins.
30 Dez.
António Gonçalves
50 anos
Filiação ignorada. Jornaleiro, casado com Maria dos Santos. Deixou 4 filhos.
1863



31. Jan.
Maria Costa
55 anos
Filha de António Gonçalves, jornaleiro e de Francisca da Palma, casada com Manuel Dias. Deixou 2 filhas.
(*) Era 4ª avó de meu filho.
16. Abr.
Helena Roiz
16 anos
Solteira, filha de Manuel Brás, jornaleiro e de Francisca Rodrigues.
21. Abr.
Isabel Roiz
58 anos
Filha de Manuel Fernandes e de Maria Brásia e viúva de José Revez. Deixou 3 filhos.
31. Jul.
Isabel
15meses
Filha de André Teodoro, moleiro e de Maria Afonso.
17. Ago.
João Carlos de Freitas
46 anos
Filho de José Carlos de Freitas Azevedo, Secretário da Câmara e de Maria da Conceição. Lavrador, casado com Maria Gomes.
Faleceu na Rua da Corredoura na vila de Alcoutim.
08. Set.
Manuel
6 anos
Filho de José Borralho, jornaleiro e de Ludovina Antónia.
17. Nov.
António
14 dias
Filho de José Lourenço, lavrador e de Maria Gomes.
1864
07. Jan.
António Ribeiros
7 anos
Filho de Manuel Nunes, lavrador e de Ana Ribeiros.
18. Jan.
Maria
10meses
Filha de Manuel Cavaco, jornaleiro e de Maria Marques.
07.Fev.
Francisco Fernandes
63 anos
Filho de Manuel Fernandes e de Maria Brásia, jornaleiro, viúvo de Maria Marques.
23. Fev.
Serafina
1 ano
Filha de pai incógnito e de Maria dos Santos.
07. Jul.
José
5 anos
Filho de Bento da Palma, jornaleiro e de Isabel da Palma.
03.Set.
Maria Rodrigues
69 anos
Filha de Domingos Rodrigues e de Rosália Botelho. Casada com Manuel Lourenço. Deixou 4 filhos.
13. Set.
José
4 anos
Filho de Manuel Revez e de Maria Lourenço.
29. Set.
Catarina
5 dias
Filha de Frederico da Costa, lavrador e de Brásia do Nascimento.
Faleceu na Rua Portas de Tavira, na Vila de Alcoutim.
11. Out.
António
2 anos
Filho de pai incógnito e de Maria do Carmo.
06.Nov.
Rita
5 meses
Filho de Manuel Gonçalves, lavrador e de Joaquina da Palma.
12. Nov.
António
2 meses
Filho de José Lourenço, lavrador e de Maria Gomes.
23. Dez.
Sebastião
13 anos
Filho de Manuel Brás e de Francisca Lourenço.
31. Dez.
Indivíduo sexo masculino
6 dias
Filho de António Teodoro e de Maria Afonso.
31. Dez.
Ana do Carmo
68 anos
Filha de José Borralho, pastor e de Maria do Carmo. Viúva de António da Palma
1865
17. Fev.
Tomé
Meses
Exposto. A cargo de Felícia Martins do dito monte (Afonso Vicente).
19. Mar
Manuel Lourenço Borralho
69 anos
Jornaleiro, filho de José Borralho, jornaleiro e de Ana Galega. Viúvo de Maria Rodrigues. Deixou 4 filhos.
15. Mai.
José
1 ano
Filho de Manuel d `Horta, jornaleiro e de Francisca Antónia.
20. Jul.
Francisca Lourenço
43 anos
Filha de Manuel Lourenço, jornaleiro e de Maria Rodrigues. Casada com Manuel Brás. Deixou 4 filhos.
1866
14. Jan.
Manuel
Dias
Filho de Francisco Bento, lavrador e de Romana Teresa.
10. Mar
Gémeo, sexo feminino

Filho de Sebastião da Palma, lavrador e de Sebastiana Mestre.
Idem
Gémeo, sexo feminino

Idem
14. Jun.
António
2 meses
Filho de Manuel d`Horta e de Francisca Antónia, moradores na casa nº 30.
15. Ago.
Manuel
13 anos
Filho de José António, jornaleiro e de Maria Antónia, natural de freguesia do Pereiro.
15. Set.
Custódia
13meses
Filha de Frederico da Costa e de Brásia do Nascimento.
20. Set.
Rosalia Maria
80 anos
Filha de Francisco Santiago e de Bárbara Maria. Viúva de Manuel Pereira. Faleceu na casa nº 56.
1867
20. Fev.
João Cavaco
60 anos
Filha de Miguel Cavaco e de Constança Palma. Jornaleiro, viúva de Antónia Rosa
31. Mar
Vicente
2 anos
Filho de Francisco Bento, alfaiate e de Romana Teresa.
13. Jul.
António
15meses
Filho de José António e de Maria Antónia.
24. Ago.
Maria Luísa
22 anos
Filha de Francisco Gomes, albardeiro e de Luzia Rodrigues. Casada com Manuel Francisco.
10. Ago.
Sebastião
3 anos
Filho de Manuel Nunes, lavrador e de Ana Ribeiros.
01. Nov.
Maria
3 meses
Filha de Manuel Francisco, jornaleiro e de Maria Luísa,
1868
10. Mar.
Domingos Pereira
72 anos
Filho de António Pereira, moleiro e de Maria da Palma, fiadeira, jornaleiro, viúvo d Catarina Roiz. Residia em Afonso Vicente mas faleceu na fazendo do Rossio, da Vila de Alcoutim. Deixou 3 filhos.
28. Set.
José Teixeira
59 anos
Filho de José Simão e de Maria Marques. Jornaleiro, viúvo de Maria Constança. Faleceu na casa nº 20. Deixou 6 filhos.
30. Set.
José
De dias
Filho de José Lourenço e de Maria Gomes. Faleceu na casa nº 7.
14. Nov.
Maria
3 anos
Filha de Manuel Revez e Maria Laurência.
20. Nov.
Miguel
3 anos
Filho de José Pereira e de Carlota Pereira,
1869
02. Ago.
Custódia
3 meses
Filha de António Gonçalves, jornaleiro e de Francisca Cavaco.
14. Ago.
Francisco Cavaco
54 anos
Filho de João Cavaco e de Maria Costança, jornaleiro, viúvo de Maria Dias.
1870



12. Jan.
Maria Gomes
68 anos
Filha de José Fernandes, lavrador e de Ana de Jesus. Viúva de Francisco da Costa. Tendeira. Deixou 2 filhos.
13. Jan.
António
6 meses
Filho de José Martins e de Felícia Martins, jornaleiros.
07. Mar.
Romana Teresa
36 anos
Filha de Manuel Ribeiros e de Maria Cavaca, lavradores. Jornaleira, casada com Francisco Bento. Deixou 2 filhos.
08. Abr.
Maria
8 meses
Filha de Francisco Bento e de Romana Teresa, lavradores. * Filha da anterior.
05. Jul.
Maria
18meses
Filha de José Lourenço e de Ludovina Antónia.
16. Jul.
Catarina Gomes
25 anos
Filha de Manuel Gomes Bartolomeu e de Catarina Afonso, lavradores. Lavradora, casada com Manuel Rodrigues. Deixou 1 filho. Deve ter morrido de parto.
29. Ago.
Maria
2 meses
Filha de Manuel Rodrigues e de Catarina Gomes. *Filha da anterior.
30. Set.
Catarina Mestre
81 anos
Filha de Vicente Mestre e de Maria Lourenço. Viúva de José da Palma. Deixou 2 filhos.
12. Out.
Maria Rodrigues
77 anos
Filha de Manuel Simão e de Maria Rodrigues, viúva de Manuel da Palma Gato. Não deixou filhos.
19. Dez.
José Gonçalves Revez
54 anos
Filho de José da Palma e de Custódia Revez. Viúvo de Margarida Pereira. Deixou 2 filhos.