domingo, 30 de junho de 2013

Até sempre ALCOUTIM LIVRE!



 Escreve

Amílcar Felício


Anunciou o Amigo Nunes no seu post de 19 de Junho a suspensão por tempo indeterminado ou até possivelmente o fim do Alcoutim Livre,  ao fim de 5 anos de existência de uma invejável actividade quase diária o que é obra. Mas tenhamos esperança de que se trate apenas de umas retemperadoras férias e de que o Amigo Nunes não irá ter coragem de“matar” o filho que criou com tanto carinho!

Ao longo destes últimos 5 anos, o Alcoutim Livre tem sido a maior parte das vezes o veículo de um exaustivo e talentoso trabalho de décadas como investigador e historiador da “nossa terra”, a que o Amigo Nunes deitou mãos praticamente desde que chegou a Alcoutim em 1967 – e que tão pouco acarinhado tem sido pelos alcoutenejos parece-me – dando-nos a conhecer quer no seu Blogue quer mais profundamente na sua obra escrita, páginas da história de um Alcoutim desconhecido para a maioria de todos nós alcoutenejos! Trata-se realmente de um trabalho extraordinário e único de que todos os alcoutenejos se deveriam orgulhar independentemente da sua cor clubística!

Por outro lado, o conjunto de colaboradores que a ele se foi juntando e a que tive a honra de pertencer, com as crónicas das suas vivências foram revelando a alma de uma Vila e dos seus Montes nos seus tempos áureos das décadas de 30/40/50/60, com relatos de acontecimentos da vida alcouteneja por si vividos ou presenciados que vão desde a chegada provavelmente do primeiro Automóvel, Rádio e Cinema à Vila ou o início da Guerra Civil Espanhola em Sanlucar nos anos trinta até aos grandes êxodos, dos finais da década de cinquenta princípios da década de sessenta. Eram tempos difíceis -- mas que tinham uma auréola muito especial -- para uma comunidade fechada sobre si mesma e quase exclusivamente debruçada sobre o Guadiana e que para sobreviver ia inventando no seu dia-a-dia a sua própria vida, cultura e meios de diversão, constituindo uma sociedade muito sui generis cujo traço dominante era sem qualquer dúvida a imaginação e a solidariedade, formando como que uma verdadeira tribo que olhava com desconfiança para quem chegava de novo ao burgo.

Outros colaboradores, embora sem participação activa na escrita, não deixaram contudo de contribuir também com um importante espólio, fornecendo fotos que vão desde 1873 – uma delas provavelmente da formação da 1ª Banda de Música de Alcoutim – até aos tempos mais recentes da década de sessenta, o que permitirá no conjunto das três participações diversificadas a qualquer desconhecido que se interesse por Alcoutim, ter para lá de uma visão histórica do desenvolvimento da Vila, uma imagem quase cinematográfica do dinamismo de uma Vila e do seu Concelho ao longo de todo o séc. XX e que vai definhando dolorosamente a olhos vistos.

No que me toca pessoalmente, não tenho qualquer dúvida em afirmar: a mim, o AL deu-me incomparavelmente muito mais do que eu lhe ofereci e na hora de despedida já sinto saudades! De facto ao ler os seus textos ou ao escrever as minhas crónicas desde os finais da década de 40, o AL proporcionou-me enquanto o lia ou enquanto “pintava” o Alcoutim que me rodeava, reviver uma infância e uma juventude felizes e enterradas há muito nas brumas da nossa memória e esquecer por momentos as misérias de um Portugal à beira do afundanço completo! É nestas alturas que eu gostaria de ser poeta para poder retribuir-lhe com palavras simples e bonitas, aquilo que me ia na alma ao longo destes anos que fui lendo ou escrevendo as vivências de uma infância e de uma juventude já distantes. Mas nem tudo são azares. Felizmente tropecei num soneto que acaba por traduzir aquilo que o AL me ia fazendo sentir pessoalmente ao longo destes anos e recordar aquele menino, que conheceu um Alcoutim Dourado e que transportaremos toda a vida dentro de nós num cantinho muito especial. Quem me dera que os belos versos deste poema fossem meus para lhos poder dedicar! Ainda vai havendo coisas bonitas na vida, neste mundo cada vez mais feio como dizia a Tia Ana Costa do mundo de antigamente...

Recordo ainda...

Recordo ainda, e nada mais me importa...
aqueles dias de uma luz tão mansa
que me deixavam, sempre de lembrança,
algum brinquedo novo à minha porta...

Mas veio um vento de Desesperança,
soprando cinzas pela noite morta!
E eu pendurei na galharia torta
todos os meus brinquedos de criança...

Estrada afora após segui... mas ai,
embora idade e senso eu aparente,
não vos iluda o velho que aqui vai:

Eu quero os meus brinquedos novamente!
Sou um pobre menino, acreditai...
que envelheceu um dia, de repente!

(Mário Quintana, poeta brasileiro. Morreu
em 1994 aos 88 anos) 


Obrigado Amigo Nunes por nos dar a conhecer melhor a nossa terra!

Obrigado Alcoutim Livre por tão belas recordações que nos proporcionou ao longo destes 5 anos!


sábado, 29 de junho de 2013

Soneto das Memórias...




Soneto
de
José Rodrigues



(Homenagem singela aos meus avós)

 


Lembro, do meu velho e adorado avô,
As estórias ouvidas nos seus joelhos,
A sua bondade e os sábios conselhos,
Que me ajudaram a ser, quem sou.


Recordo, da minha venerada avó,
A sua forma meiga de acarinhar,
O sorriso dela e o azul do seu olhar,
Difíceis de resumir, numa quadra só.


Memoro a chuva nos dias invernais,
Parte deles passados à volta da lareira,
Enquanto o tempo não serenava.


Revivo o luar que nos alumiava,
Em serões, com os amigos de brincadeira,
Nas límpidas e celestes noites estivais.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Dia de Festa


Não fomos nós que escolhemos o título desta última Câmara Escura, mas quem amavelmente nos cedeu esta fotografia.

Pouco podemos escrever sobre ela, pois os elementos que nos enviaram são poucos.

É foto dos anos 50 do século passado e tirada nos Guerreiros do Rio.

O acordeonista é bem jovem e dizem-nos ser natural dos Balurcos.

Pelo título que nos foi dado, parece tratar-se de uma festa e lá está o acordeão para a animar.

Aparece-nos ali uma figura um pouco esquisita, a terceira do lado esquerdo, sem contar com a criança que está ao calo. Toda de negro com um laço (?) na cabeça e cinto branco. Apresenta um fio ao pescoço com um crucifixo.


No conjunto há uma figura que nos parece reconhecê-la, a segunda do lado esquerdo e do último plano. Será a Isabel? Sei que era natural desta zona, o que pode cimentar a nossa impressão.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Vocábulos da minha terra





Versalhada
de
José Rodrigues



O Balurco de Baixo visto da Casa Branca. Foto JV

 
 
Eu gosto da minha Terra,
E dos vocábulos q´ela usa.
Ovelha que come, não berra,
Cântara de barro é enfuza.

Ramo grande é pernada,
Rebento novo é galhoto,
Terreno no monte, raciada,
Pássaro pequeno é ploto.

Coelho piqueno é caçapo,
Hortelã bravo é mantrasto,
Ganducho faz manta de trapo,
Arbusto pequeno é carrasco.

Aldrabice é cambalacho,
Sexo do homem é chula,
Cavalo com burra “dá” macho,
Burro com égua “dá” mula.

Onde há caca é cagadoiro,
Ovelha “faz” caganitas,
Bosta é trampa de Toiro,
O burro expele bonicas.

Acarta-se lenha em cangalhas,
E esterco nas gorpelhas,
As redes carregam palhas,
Encerram também as ovelhas.

Tigela grande é Pelengana,
Tacho de barro é caçoila,
Moça estouvada é magana,
Cueca d´homem ceroila.

Ordenha-se a cabra mocha,
Rouba-se o leite ao chibinho,
Amêndoa falida, tá xoxa,
Monte piqueno é Montinho

A perdiz faz recocão,
O coelho caçapeira,
Cotovia nino no chão,
A merrola na romaneira.

A cabra é bicho de mato,
Tem chibo de criação,
Chibo grande é chibato,
Ou simplesmente cabrão.

Lebre nova é laboracha,
Lebre macho é lebrão,
Lenha d´azinho não racha,
Figueira não ”dá” carvão.

Penêra passa a farinha,
Limpa-se o grão na joêra,
A grama é erva daninha,
Um tufo é uma rabolêra.

É na feira que se merca,
Leva-se a mrenda no talego
Rega-se do poço na cerca,
Adoça-se tramoço no pêgo.

O moiral guarda gado,
Lavra a terra o ganhão,
Com charrua e com arado,
Semeia-se seara de pão.

Ovo de negaça é endés,
Chama-se boleta à bolota,
Uma vaca é uma rés,
Raiz de esteva, arregota.

Filha de rés é bezerra,
Camisa também é blusa.
Eu gosto da minha Terra,

E dos vocábulos q´ela usa.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Ensaio sobre a toponímia no concelho de Loulé

Este pequeno opúsculo adquirimo-lo recentemente, num alfarrabista e não tinha conhecimento da sua existência.

No formato de 15X22 cm tem 59 páginas e constitui a Separata 7, Série ESTUDOS E CONFERÊNCIAS da Sociedade da Língua Portuguesa.

Datado de 1987, é um trabalho da autoria de José Pedro Machado, algarvio, que deixou vasta obra sobre esta temática e a que recorremos com frequência.

São várias dezenas os topónimos apresentados, alguns semelhantes ou próximos dos que existem no concelho de Alcoutim.

Eis alguns dos topónimos que encontrámos e que têm a ver, igualmente, com o concelho de Alcoutim: Abelheira, Álamo, Alcaria, Alfarrobeira, Amarela, Amoreira, Azinhal, Barrada, Barranco, Carrascal, Casa Branca, Casa Nova, Casas, Castelhana, Cerro, Corga, Corte, Curral,  Deserto, Estrada, Ferrarias, Fonte Santa, Lavajo, Lombada, Malhão, Matos, Medronheira, Mesquita, Monte, Montinho, Odeleite, Pereiro, Portela, Reguengo, Soalheira, Torneiro, Vale da Rosa, Vicentes e Zambujal.

terça-feira, 25 de junho de 2013

As minhas memórias mais próximas (XLIX)




Escreve

Daniel Teixeira



JORNAL RAIZ ON LINE

COLUNA UM
  
COMEÇAR DE NOVO OU MUDAR DE VIDA

Fiquei um pouco surpreso quando li no Blogue Alcoutim Livre, dirigido pelo amigo José Varzeano, que este ia, pelo menos, suspender a actividade do Blogue, por todo um conjunto de razões que aponta. O meu conhecimento directo com o José Varzeano é praticamente nulo, e digo praticamente porque na verdade acaba por haver sempre um conhecimento directo através do conhecimento indirecto que a Internet faculta.

Entre as razões apontadas, para além das familiares que eu conheço tão bem, há sempre aquela razão que como se costuma dizer «faz transbordar o vaso». Embora não acredite muito que uma só razão seja a gota de água, ou que essa razão possa funcionar como tal (é preciso não esquecer que para o vaso transbordar é preciso que esteja cheio) pareceu-me entender que havia da parte deste amigo alguma frustração pela quebra estatística de leituras no Blogue.

Bem... gostaria de contar algumas partes da minha história que se enquadram dentro deste discurso: no meu primeiro tempo de Internet havia um site no Brasil, dirigido pelo Soares Feitosa, que era uma verdadeira enciclopédia de poesia e de poetas. Havia ainda um outro Blogue que se dedicava exclusivamente a divulgar poetisas que praticamente tinha tudo sobre a poesia feminina ou feita pelo sexo feminino, havia...havia...havia, todo um conjunto de sites, em plena pujança, que na altura, em páginas minhas que ainda vão mexendo, eu colocava como referências.

De tempos a tempos faço uma volta por esses sites (que durante estes anos todos juntaram milhões de visitas - 1.874.890 neste site, por exemplo) isto apesar de eu não lhes mexer (já nem sei os códigos de acesso e nem me tenho preocupado muito com isso) e verifico que daqueles links que eu forneci na altura, há talvez 10 anos, muito poucos estão «vivos».

Por outro lado, em pesquisas sobre coisas antigas, sou confrontado muitas vezes com sites informaticamente activos, mas sem actividade há cinco anos, quatro, etc. O post de despedida encima muitos deles, com explicações que normalmente se relacionam com o tempo de vida de cada site ou blogue, ou seja, entende-se que os sites e os blogues, pelo menos na forma expressa, têm um tempo de vida e que todas as coisas têm um fim.

Verdade, um dia também nós seremos confrontados com essa ideia. As coisas cansam, e mesmo quando não cansam os leitores cansam quem as faz. A sensação que se adquire ao ver que as coisas não correm bem (menos leitores, menos visitas, menos comentários, etc.) são de facto frustrantes para quem dá o corpo todo e a alma a um projecto que não vê correspondido. Mas não vê correspondido como (?): segundo as nossa expectativas, é claro. Das expectativas dos outros (aqueles que nos lêem, comentam ou colaboram) ninguém sabe ou sabe muito pouco.

Eles estão para lá do ecrã, podem muito bem dar-nos incentivos que funcionam do género do quase sempre inócuo «gosto» no Facebook, outros vão mais longe e colaboram mesmo de forma mais activa, mas também podemos perguntar-nos quando chegará (se chegar) a altura dessas pessoas mais próximas serem confrontadas com a tal ideia que referimos acima, ou seja, que todas as coisas têm um fim?

Não é propriamente um mundo complexo o mundo da internet nem o mundo da nossa actividade na internet: a efemeridade pode ser mais pronunciada ou menos pronunciada mas ela existe e faz parte do jogo. Como em tudo, aliás...o belo tempo em que não havia machado que cortasse a raiz ao nosso pensamento em muitos casos já foi, já foi mesmo e não volta aos sítios donde partiu.

Por isso somos forçados, pelas circunstâncias, a ser ainda mais efémeros que a efemeridade. No nosso caso contamos as semanas, semana a semana e esta foi mais uma.


segunda-feira, 24 de junho de 2013

Pintura de Sérgio Pica


Antes de se dar a suspensão por tempo indeterminado deste espaço, não queremos deixar de dar a conhecer a muitos visitantes / leitores a pintura a óleo do pintor alcoutenejo Sérgio Pica, este não é um alcoutenense fictício mas real, ainda que nunca tivesse conhecido a Vila de Alcoutim, como nos confessou.

A fotografia do quadro foi-nos enviada por alguém que desconhecia o autor S.P. e que no mundo da Internet procurou encontrar algo e veio parar ao ALCOUTIM LIVRE.

Esta paisagem foi comprada num antiquário por um são-brasense, arquitecto de profissão e pintor amador, colega e amigo de quem connosco entrou em contacto.

Sérgio Pica, um autodidacta, que viveu exclusivamente da pintura, distinguia-se principalmente pela pintura dos arvoredos, como está bem patente neste quadro.

Além deste, através de fotografia, tivemos oportunidade de apreciar ao vivo dois dos seus quadros e ambos no Algarve, mais propriamente em Vila Real de Santo António e São Brás de Alportel.


Aqui fica o nosso agradecimento a quem teve a amabilidade de nos enviar tal documento.

domingo, 23 de junho de 2013

Recordando o Dr. Alberto Iria


Joaquim Alberto Iria Júnior, de seu nome completo, nasceu a 27 de Dezembro de 1909 na então vila de Olhão e faleceu a 24 de Fevereiro de 1992, em Lisboa.

Originário de uma família ligada ao mar, vai cursar o ensino secundário no liceu de Faro onde tem entre outros, como professor, o Dr. Fernandes Lopes, médico em Olhão, historiador e homem de grande cultura e parece ser este que influenciou a sua entrega à investigação histórica.

Em 1930 matriculou-se na Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa no Curso de Ciências Históricas e Filosóficas onde se licenciou em 1936, apresentando como trabalho final A Invasão de Junot no Algarve: Subsídios para a História da Guerra Peninsular, 1808 – 1814, trabalho editado pela primeira vez em 1941.

Veio a especializar-se na Universidade de Coimbra em Biblioteconomia e Arquivologia,
sendo nomeado em 1940, terceiro-bibliotecário da Biblioteca da Ajuda.

Em 1941 transita para a Biblioteca e Arquivo da Assembleia Nacional e em 1946 passou a director do Arquivo Histórico Colonial, depois Arquivo Histórico Ultramarino, onde permaneceu 29 anos.

A formação profissional e a presença em arquivos históricos e o seu gosto pela investigação histórica possibilitaram-lhe dar a público obras de grande valor, especialmente sobre a sua região natal – o Algarve.

Substituiu em 1963 na Academia Portuguesa da História o seu comprovinciano, Dr. Júlio Dantas.

Foi aposentado em 1975.

Em 1972 foi escolhido como Vice-Secretário-Gera,l tendo sido reeleito em 1975 e em 1981 eleito Primeiro Vice-Presidente da Academia Portuguesa da História e reeleito de 1984-1986. Em 1987 ascendeu a Presidente de Honra da mesma Academia que manteve até à data do seu falecimento, ocorrido em 1992.

Alberto Iria deixou grande número de artigos publicados em vários jornais, principalmente do Algarve e em revistas científicas.

Correio Olhanense, O Algarve, O Louletano, Jornal de Lagos, Correio do Sul, Voz do Sul, Folha de Domingo, Ecos do Sul, Povo Algarvio e Gazeta de Olhão foram alguns dos jornais do Algarve que se honraram com a sua colaboração.

Da vasta bibliografia, possuímos Cartas dos Governadores do Algarve (1638-1663), Lisboa, 1978, numa edição da Academia Portuguesa da História, que teve a generosidade de nos oferecer com sensibilizante dedicatória, o que aconteceu em 19.03.1985, Ex-Votos Marítimos Inéditos dos séculos XVII ao XIX, Academia Portuguesa da História, Lisboa, 1984, igualmente oferecido pelo autor, Da Importância Geo-Política do Algarve, na Defesa Marítima de Portugal, nos Séculos XV a XVII, Academia Portuguesa de História, 1976 que nos foi oferecido em 1984 pelo Exmo Senhor Professor Doutor Joaquim Veríssimo Serrão, então presidente daquela Academia, O Algarve nas Cortes Medievais Portuguesas do Século XIV, Academia Portuguesa da História, Lisboa, 1982, O Algarve nas Cortes Medievais Portuguesas do Século XV (1404-1449), Academia Portuguesa da História, Lisboa, 1990 e A Invasão de Junot no Algarve (Subsídios para a História da Guerra Peninsular – (1808 – 1814), Lisboa, 2004 que adquirimos recentemente num alfarrabista.

Tivemos a honra de ser apresentado ao Dr. Alberto Iria pelo Professor Doutor Veríssimo Serrão e trocámos com ele alguma correspondência que, naturalmente, guardamos.

A quando da sua morte publicámos no Jornal do Algarve de 18 de Março de 1992, um pequeno texto em sua memória que teve por título Em memória do Dr. Alberto Iria.

Recordar nos últimos dias de existência deste espaço o maior ou dos maiores historiadores do Algarve, após vinte e um anos da sua morte, constitui para nós uma obrigação.


sábado, 22 de junho de 2013

Macela ou marcela, como diz o povo


 Mais uma interessante, útil e vulgar planta espontânea no concelho de Alcoutim.

À macela também se chama camomila, mas o povo designa-a vulgarmente por marcela.

É vulgar em todo o País.

É planta herbácea de flores amarelas, amargas e aromáticas.

Além de planta medicinal usada na preparação de infusões, em seca era a principal acendalha dos alcoutenejos.



sexta-feira, 21 de junho de 2013

Migrantes e emigrantes




Escreve
António Afonso

Todos aqueles que conhecem o Concelho de Alcoutim sabem que este é composto por terrenos muito acidentados, salvo excepção de uma língua de terra, que se estende desde os arredores de Martim Longo até às cercanias do Pereiro, a que designam de “chada ou também achada”, onde o terreno é mais ou menos plano.
São montes, cerros e mais cerros a perder de vista, creio que todos eles paridos pela Mãe Natureza num dia de tempestade, fazendo lembrar um mar encapelado. Todos têm a sua própria designação: o cerro dos mouros, do marco, das perdizes, da raposa, dos barões e ainda um de cujo nome gosto particularmente, o do maniverso, talvez por ser pouco comum. Ora deste tipo de orografia de montanha coberta de vegetação rasteira, composta de estevas e rosmaninhos sobressai aqui e ali uma moita de carrascos. Nos vales profundos correm cursos de água temporários, formando a rede hidrográfica. Em parte, todo este meio ambiente moldou os seus habitantes. As influências do litoral eram bastante escassas devido à barreira natural e aos péssimos meios de comunicação por via terrestre quase inexistentes. As populações receberam também influências do seu vizinho Alentejo, essas tão presentes no seu dia-a-dia nos usos e costumes, como no vestir, andar, cantar, modo de falar e ainda nos hábitos alimentares, agricultura, pecuária, arquitectura, etc.
Compreendo, perfeitamente, que a realidade na vila seria um pouco diferente, pela sua situação geográfica, situada junto a essa estrada líquida, que é o Guadiana e por ser o centro administrativo, com repartições públicas, Finanças, Registo Civil, Escolas, Farmácia, Celeiro, Correios, Serviços Camarários e Forças policiais de Fronteira. Aqui se desenvolveu, também, uma panóplia de serviços necessários à vida quotidiana. Todo esse conjunto proporcionava empregos a muita gente ali nascida e outros vindos de fora, como foi o caso do nosso amigo José Varzeano, vindo da lezíria, que ali enraizou e se tornou uma mais-valia para Alcoutim; oxalá que ainda continue por muitos e bons anos.
Eu estou convencido que o alcoutenejo é ser um híbrido, pois a cepa pode ser Algarvia, mas a enxertia veio do Alentejo, pela força anímica do convívio ancestral, das feiras, das festas, dos casamentos, dos trabalhos campestres enfim, sempre existiu uma proximidade muito grande entre ambas as comunidades; até por razões históricas, convém recordar que este concelho fora parte integrante da província do Alentejo, até à Revolução Liberal e o Algarve ostentava orgulhosamente o título de Reino, concedido pela Casa Real, passando posteriormente à categoria de província e absorvendo Alcoutim para o seu território. Penso que, uma coisa são as decisões políticas, outra, bem diferente é a realidade observada no local; vejam quanto tempo já passou, mas os mais idosos ainda dizem: “ amanhã eu vou para o Algarve “.
Já em Lisboa tive a oportunidade de me cruzar com muitos conterrâneos, que pelo tom de voz eu quase identificava, mas na dúvida, ia puxando o fio à meada, através da conversa, concluindo que eram alcoutenejos de verdade; curiosamente, alguns diziam-se alentejanos e lá tinha eu que corrigir a sua naturalidade.
A terra aqui é pobre, áspera, muito árida e os habitantes só tinham algum sucesso nas culturas de sequeiro, com a ajuda de muitos adubos; essa cultura intensiva deixou os terrenos gastos, exauridos e mesmo nesses tempos nunca produziam o suficiente para alimentar cabalmente os seus filhos. Embora ocasionalmente, estes tivessem de procurar parte do seu sustento noutras paragens, ouvi “estórias” da boca do meu avô, do meu pai e dos meus tios, todos eles atores neste filme que as pessoas se deslocavam para norte à procura de trabalho. Esse cruel relato inquietou-me bastante e jamais desapareceu da minha memória, por julgar injusto tanto sofrimento.
Até aos anos cinquenta as pessoas dirigiam-se para o Alentejo para as mondas e ceifas. Alguns já levavam destino certo; obtido por meio de angariadores, dirigiam-se para as grandes herdades de Beja. Recordo o nome de algumas: o Belo, o Delgado, a Salvada, a Chaminé, formando ranchos migratórios, tal como os “ratinhos,” e os “gaibéus”; porém, outros deslocavam-se com os seus poucos haveres à praça de Beja à procura de trabalho, local que eu chamo “mercado de escravos”. Nos alvores da madrugada, perfilavam na praça como militares; entretanto começavam a chegar, os capatazes, os feitores que escolhiam a sua mercadoria entre os mais fortes e depois, vinham os da segunda e terceira escolha. Por fim restavam os sem trabalho, entregues à misericórdia divina, era assim aquela saga! Dito desta forma nua e crua, creio que os mais jovens irão dizer que se trata de uma inverdade. Pois meus amigos, perguntem aos vossos avós e bisavós, testemunhas vivas desse triste passado e certamente serão esclarecidos. 
Em ambos os casos, eram levados para as herdades onde eram instalados em péssimas condições de habitabilidade, mal dormidos, mal comidos, mal pagos, até a água era escassa, esta distribuída por um aguadeiro. Ao nascer do sol começavam a trabalhar nos trigais da planície, terminando quando este desaparecia no horizonte. Aqui o sol é castigador, atingindo facilmente os quarenta graus no Verão e temperaturas negativas durante o Inverno impiedoso ou de chuvas abundantes que os encharcava até à medula. Com frequência ouviam-se os seus cantares, era uma melodia indolente e arrastada, servindo de bálsamo analgésico para os seus sofrimentos do corpo e da alma, à semelhança dos escravos no seu murmúrio.
O seu salário era muito baixo, à época. Os trabalhadores alentejanos já mais organizados exigiam uma jorna justa pelo seu justo trabalho e acusavam frequentemente os serrenhos de pouco leais e nada solidários, chegando a haver alguns confrontos entre eles. Também estes, eram mal tratados, por vezes presos e escorraçados, pela autoridade vigente; alguns deles partiram para a cintura industrial de Lisboa, outros para longe, para muito longe, sabem para aonde? Para as plantações de cana, no Havai, onde formaram uma comunidade, que chegou aos nossos dias, eram naturais de Serpa, Pias, Vale do Vargo, Baleizão etc.
A partir dos anos sessenta, os alcoutenejos começaram a ir para os arredores de Lisboa, uns a trabalhar no campo, outros nas obras da construção civil. Cheguei a visitar alguns deles em Trajouce, Cascais, que habitavam uma pequena casa, onde preparavam as refeições e dormiam dez pessoas; outros viviam no Barracão situado em Alcântara que foi demolido, quando da construção da ponte. O Barracão era generoso, tinha coração de mãe, nele sempre cabia mais um filho da terra.
Depois veio o ciclo da emigração. Após a segunda guerra, a Europa ficou muito devastada e destruída; passados alguns anos, renascia das cinzas tal como a Fénix, precisava de mão-de-obra de qualquer tipo, pois é precisamente para aí, que se deslocam os alcoutenejos a ganhar a vida, assim como outros compatriotas; muitos vão a salto, outros, poucos, vão legalmente. Nesses países, nomeadamente França e Alemanha prosperaram e ganharam raízes, tendo alguns regressado definitivamente à terra que os viu nascer; outros apenas aparecem de visita e voltam de novo para o país de acolhimento onde a família se alargou.
Desta forma, com toda esta sangria desatada de migrações e emigrações, com o desaparecimento dos mais idosos, Alcoutim foi perdendo drasticamente o seu capital humano, conforme rezam as estatísticas, o despovoamento é notório e acelerado.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Crónicas e Ficções soltas - Alcoutim - Recordações - LI




Escreve

Daniel Teixeira




O ESTRANHA LEVEZA DO BUCÓLICO

 Para mim, e para a larga maioria das pessoas, penso eu, dissertar sobre a desertificação humana de espaços não implica que o estudante se debruce exclusivamente sobre aquilo que podem ser consideradas as razões para que a tal de desertificação humana (sócio - económica) tenha tido lugar.

Desertificação existe em qualquer lado, sendo que nuns locais pode ser mais dramática nos seus resultados do que noutros. Aqui em Faro (cidade do Algarve cercada por mares e rias, campinas e um pouco de serra baixa) é recorrente o debate sobre a desertificação que se verifica na tradicional e histórica Baixa Farense.
Tradicionalmente e psicologicamente acoplada ao pequeno comércio, são relativamente poucas as pessoas que não atribuem ao surgimento das grandes superfícies e consequente deperecimento dos pequenos negócios habituais o actual estado (lastimável) em que a mesma baixa farense se encontra. Contudo aqui será necessário saber o que nasceu primeiro, se o ovo populacional se a galinha comercial.

E na verdade isto é quase como a Bíblia: primeiro foi o verbo humano. E por mais que seja difícil sustentar esta tese o certo é que o comércio foi crescendo à medida que as pessoas se concentravam nos iniciais passeios públicos e que um factor terá influenciado o outro em reciprocidade. E depois foi também o ovo populacional que se foi indo embora obrigando o pequeno comércio a ir progressivamente e em reciprocidade fechando as portas.

Bem argumentaram os pequenos comerciantes em carência, contra a besta monopolista, trazendo argumentos daqueles de puxar ao coração, mas esses argumentos não sustiveram, provavelmente nem por um segundo, o movimento que se desenhava havia já bastante tempo e que a necessidade de adaptação obrigava a ter tido em conta.

Ora, e por falar de coisas do coração, embora o risco pessoal ao escrever isto seja pelo menos maior que zero, eu até por mim mesmo, conheço de larga data as razões, quase sempre repetidas em primeira resposta, sobre aquilo que são os resultados de uma deslocação à Serra e à terra dos seus antepassados: «é um descanso extraordinário, não se ouve barulho nenhum, fugimos a este ambiente da cidade, usufruímos daquela paz que não há em mais lado nenhum, enfim...adorei lá estar.»

Contudo, também a minha experiência pode ainda ser cientificamente cínica para reconhecer que uma parte substancial das pessoas (não quero dizer todas porque existe sempre a possibilidade da excepção à regra) não fica por lá mais de uma semana, ou mesmo duas.

E não fica porque a tal «paz» também cansa e ouvir crescer as ervas não chega para contentar os nossos tímpanos. Beber aquele excelente café de cafeteira, de borras coadas ou assentadas, é óptimo, mas não dispensa a bica de máquina. Levar uns nacos de queijo (que até pode ser de cabra ou ovelha) comprados na grande superfície citadina pode dar um ar de graça campestre, mas dá só o ar.

Aboletar-se à volta de um pão caseiro (citadino) descascando-lhe as côdeas e mesmo alinhavando uma açorda à serrenho é simpático, meter dois ou três ovos a escalfar na água é bonito, mas...há sempre uma quantidade grande de «mas», porque os nossos hábitos são provisoriamente «mestiços» com uma larga percentagem de negritude urbana.

Por isso não façamos, na minha opinião, alarde do nosso extremado gosto pelas nossas origens, sobretudo e por maioria de razão porque nos pirámos de lá - lembremo-nos sempre disso -  e isso, o piranço, terá sido seguramente por alguma razão ou por muitas.

Será preciso encontrar uma forma de convivência entre as duas realidades de que somos feitos, ou de que nos fomos fazendo e isso não depende unicamente, nem pode depender de nós mesmos nem da nossa esforçada boa vontade de coração ou simulação bem intencionada de que estamos ou estivemos, enquanto lá estivemos, no melhor dos mundos.

Estive em França, pouco tempo depois do Maio de 1968 e o «make love not war» lá no sítio levou muitos reformados antecipados a enveredarem pelos campos: as casas eram relativamente baratas e espaçosas, o terreno para plantio estava mesmo ali e nos primeiros tempos as pessoas que fui conhecendo fizeram verdadeiros milagres de inovação agrícola: depois cansou.

A diferença via-se em cerca de seis meses: o regadio antes viçoso estava, passado esse tempo, mais para lá do que para cá, os coelhos e galinhas antes cuidadosamente albergados em espaços largos passeavam por tudo quanto era sítio e achar um ovo posto por uma galinha e acertar no teste da flutuação com uma data de postura aceitável era assim quase como ganhar um prémio.

Por isso não tenhamos ilusões porque a nossa boa - vontade e o nosso idealismo bucólico não vai chegar: é preciso um feedback razoável do lado da parte mais fraca, que é aquela que é tão levemente sustentada por nós mesmos. Será preciso que as condições nos locais se aproximem também da nossa capacidade de encaixe. Tem de haver um movimento de aproximação nos dois sentidos e com uma larga participação das condições envolventes.

Neste momento, e por aquilo que vou sabendo, a vida em ambiente de aldeia pode tornar-se relativamente aceitável para um citadino adoptado. Tudo o que for abaixo disso em termos de ambiente e condições estruturais não vai conseguir captar voluntários de longo fôlego. Aos Montes e terriolas mais pequenas resta fazer o tal apelo ao coração que tão pouco resistente infelizmente é e manter uma salutar alternância entre o coração e a necessidade prática.


Os nossos avós (e nalguns casos os nossos país) foram por lá ficando porque era ali a vida deles. A nossa vida já não é lá e na maior parte dos casos nunca foi. Um pouco de realismo nunca fez mal a ninguém e lutar contra moinhos de vento pode trazer resultados inversos e levar-nos de vez a jogar a toalha ao chão neste complexo ringue social.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

5 ANOS DE EXISTÊNCIA, A META ALCANÇADA!


5º ANIVERSÁRIO


Faz hoje 5 ANOS que o ALCOUTIM LIVRE iniciou a sua caminhada em prol de um concelho, dos mais pobres do país em recursos.

A caminhada a que nos propusemos não era fácil de realizar, tendo em conta os obstáculos a vencer.

O precioso auxílio dos colaboradores que a nós se vieram juntar imbuídos pelo mesmo sentimento, constituiu a mais valia que nos possibilitou chegar até hoje.

Publicámos até este dia 1470 textos quase todos sobre ALCOUTIM e o seu concelho, se lhe retirarmos os 30 de “férias” que “gozámos”, obtemos a média diária de 0,8, o que não deixa de ser significativo e isto durante cinco anos.

Tomando em consideração o formato A/5, foram editadas 6586 páginas, o que dá uma média de 3,66/DIA. Significa isto que os interessados tiveram diariamente à sua disposição quase duas folhas A/4 referindo os mais variados assuntos sobre ALCOUTIM.

Alguns dados estatísticos, além de se tornarem curiosos, ajudam-nos a compreender, dentro daquilo que é possível, as preferências dos nossos visitantes / leitores, isto e como sempre temos dito, quando os textos foram especificamente procurados.


POSTAGENS MAIS VISITADAS

Nº ORD.

TÍTULO

DATA
VISITAS
1
APROFIP – Ass. Prod. Figo-da-Índia ...
2011.10.14
2594
2
Acreditar num futuro melhor
2011.09.30
2232
3
A erva-luísa
2011.06.13
1104
4
Água-pé “Alcoutim Livre”
2010.09.10
994
5
Doçaria de Natal
2010.12.25
813
6
Hortelã da ribeira
2011.10.04
775
7
O candeeiro a petróleo
2010.03.09
659
8
A sociedade dos caixões
2011.09.03
653
9
A Capela de Sta. Justa
2010.06.06
603
10
A Igreja do Espírito Santo, matriz do Pereiro

2010.04.19

588
11
Descrição da Vila de Alcoutim através dos tempos

2009.10.01

582
12
O loendro, arbusto característico do concelho de Alcoutim

2009.01.10

569
13
Alcoutim Livre, imparável
2010.07.10
565
14
O figo da Índia e o seu aproveitamento
2010.09.27
553
15
D. Fernando de Meneses, 1º Conde de Alcoutim

2009.04.03

551

Desta listagem apetece-nos fazer alguns comentários.

Os dois primeiros lugares são ocupados a grande distância dos outros com o tema figo-da-índia. Que a procura é real, é um facto, não sabendo nós se isso corresponde ao número de associados interessados no desenvolvimento de tal assunto. O desemprego e a crise obrigam-nos a procurar coisas que estavam escondidas ou que não queríamos ver!

As postagens que ocupam da 3ª à 6ª posição estão relacionadas com a “alimentação”, se assim se pode dizer, passando pela erva do chá milagroso e por outro lado, pela curiosa erva aromática utilizada na gastronomia.

Dos muitos objectos que apresentámos na nossa rubrica Etnografia, a preferência foi para o candeeiro a petróleo, o que muito nos surpreendeu.

O primeiro texto da responsabilidade dos nossos colaboradores,”A sociedade dos caixões”, é de Gaspar Santos.

A nível de templos, a capela mais procurada foi a de Santa Justa e a Igreja, a Matriz do Pereiro, talvez a mais singela de todo o concelho.

A 11ª posição é ocupada por um texto com algum conteúdo histórico, já que procurámos dar a visão ao longo dos tempos e a 12ª por O loendro, arbusto característico do concelho de Alcoutim.

Fecha o quadro a pequena nota biográfica sobre o 1º Conde de Alcoutim, englobado em tema que tem sido muito procurado e que conta com 38 textos.

A nível de rubricas, na Etnografia, a que teve maior número de postagens, a mais visitada foi A charrua (2011.05.26) enquanto na Câmara Escura a primazia foi para 1º Café de Alcoutim (2009.06.10). No Escaparate o livro mais procurado foi Tesouros do Artesanato Português (2011.11.30). Nos Ecos da Imprensa, rubrica que em boa hora criámos, a preferência foi para O vinho caseiro (2010.02.03) , texto que publicámos no Magazine do Jornal do Algarve de 31 de Março de 1994.

Na Gastronomia / culinária são os doces que ficam à frente com Doçaria de Natal (2010.12.25).

Nas Figuras do Baixo Guadiana é o alcoutenejo Sérgio Pica, (2010.04.28) que demos a conhecer aos seus conterrâneos e não só, pois recebemos vários pedidos de informação através de e-mails, o que tem sido mais procurado.

No tema Arqueologia o primeiro lugar foi obtido por Restos de canhão (2010.06.15).

Para terminar esta pequena análise, informamos que em Porta Aberta a maior procura foi para Novamente Alcoutim no pódio (2011.08.23).

A nível dos nossos brilhantes colaboradores vamos indicar os textos que escreveram e que foram mais procurados, não significando isto que tenham sido os melhores, aliás, análise que se torna muito subjectiva.

Por ordem alfabética:



Amílcar Felício

Relações de trabalho no Alcoutim de antigamente
 (2011.07.24),





António Afonso

– A minha escolinha – Ensino Primário
 (2013.04.02),





Daniel Teixeira
– A migração no concelho de Alcoutim
 (2010.02.24),




Gaspar Santos
– A sociedade dos caixões
 (2011.09.03), como já se tinha informado,




Gonçalo Roiz Vilão
– A lenda da Herdade de Cachopo e a Herdade da Alcaria Alta da Serra (2011.08.28),





José Miguel Nunes
– Aldeia do Surf
 (2011.07.16),





José Rodrigues
– Recordações das férias grandes de há 40/45 anos [A camioneta das 5] (2013.04.18),



José Temudo
– Inverno vem (poema)
 (2011.01.15),




Luís Cunha [colaboração póstuma]
 – Irá perder-se a vetusta Igreja da Misericórdia de Alcoutim
 (2011.08.02) ,





Maria Dias
 As vilas da minha infância
 (2012.07.21).




Fernando Lino – Ainda que só tivesse escrito um texto motivado pela inspiração que lhe causou a leitura de jornais e revistas, as imagens e sons televisivos, não podemos deixar de referir o seu Um conto de réis versus cinco euros (2009.01.21) bastante procurado e elogiado segundo e-mails e outros contactos recebidos.


Quando “festejámos” o 4º ANIVERSÁRIO já tínhamos alvitrado o fecho do ALCOUTIM LIVRE, como os leitores mais assíduos se lembrarão.

Nessa altura já estava marcado no nosso subconsciente o terminus de actividade deste espaço. Seria hoje.

Procurando analisar com justeza a situação, fomos moldando a nossa posição para uma solução menos radical. NÃO É DE ÂNIMO LEVE QUE SE MATA ALGO QUE CRIÁMOS!

NÃO VAMOS ACABAR COM O ALCOUTIM LIVRE, MAS SIM SUSPENDÊ-LO POR TEMPO INDETERMINADO, O QUE PODERÁ VIR A SIGNIFICAR O MESMO. FICA CONTUDO, UMA PORTA ABERTA.

Sabemos que o podíamos fazer e em caso de ainda nos sentirmos com força para regressar, fazê-lo dentro de um novo projecto com algumas variantes e com um novo logótipo. Rejeitamos liminarmente essa hipótese. NÃO ACEITAMOS MUDAR DE LOGOTIPO E MUITO MENOS DE ORIENTAÇÃO. Nestes termos somos conservador.

Entre muitas, indicaremos agora algumas das razões que nos levaram a tal decisão:

- Alguma saturação provocada por cinco anos de actividade praticamente diária, com a excepção dos “30 dias de férias que gozámos”;

- O esgotamento natural de algumas rubricas, como se compreende, pois não podemos inventar “guerras”, “templos” ou “montes” (a não ser os que estão a ser ressuscitados). Com isto, não se pense que as temáticas estavam completamente esgotadas. Quem procura sempre alcança, como diz o povo e é verdade. Quem pesquisa encontra sempre algo que lhe permite escrever um texto com algum interesse, mas para isso tem de conhecer a roupagem para o vestir adequadamente, roupas que temos adquirido durante estes últimos 43 anos. Podemos afirmar que temos em carteira praticamente quinze textos em condições de serem publicados, mas que o não vão ser, pelo menos por agora.

- O decréscimo acentuado das visitas ao blogue que se encontram em 82/DIA nos últimos trinta dias quando já foi de 130! Serão vários os factores que terão contribuído para isso, como o menor interesse pelos temas abordados, possivelmente, menos sugestivos, a saturação dos próprios visitantes / leitores, absolutamente admissível, maiores preocupações motivadas pela crise e até o cortar com o acesso à Internet.

A nível pessoal, as nossas capacidades, à medida que o tempo vai passando, naturalmente que vão diminuindo, ainda que o aspecto mental vá dando alguma resposta. Os achaques que vão aparecendo de ordem física, hoje dói uma coisa, amanhã outra e isto nunca mais acaba ou por outra, acaba um dia, vão fazendo a sua mossa,

Temos de aproveitar as forças que nos restam para fazer algumas coisas que ainda gostávamos de fazer e mantendo o ALCOUTIM LIVRE em actividade isso não é possível.

Os nossos livros estão numa balbúrdia, há já exemplares que não conseguimos encontrar! As fichas em número de milhares estão bastante misturadas e fora das temáticas em que as classificámos. Os jornais acumulam-se, pois não temos tempo de os pôr por ordem, recortar e colar os artigos que consideramos de interesse e que nos ajudam na escrita.

Queremos prestar mais atenção à nossa neta, o que a falta de tempo não nos tem permitido. Frequentemente nos diz:- Oh babá estás sempre a trabalhar no computador, estás a escrever artigos sobre Alcoutim para o teu blogue? Ela é de uma geração que domina estes termos e estas coisas!

Naturalmente mais razões se podiam indicar.

Não podemos terminar sem deixar de agradecer a quem teve a amabilidade de nos felicitar pelo trabalho desenvolvido, foram recebidas algumas dezenas de missivas ao longo destes últimos cinco anos e não esquecer que houve contraditório, o que é salutar pois recebemos um único e-mail nesse sentido assinado pela jornalista Ana Lúcia Gonçalves e proveniente do Gabinete de Comunicação da Câmara Municipal de Alcoutim, do qual demos conhecimento aos nossos visitantes / leitores e a que demos a devida resposta neste espaço.

Uma palavra de muita amizade e de agradecimento a todos aqueles que se dignaram colaborar neste espaço, uma mais-valia, sem a qual, possivelmente, não teríamos chegado aqui. Para todos vai o nosso abraço de reconhecimento e se um dia regressarmos, contamos novamente convosco. Sem menosprezo para ninguém, como é por demais evidente, um abraço especial para o nosso “velho” amigo Eng. Gaspar Martins dos Santos, que desde a primeira hora esteve ao nosso lado, tendo publicado 73 textos de incalculável valor para o passado alcoutenejo. Este é um verdadeiro amigo da sua terra.

Como é hábito dizer-se, os últimos são os primeiros.

Quem escreve é para ser lido, goste-se ou não. Nenhum blogue sobrevive sem visitas e quantas mais forem, mais forças dão a quem escreve. Se o ALCOUTIM LIVRE durou cinco anos foi devido às mais de 120 MIL VISITAS de que foi alvo, originárias de 114 países. O Brasil, falando a mesma língua proporcionou 14% das visitas, o que foi muito importante.

A TODOS O NOSSO PROFUNDO AGRADECIMENTO E ATÉ UM DIA.

Pequena nota
Atendendo a que os volumes do ALCOUTIM LIVRE foram organizados com base de um por trimestre,  para completar o nº 20 o A.L. irá publicar-se até ao final do mês.
JV