A destruição do património
alcoutenejo não é de hoje, vem de longe.
O pelourinho, símbolo do
poder local, foi escondido no cais velho onde uma das peças serve de base de
chuveiro.
Talvez o primitivo edifício
do poder municipal, conhecido por cadeia velha, foi cilindrado ficando como
relíquia a placa indicativa a que chegou a Cheia de 1876 / 77.
A Igreja da Misericórdia foi
espoliada do seu altar de pintura marmórea e transformada em simples “Casa
Mortuária”, ainda que não possua instalações sanitárias anexas.
Salvaram-se os restauros da
chamada “Casa dos Condes” e da simples mas significativa Capela de Sto.
António, na “Ribeira”. Depois de ter estado condenada ao derrube, quase por
milagre consegue salvar-se.
Preservou-se, igualmente, a
“Capela Real de Nª Sª da Conceição”, património municipal.
As últimas ruínas à mostra da
muralha que cercava a vila desapareceram recentemente.
Houve alguém que lhe tirou
fotografias, pelo menos para ficarmos
com essa imagem.
Destruíram-se a Casa do
Capitão-Mor e os Paços do Concelho para darem lugar a réplicas mais ou menos
bem concebidas. Uma réplica, como todos sabem, nunca constituiu um restauro,
como algunspretendem fazer crer! Uma réplica é uma cópia.
No património particular, na
Rua Dr. João Dias, a família Soeiro recuperou bem pelo menos um dos seus
imóveis do século XIX, o mesmo acontecendo com a fachada da casa onde residiu
durante muitos anos a família Cunha, na Rua da Misericórdia. Na mesma,
mantém-se com dignidade a residência que foi de Luís Lopes Corvo.
Na Rua da Parada e mesmo em
frente do local onde se encontravam as assassinadas escadinhas da Rua de Nª Sª
da Conceição, conserva-se uma das mais atraentes casas de habitação da vila,
recentemente vendida e que pertenceu à família Rosário. Teve a sorte de ser
comprada por estrangeiros.
Uma das habitações mais
interessantes da Rua Portas de Mértola, e mesmo da vila de Alcoutim, conserva
desde a data em que foi construída, nos anos 30 do século passado, uma fachada
muito característica da época onde avultavam as decorações em argamassa,
conforme a habilidade dos mestres. Choca-nos, contudo, o actual alumínio de
porta e janelas.
Desconhecemos o destino de uma interessante grade de ferro
forjado existente num desaparecido prédio na Praça da República e que continha
as iniciais de J J M (José Joaquim Madeira) que foi presidente da Câmara
Municipal de Alcoutim e desempenhou outras funções políticas. Penso que era
obra de ferreiros locais.
E o" trabalho" irá continuar!