sábado, 1 de junho de 2013

O Património Edificado


A destruição do património alcoutenejo não é de hoje, vem de longe.

O pelourinho, símbolo do poder local, foi escondido no cais velho onde uma das peças serve de base de chuveiro.

Talvez o primitivo edifício do poder municipal, conhecido por cadeia velha, foi cilindrado ficando como relíquia a placa indicativa a que chegou a Cheia de 1876 / 77.

A Igreja da Misericórdia foi espoliada do seu altar de pintura marmórea e transformada em simples “Casa Mortuária”, ainda que não possua instalações sanitárias anexas.

Salvaram-se os restauros da chamada “Casa dos Condes” e da simples mas significativa Capela de Sto. António, na “Ribeira”. Depois de ter estado condenada ao derrube, quase por milagre consegue salvar-se.

Preservou-se, igualmente, a “Capela Real de Nª Sª da Conceição”, património municipal.

As últimas ruínas à mostra da muralha que cercava a vila desapareceram recentemente.

Houve alguém que lhe tirou fotografias, pelo menos para  ficarmos com essa imagem.

Destruíram-se a Casa do Capitão-Mor e os Paços do Concelho para darem lugar a réplicas mais ou menos bem concebidas. Uma réplica, como todos sabem, nunca constituiu um restauro, como algunspretendem fazer crer! Uma réplica é uma cópia.

No património particular, na Rua Dr. João Dias, a família Soeiro recuperou bem pelo menos um dos seus imóveis do século XIX, o mesmo acontecendo com a fachada da casa onde residiu durante muitos anos a família Cunha, na Rua da Misericórdia. Na mesma, mantém-se com dignidade a residência que foi de Luís Lopes Corvo.

Na Rua da Parada e mesmo em frente do local onde se encontravam as assassinadas escadinhas da Rua de Nª Sª da Conceição, conserva-se uma das mais atraentes casas de habitação da vila, recentemente vendida e que pertenceu à família Rosário. Teve a sorte de ser comprada por estrangeiros.

Uma das habitações mais interessantes da Rua Portas de Mértola, e mesmo da vila de Alcoutim, conserva desde a data em que foi construída, nos anos 30 do século passado, uma fachada muito característica da época onde avultavam as decorações em argamassa, conforme a habilidade dos mestres. Choca-nos, contudo, o actual alumínio de porta e janelas.

Desconhecemos o destino de uma interessante grade de ferro forjado existente num desaparecido prédio na Praça da República e que continha as iniciais de J J M (José Joaquim Madeira) que foi presidente da Câmara Municipal de Alcoutim e desempenhou outras funções políticas. Penso que era obra de ferreiros locais.

E o" trabalho" irá continuar!