Joaquim Alberto Iria Júnior, de seu nome completo, nasceu a
27 de Dezembro de 1909 na então vila de Olhão e faleceu a 24 de Fevereiro de
1992, em Lisboa.
Originário de uma família ligada ao mar, vai cursar o ensino
secundário no liceu de Faro onde tem entre outros, como professor, o Dr.
Fernandes Lopes, médico em Olhão, historiador e homem de grande cultura e
parece ser este que influenciou a sua entrega à investigação histórica.
Em 1930 matriculou-se na Faculdade de Letras da Universidade
Clássica de Lisboa no Curso de Ciências Históricas e Filosóficas onde se
licenciou em 1936, apresentando como trabalho final A Invasão de Junot no Algarve: Subsídios para a História da Guerra
Peninsular, 1808 – 1814, trabalho editado pela primeira vez em 1941.
Veio a especializar-se na Universidade de Coimbra em
Biblioteconomia e Arquivologia,
sendo nomeado em 1940, terceiro-bibliotecário da Biblioteca
da Ajuda.
Em 1941 transita para a Biblioteca e Arquivo da Assembleia
Nacional e em 1946 passou a director do Arquivo Histórico Colonial, depois
Arquivo Histórico Ultramarino, onde permaneceu 29 anos.
A formação profissional e a presença em arquivos históricos
e o seu gosto pela investigação histórica possibilitaram-lhe dar a público
obras de grande valor, especialmente sobre a sua região natal – o Algarve.
Substituiu em 1963 na Academia Portuguesa da História o seu
comprovinciano, Dr. Júlio Dantas.
Foi aposentado em 1975.
Em 1972 foi escolhido como Vice-Secretário-Gera,l tendo sido
reeleito em 1975 e em 1981 eleito Primeiro Vice-Presidente da Academia
Portuguesa da História e reeleito de 1984-1986. Em 1987 ascendeu a Presidente
de Honra da mesma Academia que manteve até à data do seu falecimento, ocorrido
em 1992.
Alberto Iria deixou grande número de artigos publicados em
vários jornais, principalmente do Algarve e em revistas científicas.
Correio Olhanense, O Algarve, O Louletano, Jornal de Lagos,
Correio do Sul, Voz do Sul, Folha de Domingo, Ecos do Sul, Povo Algarvio e
Gazeta de Olhão foram alguns dos jornais do Algarve que se honraram com a sua
colaboração.
Da vasta bibliografia, possuímos Cartas dos Governadores do Algarve (1638-1663), Lisboa, 1978, numa
edição da Academia Portuguesa da História, que teve a generosidade de nos
oferecer com sensibilizante dedicatória, o que aconteceu em 19.03.1985, Ex-Votos Marítimos Inéditos dos séculos XVII
ao XIX, Academia Portuguesa da História, Lisboa, 1984, igualmente oferecido
pelo autor, Da Importância Geo-Política do Algarve, na Defesa Marítima
de Portugal, nos Séculos XV a XVII,
Academia Portuguesa de História, 1976 que nos foi oferecido em 1984 pelo Exmo
Senhor Professor Doutor Joaquim Veríssimo Serrão, então presidente daquela
Academia, O Algarve nas Cortes Medievais
Portuguesas do Século XIV, Academia Portuguesa da História, Lisboa, 1982, O Algarve nas Cortes Medievais Portuguesas
do Século XV (1404-1449), Academia Portuguesa da História, Lisboa, 1990 e A
Invasão de Junot no Algarve (Subsídios para a História da Guerra Peninsular – (1808
– 1814), Lisboa, 2004 que adquirimos recentemente num alfarrabista.
Tivemos a honra de ser apresentado ao Dr. Alberto Iria pelo
Professor Doutor Veríssimo Serrão e trocámos com ele alguma correspondência que,
naturalmente, guardamos.
A quando da sua morte publicámos no Jornal do Algarve de 18
de Março de 1992, um pequeno texto em sua memória que teve por título Em memória do Dr. Alberto Iria.
Recordar nos últimos dias de existência deste espaço o maior
ou dos maiores historiadores do Algarve, após vinte e um anos da sua morte, constitui
para nós uma obrigação.