Era um luxo nos anos 50 / 60 do século passado possuir um
relógio destes, nomeadamente, nos meios rurais “montes”, onde a hora ainda se
media pela altura do sol e o trabalho era marcado desde a hora do seu “nascer”
até ao ocaso.
A vida do campo ainda era pautada pela natureza e era ela
que, igualmente, indicava a hora das refeições.
O velho relógio que durante muitos anos, vindo do tempo da
monarquia e que foi mantido pela 1ª República, soçobrou com o “Estado Novo” e
só depois do 25 de Abril foi colocado um na Capela de Nª Sª da Conceição
substituindo o que se encontrava há muito parado e sem condições de
funcionamento. Logo a seguir, o município presidido por Manuel Cavaco Afonso
colocou um relógio em cada igreja matriz das restantes freguesias.
Até essa altura a vila recebia as horas por contrabando vindas
da vizinha Sanlúcar, o que nos causou durante os primeiros tempos grande
confusão, até porque a hora era diferente.
O espalhar deste relógio e de outros tipos na vila de Alcoutim
e mesmo no concelho foi originado pela acção comercial do nosso saudoso amigo,
João Baltazar Guerreiro, que além de os ter à venda, também os reparava.
O que a fotografia representa foi por ele vendido e é
guardado como uma relíquia, mesmo sem trabalhar. Ainda o plástico não tinha
entrado na sua construção e era necessário dar-lhe corda diariamente para não
falhar. A precisão também não era muito rigorosa.
Na altura não era muito fácil comprar um
relógio-despertador!
Hoje, só não tem quem não quer, nas lojas dos chineses
vendem-se por tuta-e-meia!
São mais precisos, trabalham a pilhas e... duram o tempo que
durarem!