Pequena nota
Este pequeno texto foi
publicado, como se indica, no Jornal do Baixo Guadiana vai para seis anos.
Tratava-se de “uma chamada de atenção” para uma situação que devido às circunstâncias
apontadas considerávamos justa e oportuna.
No fundo, lá teria
ficado qualquer coisa mas os profissionais da política procuram dar sempre a
volta por outro lado.
Na última visita à
pequena vila do Guadiana, ocorrida em fins de Abril verifiquei que se
desenrolavam trabalhos no local que então apontámos que parece continuarem mas
que desconheço o seu âmbito. Mas que ficou alguma coisa, ficou...
JV
(PUBLICADO NO JORNAL
DO BAIXO GUADIANA Nº 80, de OUTUBRO DE 2006)
Conheci a vila de Alcoutim quando nela existiam seis
automóveis que ainda hoje posso identificar.
Poucos demandavam a sede do concelho. O táxi de Martim
Longo, único no concelho, quase todos os dias vinha à vila, ora com doentes,
ora com pessoas que necessitavam de tratar de assuntos nas repartições
públicas.
As duas “carreiras” de camionetas que então diariamente
serviam a vila eram transporte que alguns utilizavam quando passavam nas suas
povoações ou próximo delas e se podiam conjugar os horários.
Então, ainda eram os animais de carga e sela o transporte
mais utilizado, os mais abastados, não dispensavam o macho ou a mula, os outros
não podiam passar sem burrinha e quando não a tinham, pediam-na emprestada a
familiares ou amigos. O rossio da Fonte Primeira, hoje transformado em praia
fluvial, constituía muitas vezes o “parque” de estacionamento adequado, até
porque a “estalagem” já tinha desaparecido.
Pelo que fica dito, não existia o mínimo problema com o
estacionamento e os poucos veículos existentes, estacionavam à porta dos proprietários,
excepto um que tinha garagem e que raramente saía.
Com o 25 de Abril as coisas foram-se modificando, além do
poder de compra dos trabalhadores ter aumentado, criaram-se vias de comunicação
então reduzidas a duas vias principais.
O estacionamento, com o aumento da população da vila para o
dobro, começa a criar problemas, sendo nos dias de hoje, complicado.
Ninguém estacionava no cais visto o local ser o campo de
futebol dos miúdos da vila.
Logo a seguir ao 25 de Abril, cimentou-se o terreno frente à
Câmara Municipal e criou-se o primeiro parque de estacionamento ainda existente
e que era suficiente para as necessidades. Não existia na vila um único sinal
de trânsito!
A falta de estacionamento só se fazia sentir, como é
natural, na altura das Festas da Vila.
Entretanto é bem aproveitado o terreno circundante da parte
norte da vila, no seguimento da Rua de S. Salvador.
O número de veículos na vila e concelho continua a subir
pelo que a dificuldade em estacionar segue o mesmo ritmo.
Depois do poder autárquico ter pensado num parque, chegando
mesmo a apresentar a sugestão de um projecto a ter lugar na vila medieval no
vale junto ao castelo, acabou por ser abandonado por motivos que desconheço.
Penso que foi uma boa decisão pois os custos seriam
avultadíssimos com expropriação dos terrenos e aterro do vale e o que iria
alterar as condições naturais do terreno com todos os problemas que isso podia
originar. Por outro lado o acesso pelas ruelas da vila iria criar complicações
de circulação.
Rossio |
Veio a optar-se, segundo pensamos, por outra solução na vila
nova e próximo da ponte sobre a ribeira de Cadavais.
Pareceu-nos uma opção vantajosa em todos os aspectos, ainda
que desconheça o montante pago pelos terrenos.
Os trabalhadores da EB123 ocupam-no com facilidade pelo que
já começa a ser utilizado em dias normais o parque inferior que contrasta em
tudo com o superior. Terraplenou-se o espaço e … mais nada!
A identificação passa despercebida e o acesso um pouco
apertado. Não se “pede” a cobertura como no superior, mas já podiam estar a
desenvolver-se árvores adequadas na extremidade que iriam suavizar a acção
danificadora do sol nos veículos e porque florestar não é só plantar pinheiros.
Asfaltamento, escoamento de águas pluviais, iluminação,
marcação de espaços, não esquecendo a existência, ao fundo, de uma zona para a
indispensável manobra. (*) A barreira que separa o parque de cima deveria ser
arranjada, relva, cactos, arbustos, etc. e são pertinentes dois acessos por
escadaria, já agora de xisto do concelho, um ao meio e outro na extremidade, no
lugar já marcado pela passagem dos utentes e onde possivelmente já se deram
alguns trambolhões.
Como utente e contribuinte do concelho, assiste-me o direito
de chamar a atenção para tudo o que possa melhorar a imagem da vila e do seu
concelho.
(*) Na última Festa da Vila, o
auxílio que me foi solicitado por uma feirante evitou, depois de muito trabalho,
que dali tivessem saído uns tantos veículos com toques mais ou menos
significativos. Sem auxílio, era coisa impossível sair sem isso acontecer.