Este topónimo perde-se no recuar dos tempos e deve de estar relacionado com alguma fortificação existente no local.
Já tínhamos ouvido falar num encantamento ocorrido por estas paragens mas faltava-nos a descrição até que alguém nos disse:- Quem sabe desse assunto é fulano que quando era moço viu passar o tal bicho esquisito bem perto dele e do companheiro com quem estava.
Registámos o facto e ficámos esperando por uma oportunidade para que nos contassem quando e como as coisas se passaram.
Ela surgiu hoje e não a perdemos.
O guardador de gado que ronda os oitenta anos, enquanto o mesmo pastava, aproveitou para se sentar no cômoro da estrada e comer um pedaço de pão com chouriça que possivelmente constituiu a sua refeição.
Parámos o veículo e fomos ao seu encontro, cumprimentando-o e falando sobre aquilo que conhece bem, ou seja, as suas vacas.
Disse-nos que eram doze cabeças, sendo três bezerros e que tinha que ordenhar uma das vacas visto o bezerro não beber todo o leite que a mãe produzia.
Ainda que a nossa ignorância sobre o assunto seja quase total, deu-nos para perceber que os animais de uma maneira geral estavam gordos.
Procurámos entretanto chegar ao que pretendíamos mas o homem não percebeu bem a nossa pergunta. Disse-nos contudo que quando era mocito um lavrador das Cortes Pereiras, tinha pedido ao seu pai se o podia dispensar uns dias para auxiliar o pastor que estava ao seu serviço e que era originário da freguesia de Vaqueiros.
O pai satisfez o pedido e o rapaz lá foi, acompanhando o pastor, indo o gado para o sítio do Forte que pertencia ao lavrador.
Um dia o pastor que naturalmente orientava o trabalho, disse para o moço que eram horas de comer alguma coisa e que aproveitavam uns muros que por ali estavam e que pareciam serem restos de antigas construções de casas, para se sentarem e abrirem o taleigo onde traziam, o pão e alguma coisa que o acompanhasse.
Refere o facto de o pastor ter dois pequenos cães que estavam junto deles e de, de um momento para o outro verem passar a cerca de cinco metros um bicho, com corpo de cobra, olhos de gente e fartas sobrancelhas e com umas manchas amarelas no corpo.
Ficaram estarrecidos, ainda que o bicho tivesse passado serenamente e não demonstrando qualquer sinal de ataque. O que muito intriga ainda hoje o “vidente” é que os cães, contra o que seria natural, nem sequer ladraram!
Chega entretanto a hora de regressar a casa dos patrões. À ceia o pastor estava embuchado pois tinha que contar aos patrões o que se tinha passado. Quando lhes disse que no sítio do Forte tinham visto um bicho medonho, a patroa interrompeu logo dizendo que já sabia o que era pois também ela o já tinha visto quando andava uns anos atrás, com umas moças, apanhando boleta, dizendo que se tratava de um encanto e o que mais admirou o nosso informador foi a descrição que fez onde nem sequer escaparam as listas amarelas. O patrão por sua vez, tudo confirmou!
A descrição do bicho é muito semelhante à referida na lenda da Moura Encantada no Castelo Velho. Não haverá aqui uma transmissão do “facto” ou teria a moura encantada do castelo-velho dado umas voltas pelas redondezas que lhe ficam próximo?
Aqui fica o que recolhemos ficando à espera que alguém lhe acrescente mais alguma coisa.