domingo, 24 de maio de 2009

Visita inesperada


No sábado dia 16, cerca das 19 horas e quando me encontrava junta da minha casa, conversando com uma vizinha, o telemóvel tocou, o que não é habitual neste local, por falta de rede.

Dirigi-me logo para um sítio onde a ligação não caísse e o número que tinha feito a ligação não era conhecido, mas ao ouvir a voz do outro lado, identifiquei-a bem.

Perguntava-me se estava no “monte”e se podia procurar-me com uma pessoa de Alcoutim que tinha muito interesse em conhecer-me.

Perguntei quem era mas foi-me dito que seria mais interessante eu o desconhecer e para assim se manter a surpresa.

Concordei imediatamente e disse que sim, que estava à disposição.

Naturalmente que comecei a conjecturar quem seria a pessoa e sendo de Alcoutim, se não a conhecesse, certamente conheceria a família.

Talvez devido às circunstâncias, pensei logo que fosse do sexo feminino, o que efectivamente veio a acontecer.

Quem seria? Não fazia ideia.

Não posso precisar o tempo decorrido, possivelmente devido a estar intrigado, pareceu-me imenso, sem fim!

Finalmente apareceu o automóvel. O carro estacionou

Olhei para a pessoa, lá no fundo havia algo que parecia dizer-me alguma coisa, mas não consegui chegar lá.

Quem fez a ligação e em face do impasse, acabou por dizer:- É a filha do seu grande amigo Luís Cunha!


[Luís Cunha]

Fiquei radiante.

Eu até a conheci quando adolescente, ainda que tivesse mais contacto com as duas irmãs mais novas.

Convidei-as para entrar a fim de trocarmos algumas impressões e a conversa manteve-se num ritmo acelerado e que teria dificuldade em encontrar o seu fim.

Lembraram-se familiares, factos e principalmente Luís Cunha, até hoje e como temos afirmado ao longo dos tempos, o alcoutenejo mais culto que conheci. Além disso, a sua simplicidade coincidia com um coração bondoso difícil de encontrar.

Tenho a certeza que se não fosse Luís Cunha eu nunca teria compreendido ALCOUTIM!
Nunca negou as observações, normalmente depreciativas, que lhe fazíamos sobre Alcoutim, pois sabia que elas correspondiam à realidade. Ia contudo demonstrando-me o “outro lado” das coisas “boas” que ele conhecia como ninguém e que a mim me passava despercebido.

Mais ninguém em Alcoutim, que fosse do meu conhecimento, sabia fazer esta distinção! E é aqui que está a grande diferença!

Tive oportunidade de transmitir à filha do meu saudoso Amigo algumas coisas que desconhecia, incluindo a circunstância de conhecer todos os artigos que o pai publicou na imprensa diária e regional, aliás o que dei a público num jornal regional onde então colaborava.

Igualmente lhe afirmei que a tinha procurado num local onde trabalhou, mas na altura ou já lá não exercia funções ou então não estaria, segundo a informação que me prestaram.

Falámos do pai, do avô, das tias, enfim, na família e de, como não podia deixar de ser … em Alcoutim, com todos os seus problemas, principalmente no aspecto da conservação das suas raízes, em muitos locais deturpadas.

Depois de tantos anos, foi um enorme prazer reconhecer uma das filhas do nosso saudoso Amigo.

Espero não voltar a perdê-la!

Obrigado pela visita.