Se a memória não nos falha, fomos duas ou três vezes a esta povoação, o que aconteceu há mais de trinta anos.
Certamente que no decorrer deste tempo foram aparecendo beneficiações de vária ordem nas estruturas básicas mas em contrapartida a população desceu e continuará a descer.
Estando em Martim Longo, sede da freguesia, para procurarmos o Laborato, tomamos a estrada que nos leva ao cemitério, hoje Rua Portas do Laborato, deixando à esquerda a nova Escola Básica e Integrada ficando mais à frente, no lado direito a alagoa que em tempos recuados desempenhou um papel importante na vida da aldeia, principalmente no matar da sede aos seus gados.
[A "alagoa" em 1992.Foto JV]
Após a passagem do cemitério, o monte servido por estrada asfaltada ficará a uma distância de cerca de 2,5 km.
O topónimo, único no país, não é de fácil explicação. José Pedro Carvalho, no seu Dicionário Onomástico/Etimológico (...) pergunta: Está relacionado com laborar? (1)
Não me custa admitir que assim seja.
Esta zona foi habitada pelos romanos que aqui teriam explorado uma mina de cobre.
(2)
Situada a 285 metros de altitude os minerais explorados foram a azurite e a malaquite, carboratos de cobre relacionados com fitões hidrotermais.
Os dois poços existentes há muito que foram abandonados. (3)
As Memórias Paroquiais de 1758 já o referem quando o pároco indica os montes que fazem parte da freguesia de Martim Longo.
Em 1839, segundo Silva Lopes, era o quarto monte em número de fogos (28), a nível da freguesia. À sua frente estavam Santa Justa (36), Pessegueiro (35) e o vizinho Castelhanos com 29. (4)
Andando a Câmara em correição e estando neste “monte”, apareceram indivíduos pedindo terreno no rossio do mesmo para fazerem casas e quintais, os autarcas dirigiram-se ao local. Como o povo se fosse agrupando e pronunciando ditos impróprios, para evitar questões, resolveram recolher-se e não conceder naquela ocasião terreno a pessoa alguma. (5)
Na sessão da Câmara de 8 de Outubro de 1850 foram lidos vários requerimentos de indivíduos deste “monte” pedindo licença para fazer quintais a arramadas no rocio do mesmo. Possivelmente eram os mesmos interessados e não encontrámos os despachos que obtiveram.
Luísa Maria, casada com António Nobre, deu à luz em 12 de Julho de 1876 três crianças que receberam o nome de Joaquim, Ricardo e Maria. (7)
Sabemos que em 1931 foi concedido um subsídio de 150$00 pela Comissão Administrativa da Câmara Municipal para arranjo do poço. (6)
[Sede do C.C. e Recreativo]
O edifício sede do Centro Cultural e Recreativo local foi inaugurado em 22 de Julho de 1989, recebendo naturalmente o auxílio e apoio da Câmara Municipal. (8)
O Grupo Juvenil de Acordeonistas de S. Brás de Alportel deu nesta associação um concerto em 1991. (9)
Em 1995 a Câmara Municipal ofereceu o projecto de remodelação do edifício da associação (10) e é nesse ano que têm início os festejos populares anuais, que a Edilidade subsidiou com 90 contos.
O Centro possui uma sala destinada à realização de festas, funcionando igualmente para receber outras iniciativas de várias áreas, sendo assim um espaço polivalente.
A XIV Festa Popular do Laborato teve lugar nos dias 11 e 12 de Julho de 2008 e a Câmara concedeu um subsídio de € 1.500,00 (mil e quinhentos euros).
A Associação de Caçadores de Castelhanos e Laborato tem a seu cargo uma zona de caça associativa.
Na ribeira do Vascão e perto deste monte existem pegos que proporcionam bons banhos, como acontece com o Pego Longo e o Pego da Oliveira.
O arranjo dos arruamentos do monte foi concluído em 1991.
[Ponte dos Castelhanos, sobre a Ribeira do Vascão, que liga ao concelho de Mértola]
A nível de população, esta foi crescendo até 1940 com 154 habitantes. A partir daí os censos demonstram um decréscimo com 112 em 1960, 104 em 1970, 85 em 1981 e 66 em 1991, ano dos últimos dados que possuímos.
Em 1911 tinha 151 habitantes e era então o terceiro “monte” mais populoso da freguesia, suplantado por Santa Justa e Corte Serrano
Foi o que conseguimos reunir sobre esta pequena povoação.
NOTAS
(1)– Horizonte/Confluência, II Vol.2ª Edição, 1993, pág. 842.
(2)– Estácio da Veiga, Antiguidades Monumentais do Algarve.
(3)– Património Arqueometalúrgico de Alcoutim, Mª Victória Abril Cassinello, Isaura Cardoso Guerra e José Mª Jinenez Rós, Dezembro de 1994.
(4)– Corografia ou Memória, Estatística e Topográfica do Reino do Algarve, Edição fac-similada (1988)
(5)– Acta da Sessão da C.M.A. de 25 de Junho de 1848.
(6)- Acta da Sessão da C.M.A. de 6 de Agosto de 1931.
(7)– Acta da Sessão da C.M.A.
(8)- Boletim Municipal nº 5, de Setembro de 1989.
(9) - Correio da Manhã de 23 de Fevereiro de 1991.
(10)- Alcoutim – Revista Municipal, nº 1, de Maio/Junho de 1995.