terça-feira, 30 de junho de 2009

Número de polícia

Se não é assim que se chama, pelo menos já teve essa designação, é o número que cabe a cada porta nos arruamentos para poder haver uma identificação correcta do edifício e de quem lá reside.

Em 1877, num ofício dirigido ao Governador Civil, (*) informa-se que a “numeração de todas as casas de habitação e das susceptíveis de serem habitadas foi concluída (...) no prazo designado (...) e procedeu-se à cobrança dos números mas a maior parte só se prontificou a pagar o número correspondente à casa que habitam, recusando-se a pagar os mais porque dizem que foi assim feito no concelho de Castro Marim.”

Isto aconteceu há muito mais de um século!

É natural que depois disso tenha havido algum ajustamento mas de que não tenho conhecimento.

É hábito e possivelmente obrigação legal as ruas terem duas placas, uma no início e outra no fim.

Passando por “Vila Nova de Alcoutim”(Rossio) onde presumo viva grande percentagem da população, verifiquei que a identificação dos prédios apresenta deficiências.

Não era propriamente da vila que eu queria falar, mas sim das pequenas povoações a que aqui chamam “montes”.

Há meses foi-me dado ler num jornal diário a resolução deste problema por uma Câmara Municipal e que, se a memória não me atraiçoa, foi o Município de Abrantes.

O tempo em que os montes estavam “cheios” de gente, já lá vai.
O tempo em que os montes tinham difícil acesso, já lá vai.
O tempo em que se ia ao poço buscar água, já lá vai.
As candeias há muito desapareceram e os candeeiros a petróleo ou a gás se existem, são para se usar em situações excepcionais.

Estas infra-estruturas mudaram completamente, temos hoje outra realidade que está a ser esquecida.


[Casa apetrechada de receptáculo de correspondência. Foto JV, 2009]
O que tem valido aos carteiros é serem da região e conhecerem bem as pessoas, mas quando aparece um de fora, o assunto complica-se logo, tanto para os funcionários dos CTT como para os utentes.

Dir-me-ão, os painéis de caixas do correio colocados em muitos montes resolveram a situação.

Responderei, “entregámos o oiro ao bandido”. O carteiro, assim, gasta praticamente o mesmo tempo a distribuir uma carta como cinco ou dez. Consequentemente são precisos menos profissionais deste ramo e o desemprego sobe. Alguém terá que ficar prejudicado. É o utente que tem de se deslocar diariamente ao local, por vezes distante e muitas vezes a sua idade e saúde não permitem.

Poder-se-á dizer:- mas os preços desceram ajustando-se à nova situação de gestão. Pelo contrário, todos sabemos que por ano os preços sobem invariavelmente!

É claro que para haver distribuição ao domicílio é necessário que haja a devida identificação dos prédios e que estes possuam os respectivos receptáculos, já que hoje não se devem e bem meter as cartas por debaixo da porta como se fazia antigamente.

Mas a identificação não é só para os carteiros. Então e os serviços de água e electricidade? Quando há avarias, como localizam os locais? Tem o aflito que se pôr à entrada do monte para dizer onde é a casa! Já lá vai o tempo em que havia sempre gente pelos montes e que sabia normalmente fazer essa indicação. No monte onde costumo estar provisoriamente, se não está a vizinha do lado não vejo ninguém. Por vezes resolvo dar uma volta para ver se encontro alguém. Não se vê ninguém!

Muito recentemente visitei com um amigo vinte e duas povoações do concelho. Pois em mais de metade não conseguimos ver uma única pessoa!

E como se governam os Bombeiros ou a autoridade Policial?

No ano transacto apareceu o carro dos bombeiros perguntando por Fulana de tal e as pessoas indagadas não sabiam quem era!

As situações que aponto podem ser resolvidas ou pelo menos melhoradas desde que haja interesse nisso.

Aqui fica o alvitre aos responsáveis.

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(*) – Nº 148, de 18 de Setembro.