quarta-feira, 1 de julho de 2009

Feira de Corpo de Deus



Esta Feira que se realiza na aldeia de Martim Longo juntamente com a de S. Marcos, que tem lugar na aldeia do Pereiro, são as mais antigas do concelho.

A informação é prestada quando o pároco de Martim Longo responde ao inquérito para o efeito organizado em 1758.

A pergunta 19 é feita nos seguintes termos: - Se tem feira, e em que dias, e quantos dura, se he franca ou cativa?
A resposta obtida foi a seguinte: Tem este lugar de Martinlongo sua feyra ou vigília no dia de Corpo de D., a qual dura so m te no tal dia, e ha noticia q. fora instituída franca, mas não consta do previlegio e hoje se conserva cativa. (1)
Já existia nesta data e pela leitura deduz-se que não era de recente instituição.

Naturalmente que Silva Lopes também a refere no seu valioso trabalho sobre o Algarve e fá-lo da seguinte forma: “Os habitantes fabricam muitas fazendas grosseiras de lã, tais como surianos, estamenhas, frizas e meias que levão a vender às feiras do Algarve, ou que alli lhes vêm comprar, principalmente na feira que se faz no dia de Corpo de Deus, em que concorre muita gente”. (2)

Pinho Leal, no seu conhecido Dicionário, considera-a uma grande feira.(3)

Nas nossas pesquisas encontrámos uma pequena referência a ela. Na Sessão da Câmara realizada na aldeia de Martim Longo, em 13 de Janeiro de 1843, foi deliberado demarcar no rossio o terreno para as eiras e para o “local da Feira de Corpo de Deus”. (4)

Os Anuários Comerciais dos anos trinta, além da feira no dia de Corpus Christi, referem outra a 17 de Agosto. Possivelmente esta feira teria sido criada em 1927, já que a Câmara autorizou em Sessão de 16 de Fevereiro a criação de uma feira anual na sede da freguesia, mas não indica a data.

A Feira do Corpo de Deus continua a realizar-se mas sem o esplendor e a mística de outros tempos. Ao contrário da de S. Marcos, realiza-se sem quase se dar por ela.

Não nos recordamos de alguma vez a termos visitado.

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(1)ANTT – Memórias Paroquiais, Freguesia de Martim Longo, concelho de Alcoutim.
(2)Corografia do Reino do Algarve, 1841
(3)Portugal Antigo e Moderno, Vol.V (1875), pág. 101.
(4)Livro dos Acórdãos da CMA (nº2) de 2 de Junho de 1841 a 30 de Dezembro de 1849.