quinta-feira, 2 de julho de 2009

A mesa

Estas pequenas mesas que na sua maioria eram de confecção local deixaram de ser usadas, salvo raríssimas excepções.

Havia-as de fabrico mais rústico como se pode ver nalguns exemplares ainda existentes.

Com uma altura de cerca de 0,60 m e 0,80 de comprimento, a largura é cerca de metade deste.

Possuíam, como este exemplar, uma gaveta relativamente alta a todo o comprimento, que servia para arrumação de garfos e colheres e alguma navalha que aqui designam por faca.

Os alcoutenejos, logo de miúdos, começavam a usar uma faquinha (navalha) para resolverem as suas necessidades e este hábito mantinha-se pela vida fora, o que ainda hoje se poderá verificar. Quando tocava a comer, as faquinhas saíam imediatamente dos bolsos para cortar o pão, o toucinho ou qualquer outro “conduto”.

Os garfos eram de ferro e as colheres primeiro de lata e depois de alumínio.

À hora habitual reunia-se a família à volta da pequena mesa, cada um sentado na sua pequena cadeira de tampo de tabua ou de junça e que já aqui apresentámos.

A “patroa”, a quem competia fazer a refeição e administrá-la, despejava da panela de barro e para dentro da pelengana o que tinha podido confeccionar e que tinha estado ao fogo.

Previamente tinha feito as sopas (ao companheiro competia muitas vezes essa tarefa) que absorviam o caldo que era acompanhado por legumes ou couve e o tempero, que era em geral azeite ou carne de porco, nomeadamente toucinho.

Se eram seis pessoas e o prato tinha carne, havia seis “presinhas”, uma para cada um.
É evidente que isto não se passava em todas as casas mas sim nas famílias rurais, no trabalhador à jorna e nos pequenos proprietários que só se distinguiam dos assalariados porque não trabalhavam para fora mas a sua vida era muito semelhante à destes.

Por todo o concelho podem-se ver ainda hoje muitas mesas destas, agora com funções completamente diferentes. As pelenganas continuam a sua tarefa mas cada um come no seu prato.
Este uso e costume não teve lugar exclusivamente no concelho de Alcoutim ou na serra algarvia, espalhava-se por muitas partes do país, senão todas.