Pegámos num dicionário, o que estava mais próximo e procurámos “panela”. Esclarece:- s.f. Vaso ou pote de barro ou de metal para serviços culinários. Procurámos depois num mais recente em que a explicação é a mesma, passando o barro do primeiro plano, para o segundo.
Compreende-se assim, mas nem só por isto que apareceu naturalmente primeiro o barro e só depois se começaram a utilizar metais de vários tipos.
O uso da panela de barro em Alcoutim está praticamente extinto como facilmente se compreende, devido a toda uma evolução de vida que se foi processando.
Nos princípios do século passado o uso da panela de barro estava generalizado a todo o concelho, nomeadamente nos meios mais rurais, os montes, o que se veio a estender até meados do século.
A confecção das refeições era feita através da combustão da lenha, representada principalmente pelas estevas e onde aparecia algum tronco (cepo) de oliveira, amendoeira, chaparreiro ou qualquer outro proveniente de limpeza ou secagem das árvores.
A lenha era por essas alturas muito escassa pois os campos andavam limpos, todo o terreno aproveitado para as sementeiras.
Por outro lado havia que cozer a amassadura semanal e os fornos precisavam igualmente de serem aquecidos.
As refeições faziam-se na “casa do fogo” tivesse ou não chaminé. O vulgar era acender-se o fogo a um canto da casa e o fumo saía por uma telha que se levantava.
As panelas de barro, bojudas, eram ligeiramente mais altas do que largas. Umas eram vidradas, outras não e havia-as de vários tamanhos.
Destinavam-se principalmente à feitura dos “jantares” de couve, feijão e grão, pratos muito substanciais e do agrado dos alcoutenejos, ainda que cada vez haja menos pessoas que os saibam confeccionar. Primeiro porque se deixaram de fazer nas panelas de barro, depois porque o tempo da cozedura encurtou bastante e os ingredientes deixaram de ser de produção local, nomeadamente as carnes e os enchidos.
Punha-se a panela ao fogo antes de se sair para os trabalhos do campo e quando se regressava, estava pronto a servir. Em lume brando, ia cozendo lentamente, apurando assim a sua feitura.
Confesso que nunca comi um “jantar” feito nestes moldes, limito-me a descrever o que me têm contado, mas é fácil concluir, devido às razões apontadas deviam ser muito bons.
Aqui fica o que pudemos compilar sobre a velha panela de barro que caiu naturalmente em desuso.
Quem ainda as tem? Poucos serão.