domingo, 12 de julho de 2009

D. Luís de Noronha e Meneses, 6º e último Conde de Alcoutim

Na nota biográfica que organizámos dos Condes de Alcoutim no nosso trabalho, Alcoutim, capital do Nordeste Algarvio (Subsídios para uma monografia), 1985, foi a do 6º e último que se apresentou mais desenvolvida, possivelmente por esta última circunstância.
Iremos hoje publicar uma nova nota aumentada no que nos foi possível compilar.

***

D. Luís de Noronha e Meneses nasceu em 1589 sendo filho de 4º Conde, D. Manuel de Meneses e de sua mulher D. Maria da Silva, Dama da Rainha D. Catarina.

Casou com D. Juliana de Meneses, filha de D. Luís de Meneses, 2º Conde de Tarouca que foi 19º Capitão e Governador de Tânger, onde faleceu em 1614 e de D. Luísa Henriques, sua primeira mulher.

Herdou o título de seu irmão, D. Miguel Luís de Meneses que casou duas vezes, sendo a última com sua sobrinha, filha daquele que veio a herdar o seu título visto não ter deixado geração, a não ser uma filha natural havida em Ceuta e filha de uma mulher nobre castelhana, D. Maria Xuar.

Herdou o título com 48 anos de idade.

Foi o 9º Capitão general de Ceuta, 7º Alcaide-mor de Leiria, Comendador de Vila Franca, na Ordem de Cristo e Senhor de Valença, Caminha, Valadares, Chão de Couce e outras.

Além de Conde de Alcoutim ostentou os títulos de 9º Conde e 7º Marquês de Vila Real e 7º Conde de Valença

Além disto era membro do Conselho de Estado de D. Filipe III.


[Coroação de D. João IV]

Quando os conspiradores iniciam o levantamento em 1 de Dezembro de 1640, encontrava-se o Marquês na sua cidade de Leiria e só tem conhecimento do acontecido no dia 8 por informação de seu filho, o 2º Duque de Caminha. Logo fez aclamar em Leiria D. João IV como Rei e jurou-o sem problemas nas Cortes que tiveram lugar em Janeiro seguinte, em Lisboa.

D. João IV depois disto acabou por reconduzi-lo no cargo de Conselheiro de Estado, o que igualmente aconteceu ao arcebispo de Braga, D. Sebastião de Matos e Noronha e ao inquisidor-geral, D. Francisco de Castro.

A estes juntou alguns membros saídos da nova situação política.

Além da recondução no lugar de conselheiro, o rei não o chamou para mais nada de relevo, antes pelo contrário, nomeou-o coronel do Terço da Nobreza, o que o Marquês sentiu como agravo.

Além disso um dos conjurados, D. Carlos de Noronha, Comendador de Marvão e muito bem aceite por D. João IV é nomeado em 7 de Janeiro de 1641 Presidente da Mesa da Consciência e Ordens.

D. Carlos de Noronha tinha casado com D. Antónia de Meneses que nasceu em Ceuta e pretendeu ser filha legítima de D. Miguel Luís de Meneses, 5º Conde de Alcoutim, decorrendo demanda judicial pela sucessão da Casa de Vila Real, o que naturalmente criava mal-estar.

Era sabido que as duas grandes Casas Senhoriais, a de Bragança e a de Vila Real nunca tiveram grandes laços de ligação, bem pelo contrário.

As mercês concedidas pelo Rei a uma nobreza menos ilustre mas que se tinha empenhado na Revolução, causou desagrado e descontentamento à que se considerava de maiores pergaminhos, como aconteceu com D. Luís de Noronha e Meneses, Marquês de Vila Real e Conde de Alcoutim e seu filho, 2º Duque de Caminha.


[D. João IV]
Começa a congeminar-se uma conspiração e em que são principais figuras os três conselheiros que o Rei manteve do tempo da Duquesa de Mântua, o arcebispo de Braga, D. Sebastião de Matos e Noronha, D. Luís de Noronha e Meneses e o bispo inquisidor-geral, D. Francisco de Castro.

A conspiração veio a ser descoberta por intermédio de D. Afonso de Portugal, 5º Conde de Vimioso

A 28 de Julho foi dada ordem de prisão aos conspiradores nos quais se encontrava o 6º Conde de Alcoutim que foi interpelado por Tomé de Sousa, enquanto seu filho, 2º Duque de Caminha foi preso por Pedro de Mendonça (outros dizem Jorge de Melo) e António de Saldanha. O cabecilha, D. Sebastião de Matos e Noronha foi preso por D. Rodrigo de Meneses, Desembargador do Paço.

Provado o delito de lesa-majestade foi degolado no Rossio de Lisboa no dia 29 de Agosto de 1641

Os seus bens foram confiscados e incorporados na Casa do Infantado, criada por alvará de D. João IV, de 11 de Agosto de 1654, a favor dos filhos segundos dos nossos monarcas.
________________________________________________

Dicionário Ilustrado da História de Portugal, Publicações Alfa, 1982, II Vol. Pág.335
Dicionário dos mais ilustres Transmontanos e Alto Durienses, coord. de Barroso da Fonte, Editora Cidade Berço, Guimarães.
História Genealógica da Casa Real Portuguesa, António Caetano de Sousa, Edição QuidNovi/Público – Academia Portuguesa da História, Vol. II, pág.293.
Nobreza de Portugal, dir. de Afonso Martins Zúquete.
Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira.
D. João IV, Leonor Freire Costa e Mafalda Soares da Cunha, Reis de Portugal, Temas e Debates, 2008.
D. João IV e a Campanha da Restauração, Mário Domingues, Edições Romano Torres, 1970
Wikipédia, a enciclopédia livre.