Esta fotografia, de fins da década de sessenta do século passado, foi das primeiras que tirei em Alcoutim.
Na Idade Média, a rede viária era constituída por duas artérias, a rua (direita) das Portas de Mértola e a rua (direita) das Portas de Tavira que aproximando-se do rio, desembocavam na praça ou terreiro onde se situava o poder político, administrativo judicial e senhorial, além das relações comerciais, ligadas fundamentalmente ao rio.
Com o decorrer dos tempos, a rua direita das Portas de Tavira foi dividida em duas, a Rua D. Sancho II e a do Dr. João Dias, enquanto a das Portas de Mértola manteve este nome e deu seguimento à Rua da Misericórdia.
Enquanto a primeira foi perdendo o movimento que tinha por falta de seguimento condigno, a segunda com a operacionalidade da estrada 122-1 foi-se mantendo ou mesmo recrudescendo.
Quando em meados do século passado começaram a chegar à vila as camionetas de carreira que vieram substituir o transporte fluvial, era por esta rua que passavam para chegar à praça, já da República.
Entretanto as camionetas foram-se transformando no sentido de transportar mais pessoas e então já não podiam passar por tais artérias, pelo que foi aberto um novo acesso ainda existente por aquilo a que o povo chamava “Os Trases” e que era constituído por quintais pertencentes às habitações e que iam até junto aos restos da muralha da vila.
Apesar desta machadada a rua continuou com algum movimento, pois era lá que se situava a Misericórdia e onde pontificava o seu pequeno Hospital fundado pelo Dr. João Francisco Dias e ao qual o seu filho, o saudoso Dr. João Lopes Dias deu, digno seguimento. Acabou-se o “João Semana”!
Quem conhece hoje o local pode estabelecer as diferenças operadas em relação a esta fotografia