sábado, 29 de agosto de 2009
D. Miguel Luís de Meneses, o Conde que foi Duque
D. Miguel Luís de Meneses, filho do D. Manuel de Meneses, 4º Conde de Alcoutim e de sua mulher, D. Maria da Silva que foi Dama da Rainha D. Catarina.
Teria nascido cerca de 1565.
Como primeiros títulos, usufruiu os de Conde de Alcoutim (5º) e de Valença (6º) que competiam aos herdeiros da Casa de Vila Real.
Já usava o título em 1580.
Foi 8º Conde e 6º Marquês de Vila Real. Governou Ceuta por muitos anos com acerto e felicidade.
Casou a primeira vez em 1604 com D. Isabel de Lencastre, filha do Duque de Bragança D. Teodósio I e da Duquesa D. Brites de Lencastre, a qual morreu sem geração em 21 de Abril de 1626.
Por carta de 14 de Dezembro de 1620, Filipe III de Portugal (IV de Espanha) concedeu-lhe o título de 1.º Duque de Caminha.
Casou segunda vez com sua sobrinha D. Maria Brites de Meneses, filha de seu irmão, D. Luís de Noronha e Meneses, que lhe veio a suceder no título e de sua mulher D. Juliana de Meneses, de quem também não teve descendência.
Esta D. Maria Brites quando viúva, passou a segundas núpcias com D. Pedro Portocarrero, conde de Medelin.
O 5º Conde de Alcoutim teve, porém, uma filha natural da castelhana D. Maria Xuar, em Ceuta, à qual deixou os bens livres e tentou deixar a sua casa.
Chamou-se D. Antónia de Meneses, criou-se no Mosteiro de Almoster (Santarém) e seu pai casou-a com D. Carlos de Noronha que foi Presidente da Mesa da Consciência e Ordens e que pretendeu suceder na Casa de Vila Real.
D. Miguel Luís de Meneses possuía vastíssimas terras e tinha honras de parente e tratamento de sobrinho de el-rei.
Para a expedição organizada em 1624, a fim de restabelecer o domínio Português na cidade de Baía, no Brasil, que tinha sido tomada pelos holandeses, contribuiu com 16.500 cruzados.
Faleceu a 10 de Agosto de 1637 e não tendo descendência directa, sucedeu-lhe o seu irmão e sogro, como já se disse, D. Luís de Noronha e Meneses, indo para seu sobrinho e cunhado, o título de Duque de Caminha.
_____________________________________
Brasões da Sala de Sintra, Anselmo Braamcamp Freire, Imprensa-Nacional Casa da Moeda
Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira
Dicionário Ilustrado da História de Portugal, Edições Alfa, 1982
Nobreza de Portugal e do Brasil, Edições Zairol, Lda., Lisboa, 2000.
História Genealógica da Casa Real Portuguesa, António Caetano de Sousa, Edição QuidNovi/Público – Academia Portuguesa da História (fac-similada da de 1946)
Wikipédia, a enciclopédia livre.
Pequena nota
Com esta nota biográfica do 5º Conde de Alcoutim, terminámos o roteiro que nos tínhamos proposto efectuar – apresentar notas biográficas sobre os seis Condes de Alcoutim.
Sem respeitarmos a cronologia, iniciámos o trabalho no Jornal do Baixo Guadiana com D. Pedro, o 2º e depois com D. Manuel, o 4º, possivelmente os que tiveram maior nome. Os quatro restantes já tiveram lugar neste ALCOUTIM LIVRE e possivelmente tiveram mais leitores do que se fossem publicados na imprensa regional algarvia que demonstra não estar muito virada para a escrita deste tipo.
Quando cheguei a Alcoutim há quarenta e tal anos, nunca ninguém me falou nos Condes, assunto praticamente desconhecido da população local.
Eu também desconhecia o título nobiliário e tive conhecimento dele através de um simples Anuário Comercial que o então correspondente me emprestou. A partir daí iniciei as minhas “pesquisas orais” e encontrei duas ou três pessoas que tinham conhecimento da sua existência.
A nível de leitura recorria à Biblioteca Municipal de Faro quando me era possível e foi lá que comecei por consultar alguns dos trabalhos base sobre o Algarve, comportando naturalmente Alcoutim.
A sala estava quase sempre deserta.
Não esqueço que o responsável na altura pela Biblioteca, pessoa muito reservada e que eu já conhecia de nome, devia ter notado que eu com alguma frequência ali me deslocava. Não lhe teria passado despercebido o meu interesse por Alcoutim e então a única “ajuda” que me prestou foi chegar junto de mim e perguntar-me se havia alguns arquivos capazes de consultar em Alcoutim! Podia ter dito, mesmo pensando que não o iria praticar:- Se precisar de alguma coisa, diga, que eu ajudarei se puder.
Em contrapartida direi que a senhora que me atendia e que não teria qualquer formação na área, foi sempre extremamente simpática e procurou-me sempre, apesar das suas limitações, ajudar-me o que algumas vezes aconteceu. Não podia deixar de escrever isto. Os nomes, é o que menos interessa.
Isto passou-se há mais de 35 anos mas ainda hoje é fácil encontrar.
Há cinco anos e numa área geográfica completamente diferente solicitei audiência ao senhor Director da Biblioteca que desceu as escadas do seu gabinete e veio ter comigo perguntando-me o que é que eu desejava.
Disse-lhe que andava completando um trabalho e gostaria de o enriquecer, por isso pedia-lhe que como director da biblioteca me desse algumas pistas para eventuais pesquisas.
Ele, que já me conhecia de nome, através da minha colaboração em jornais, disse-me que quem conhecia do assunto era eu e que aguardava a publicação do meu trabalho para a biblioteca dispor dele.
Isto revela a sua incompetência profissional e a verdade é que quando o poder político mudou, foi imediatamente substituído.
Acrescentarei que ofereci a algumas bibliotecas esse meu trabalho, mas àquela, não.