quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Miguel Ferrera

Pequena nota
Há quatro ou cinco dias a notícia chegou-me por mensagem no telemóvel. Procurei junto do informador mais elementos que afinal não possuía. Devia ter falecido há poucos dias.

Fiz outro contacto telefónico. Do outro lado confirmam-me a morte mas não sabem dizer quando, talvez fins de Julho.

Voltei a contactar outro amigo. Sabe dizer-me quando faleceu o D. Miguel de Sanlúcar? Não tenho conhecimento de nada. Perguntou no café se alguém sabia alguma coisa (local, Vila de Alcoutim). Enquanto uns diziam que ainda era vivo houve alguém que disse que tinha morrido ia para seis, sete meses.

Com tantas dúvidas, não podia avançar com qualquer notícia.

Nova tentativa de esclarecimento. Agora através de” e-mail” para o país vizinho. O afastamento por uns dias só possibilitou hoje a informação mais segura.

Como era possível D. Miguel Ferreira ter falecido em Fevereiro e em Alcoutim ser facto desconhecido! Confesso que me custou a acreditar.

E agora, a informação para mim mais chocante, que dou por intermédio de uma amiga que me disse que a família lhe informou e estava naturalmente bastante chocada com isso, que não tinha ido nenhum português, que tivessem tomado conhecimento, a acompanhá-lo à ultima morada!

Não foi o povo (sabe-se o que é o povo a que pertenço) e os seus eleitos que o representam, não dispunham de barco para os transportar! Onde está a apregoada (quando convém) fraternidade com os sanluquenhos?

Tudo isto me custa a acreditar.

JV



Morreu o D. Miguel em Fevereiro e só agora o consigo confirmar.
Não era um alcoutenejo mas era como se fosse.
Nasceu em Sanlúcar do Guadiana em 1920 onde sempre viveu explorando o comércio tradicional que desde os princípios do século passado a família possuía, primeiro o avô, depois o pai que faleceu quando ele tinha 20 anos e se encontrava às voltas com a guerra civil no interior do país.

No seu comércio misto, típico das pequenas terras, de tudo vendia.
Os portugueses eram bons clientes principalmente de conhaques (Pedro Domec e Terry), vidros (duralex), chocolates, louça de esmalte, caramelos e ferramentas de corte, nomeadamente machadas enxadas e tesouras de podar.

Nessa altura o escudo valia o dobro da peseta!

Em contrapartida os espanhóis vinham buscar a Alcoutim outras coisas como o café, tabaco (20-20-20), oiro, cordas, etc.

D.(Sr.) Miguel, como era tratado pelos portugueses, tinha com todos um excelente relacionamento, era uma pessoa muito prestável e bastante considerada.

Também eu mantive com ele um bom relacionamento e agradeceu-me imenso a oferta que tive o gosto de lhe fazer do meu primeiro trabalho em livro, Alcoutim, capital do nordeste algarvio (subsídios para uma monografia), de que veio a adquirir vários exemplares para oferecer a familiares e amigos, o que muito me honrou.

Com ele falava em tudo excepto sobre a Guerra Civil.

Exerceu as funções de Alcaide na sua terra natal.

Deste espaço envio as minhas sentidas condolências à família e em especial aos seus filhos, Angélica e Miguel Ângelo, podendo terem a certeza que se estivesse em Alcoutim e soubesse do acontecido nunca teria deixado de os acompanhar nesse momento tão difícil.

Não me importava de ser o único português.