segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Saco de linho
A peça, que escolhemos para a entrada de hoje na área da etnografia, é muito simples e poderá dizer-se que as que existem estão guardadas em malas ou arcas funcionando como peças de museu.
Até meados do século passado, o concelho de Alcoutim era relativamente bem habitado, comparando com o que é hoje e a actividade pautava-se pelo binómio agricultura / pastorícia.
O alcoutenejo tinha que viver com o que produzia, importando o mínimo possível por falta de poder económico e pelo acréscimo motivado pelas dificuldades de transportes e comunicações.
Se os homens entre outras coisas tinham que saber fazer cadeiras ou cestos, as mulheres, por outro lado, tinham de saber fiar e tecer, a fim de resolverem os problemas inerentes a essa área.
Em todos os “montes” existiam teares rudimentares que iam passando de pais para filhos e onde grande parte das mulheres sabia tecer pelo menos coisas rudimentares, sendo uma delas a teia para fazer sacos como este.
Os sacos de linho, que tinham por comprimento o dobro da largura, possuíam quase sempre duas pequenas borlas aos cantos sendo a boca a um dos cantos provida de uma corda que servia para a atar.
Estes sacos destinavam-se fundamentalmente ao transporte de sementes, nomeadamente de trigo.
Depois do cereal devidamente limpo nas eiras era metido nestes sacos e transportado no dorso dos animais para os celeiros onde era armazenado.
Quando havia necessidade de farinha, voltavam a servir enchendo-se e lá iam a caminho de moinhos ou azenhas, carregando os animais destinados a esse transporte.
Depois do grão transformado em farinha, regressavam a casa, agora mais leves devido à retenção da maquia.
O exemplar fotografado, quase novo, foi-me oferecido por um familiar por afinidade. Fê-lo sabendo que apreciamos estas coisas e que o saberíamos preservar e até agora não se enganou.