sexta-feira, 17 de junho de 2011

O poço do cercado das Asneiras

[Ribeira de Cadavais. Foto JV, 2010]


Este poço, ainda que tivesse sido particular e que há muito se encontra entulhado, foi importante para a vila de Alcoutim como adiante indicaremos.

Não sabemos quando o mandaram entulhar mas não mentimos se dissermos que foi há mais de quarenta anos.

Alguns dos mais idosos alcoutenejos recordarão o seu nome, mas não serão muitos.

Sabemos que se localizava junto à Ribeira de S. Marcos, talvez lá para os sítios da Amarela, esta sim, designação ainda muito conhecida dos alcoutenejos.

Este topónimo de “Amarela” é muito antigo pois no século XV são doados a D. Fernando de Meneses, Conde de Alcoutim, uns moinhos no Esteiro da Amarela. (1)

Houve sempre dificuldades de encontrar água potável para as populações locais e em anos de estiagem aumentavam.

Os seus proprietários, quando os poços públicos secavam, facultavam a água deste poço à população e assim aconteceu a quando da construção da estrada distrital Alcoutim-Pereiro.

Em 1876 o Presidente fez saber à Câmara que o poço denominado das “Asneiras” e que por cedência da senhoria, D. Júlia Xavier de Brito, foi no ano anterior aprofundado à custa do município na condição do público nele se abastecer, de que então tanto se carecia e que antes de mandar fazer qualquer obra, devia ser ouvido o novo possuidor, António José Ramos Faísca Caimoto. (2) Estando este presente na sessão municipal, declarou nenhuma dúvida ter em ceder à população a água do referido poço, sempre que se desse estiagem ou falta de água nos poços públicos, obrigando-se a Câmara a fazer no referido poço os reparos que carecer. (3)

Desconhecemos as razões que levaram ao entulhamento do poço, alguma haveria para o efeito. Aqui fica este pequeno apontamento com um sentido histórico.


Notas
(1) – Liv. I dos Mystic.
(2) – Pensamos que era genro da anterior proprietária que tinha casado com Augusto Carlos Pinto.
(2) - Acta da Sessão da C.M.A. de 21 de Setembro de 1876