sábado, 7 de fevereiro de 2009

António Vicente Campinas

Nasceu a 28 de Dezembro de 1910 em Vila Nova de Cacela, concelho de Vila Real de Santo António.

Pouco depois a família fixa-se em Vila Real de Santo António.

O seu primeiro emprego foi na Tipografia Socorro, na vila onde vivia e mais tarde é guarda-livros das firmas Capa, Folque e Rita.

Monta uma pequena livraria na Rua Teófilo Braga, os livros foram sempre a sua grande vocação.

Figura cimeira do neo-realismo português, foi autor de vastíssima obra, abrangendo vários géneros literários, da poesia ao romance, não esquecendo o canto, a novela e a crónica. Alguns dos seus livros foram traduzidos em várias línguas.

Autodidacta de grande talento, tornou-se num escritor muito apreciado, citado mesmo em estudos universitários da área.

Ombreou com Alves Redol, Manuel da Fonseca ou Fernando Namora, entre outros, sofrendo perseguições políticas e até o cárcere.


Foi colaborador de vários jornais e fundador do “Jornal do Cinema” que obteve alguma projecção.

Em 1935 funda e dirige o periódico Foz do Guadiana, em Vila Real de Santo António.

De formação republicana, foi sempre um idealista, convicto das suas opções, mas respeitador do pensamento alheio.

Foi militante do Partido Comunista Português mas Vicente Campinas, segundo parece, nunca publicou nenhum livro com a chancela da Editorial Caminho o que é bem sintomático.

Entre os seus trabalhos, contam-se:- Aguarelas (poesia), 1938, Recantos farenses (Livraria Campina), 1956, Lisboa, Outono (Livraria Ibérica), 1959, Preia-mar, poesias (Ed.do Autor), 1969, Reencontro, 1971, Escrita e combate – textos de escritos comunistas, 1976, Natais de exílio, 1978, Homens e cães (contos), 1979, Três dias de inferno, (Jornal do Algarve), 1980, Vigilância, camaradas (Jornal do Algarve), 1981, Gritos da fortaleza, (Jornal do Algarve), 1981, Putos ao deus-dará, 1982, Rio Esperança, Guadiana, meu amigo (Jornal do Algarve), 1983, Fronteira azul carregada de futuro (Ed.do Autor), 1984, O dia da árvore marcada (Nova Realidade), 1985, Fronteiriços (Nova Realidade), 1986, Ciladas de amor e raiva (Ed. do Autor), 1987, Segredo do meio do mar (Ed. do Autor), 1988, Mais putos ao deus-dará (Orion), 1988, O azul do sul é cor de sonho, narrativas, 1990, A dívida, os corvos e outros contos (em colaboração com Manuel da Conceição) 1992, e Guardador de Estrelas, antologia, 1994, ultimo trabalho que lhe conhecemos.

É famoso o seu poema “Cantar Alentejano”, musicado por José Afonso.

Em 1994 quando já se encontrava numa cadeira de rodas e muito doente, a autarquia vila-realense prestou-lhe a devida homenagem pública e o seu nome foi dado a uma artéria da cidade.

Faleceu em 3 de Novembro de 1998.

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“Morreu António Vicente Campinas”, Lolita Ramirez, in Jornal do Algarve de 12 de Novembro de 1998.

“Pesar da AJEA pelo falecimento de Vicente Campinas, in Jornal do Algarve de 12 de Novembro de 1998.