domingo, 22 de fevereiro de 2009

Casas de paredes arredondadas


[Construção de parede arredondada em Afonso Vicente, foto JV, Janeiro de 2009].
A Etnografia de hoje apresenta uma velha e típica construção de xisto e grauvaque que numa fase inicial serviu de habitação para depois se transformar em palheiro ou arramada.

Não nos parece que tenha a ver com uma questão de formato da área porque de uma maneira geral o terreno que lhe é contíguo é do mesmo proprietário.

No nosso trabalho, A Freguesia do Pereiro (do concelho de Alcoutim) «do passado ao presente», 2007, a p. 66, apresentamos outra construção semelhante situada naquela freguesia, existindo outras espalhadas por todo o concelho, mas que vão desaparecendo por falta de utilização e quando já se procuram efectuar novas construções onde o tijolo é rei.

A existência de líquenes que lhe dá uma coloração agradável à vista, é uma das provas da sua antiguidade.

Este tipo de parede faz-nos lembrar as construções circulares feitas em pedra solta e terra, com telhados de colmo e que em tempos serviram de habitação aos seus proprietários, na freguesia de Cachopo, serra do Caldeirão e de origem Pré-Histórica, são hoje aproveitadas para recolha de palha e outros apoios.

Não esquecer que as palhotas em África têm uma configuração semelhante.

Parece-nos igualmente que devido ao material usado e existente na época, seria mais fácil fazer uma parede arredondada do que direita e esquinada. Os actuais materiais de construção tudo modificaram e a habitação da serra algarvia passou a ser igual à das Beiras ou Trás-os-Montes.

Quem as inventariou e recolheu fotograficamente? Possivelmente ninguém!