quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O Celeiro da Comenda


Faz hoje precisamente 134 anos que o celeiro de Martim Longo foi vendido em praça, em Faro e arrematado por Zeferino Guerreiro da aldeia.

Na relação que Silva Lopes anexou à sua Corografia do Algarve, 1841 e referente à avaliação dos Bens Nacionais existentes no Algarve, consta- Celleiro da Commenda em Martim Longo, avaliado em 60$080 reis.

Por carta de 2 de Maio de 1302, D. Dinis doara à Ordem de Santiago o padroado da Igreja de Alcoutim e das que viessem a ser construídas no termo sob a jurisdição da mesma. (1)

A Ordem de Sam Tiaguo (...) tem a metade das remdas destas terras e Igrejas de Caçella e de Castro Marim e d`Alcoutim e de suas capelas e irmidas asy de dízimos como de oblações e pee d`altar segundo tem per sua com (-) posiçam feita, a metade a dita Ordem e a Igreja de Sylves. (2)

As visitações às igrejas e capelas do concelho de Alcoutim foram feitas pela Ordem de Santiago até 1587, altura em que essa missão passa a pertencer aos Bispos do Algarve. (3)

No Arquivo da Sé de Faro existiam as Contas do Celeiro de Martim Longo de 1826 e 1827.

Relativo ao ano de 1797, este Celeiro, que tinha um rendimento de 1601$000, só era ultrapassado pelo do conjunto das freguesias de Sta. Maria, Stº Iago e de Stª Catarina (Tavira) com 1852$000, enquanto o de Alcoutim se cifrava em 610$100. (4)

Na antiga Rua Direita de Martim Longo, hoje Rua Dr. Antero Cabral, encontra-se um documento epigráfico, na fachada de uma habitação e aí colocado pelo menos à volta de 50 anos, não sabendo nós de onde foi retirado ou encontrado.

Admitimos que este documento tivesse indicado o CELEIRO DA COMENDA, da Ordem Militar de Santiago, de que foi Grão Mestre D. Paio Peres Correia.


NOTAS

(1)-“A Antiguidade das Freguesias do Algarve”, Arnaldo Casimiro Anica, in Jornal do Algarve de 27 de Janeiro de 1994.

(2)-Visitações da Ordem de Santiago no Sotavento Algarvio, Hugo Cavaco, 1987.

(3)-A Escultura de Madeira no Concelho de Alcoutim do séc. XVI ao séc. XIX, Francisco Lameira e Manuel Rodrigues, Faro, 1985, pág.19.

(4) – A Catedral do Algarve e o Seu Cabido, José António Pinheiro e Rosa, II Volume, Faro, 1983, págs.179, 214 e 215.