quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A canastra



Já referimos este objecto de uma maneira sucinta quando escrevemos neste espaço sobre a cestaria.

A sua confecção era praticada por grande número de alcoutenenses pois fazia parte da formação de um homem. Havia sempre na família quem as soubesse fazer para uso da casa.

Faziam-nas de cana e de tamanhos diferentes, conforme as suas necessidades, dependendo da utilização que lhe iriam dar. Tinham sempre duas asas.

Eram várias as utilizações, sendo algumas muito próprias.

Nelas se transportava a palha que se colocava nas manjedouras para alimento dos animais, nomeadamente as bestas.

Além da utilização para transporte, era usada para armazenamento. Era nelas que grande parte das famílias recolhia o figo seco, depois de devidamente tratado, tendo passado pelo forno e pelo escaldar. Aqui ficavam para o consumo anual da família que os utilizava muitas vezes como alimento quando saíam para os trabalhos de campo.

Noutra canastra eram armazenados os figos rejeitados e que se destinavam à alimentação dos animais.

Outra utilização muito praticada tratava-se da preparação da azeitona, que se salgava, destinada ao fabrico do azeite e que tinha lugar nas queijeiras que aqui já referimos.

Em canastras pequenas (como alternativa aos cestos e aos cortiços) preparavam as azeitonas mais gradas, principalmente as maçanilhas roxas que constituíam as chamadas “azeitonas de sal”, muito típicas desta região.

Enquanto a roupa “fina” era colocada na arca de castanho, a de trabalho guardava-se em canastras.

As mulheres utilizavam-nas para levar a roupa suja aos pegos dos barrancos próximo para procederem à lavagem, utilizando-a igualmente no regresso.

Foram estas, segundo a recolha feita, as principais utilizações da canastra.

Tudo isto faz parte de um passado recente pois estas actividades estão hoje praticamente abandonadas.

Hoje, poucos saberão fazer uma canastra!