Já por várias vezes neste espaço tem sido referido esta arte de pesca que foi muito usada no Guadiana e recentemente utilizada por um reformado que após tal situação regressou ao monte de origem junto ao rio, onde em jovem aprendeu com familiares o seu manejo.
Em artigo que publicámos na imprensa regional em 1977 e depois na “Monografia” de Alcoutim, 1985 fizemos referência a esta arte de pescar.
Silva Lopes na sua Corografia do Algarve (1841) já a indica como utilizada no Guadiana.
A fisga apresentada na fotografia é centenária e confeccionada numa das forjas que se espalhavam por todo o concelho, possivelmente e devido à sua origem deve ter sido feita na forja do S. Martinho (Cortes Pereiras).
A rusticidade é evidente e conhecemos várias do mesmo tipo ainda que comecem a escassear.
O cabo era normalmente de cana, muito fácil de obter e que a torna mais leve na utilização ou então de madeira.
O número de dentes era variável, entre 10, que é o caso e 20. Na extremidade de cada um existe uma espécie de anzol ou arpão para evitar que o peixe se solte.
Utilizava-se na designada pesca ao candeio e era praticada por duas pessoas, um que conduz a lancha e o outro que se colocada à proa de fisga em riste e onde se encontra o candeio (começou por se utilizar um gasómetro e depois um petromax).
Enquanto uns afirmam que a luz serve para a aproximação do peixe, outros dizem que é só utilizada para o pescador os ver.
A agilidade do pescador é importante para esta pesca de ferimento praticada a partir de S. João até Outubro, de noite e destina-se ao muge.
Nas casas da especialidade temos visto algumas fisgas, de configurações diferentes e vários tamanhos, que se baseiam no mesmo princípio e se destinam aos pescadores desportivos.
TEMA
Etnografia