Pequena Nota
Como é do conhecimento dos nossos leitores existe um acordo entre o JORNAL RAIZONLINE e o BLOGUE ALCOUTIM LIVRE no sentido de haver um intercâmbio, de textos publicados quando assim for julgado conveniente.
É por isso que os leitores quando procuram o RAIZONLINE encontram por vezes reproduzidos alguns dos nossos textos que por este meio chegam a locais que se assim não fosse, nunca chegariam.
É igualmente sabido que muitos dos habituais visitantes acabam por também sê-lo daquele periódico.
É neste sentido que reproduzimos a interessante nota que o Amigo Daniel Teixeira, director daquele Jornal e nosso colaborador colocou como achega ao artigo do saudoso amigo, Luís Cunha.
São estas pequenas achegas que fazem manter, primeiro na memória e depois no “papel” as tradições dos nossos avós.
JV
Nota de Daniel Teixeira:
O amigo José Varzeano tem-me desafiado para escrever as minhas memórias de infância, tendo esta sido passada periodicamente no Concelho de Alcoutim, mais propriamente em Alcaria Alta, Freguesia de Giões, Concelho de Alcoutim, todos os anos quando das férias escolares.
Eu tenho memórias - e boas - de factos passados nesses períodos, que irei escrevendo mas hoje esta história do José Varzeano e do Luís Cunha fez-me lembrar um episódio que se contava ter acontecido com o meu avô num destes casamentos e cavalgadas. Acho que se chamavam mais de «burricadas» porque sendo o burro o animal menos lesto (que os cavalos e mulas) se procurava dar uma condição de igualdade a todos os participantes.
Conta-se que numa dessas burricadas o noivo e a noiva - que não participavam da corrida mas montavam ao mesmo tempo na praça da igreja do casório - tinham começado o seu percurso a passo para acelerarem mais à frente, como era uso. A noiva, sentada na besta atrás do agora marido, «à senhora», quer dizer de lado, com ambas as pernas para o mesmo lado - nesse tempo era mesmo assim e nem podia ser de outra forma - talvez resultado da emoção terá colocado mal o braço à volta da cintura do marido e com um balanço do animal acabou por cair para trás.
Felizmente que o animal era baixo e ela instintivamente enrolou-se na queda o suficiente para não bater com a cabeça no solo. Toda a gente correu para ajudar a senhora e o meu avô, vendo que ela tinha ficado com o ventre e as ceroulas à mostra, lesto tirou o chapéu e tapou «as partes» da pobre senhora e disse para quem mais tinha vindo ajudar, mantendo a mão e o chapéu firmes na sua tarefa: «tratem vocês aí do resto que disto já eu estou tratando!».
[Vista parcial de Alcaria-Alta (Giões), monte das origens de Daniel Teixeira]