sábado, 21 de agosto de 2010
A idade das gracinhas (Poema)
Poeta
José Temudo
Que pena tenho
de não guardar memória
ou de não ter engenho
para imaginar a história
de carinho, enternecida,
do meu primeiro ano de vida!
Como lamento
não reter no ouvido
o meu primeiro vagido,
a voz alegre da parteira,
querendo agradar, prazenteira,
-“Dona Marina, é um rapaz!”-
Que pena não poder olhar
o olhar feliz de minha Mãe,
a falsa indiferença do meu Pai
-“rapariga ou rapaz, tanto faz!”-
Que pena não poder lembrar
o primeiro leite que bebi,
o sono tranquilo, em paz,
que docemente dormi!
Que pena não poder rever
o primeiro sorriso
vendo minha Mãe sorrir!
Que pena, não me poder ouvir,
Naquela longínqua manhã,
O meu primeiro “papá” ou “mamã”!
Que pena não poder ver
o primeiro passo que avancei,
vacilante, inseguro, tremido!
Que pena não poder sentir
o primeiro beijo que dei!
Que pena tudo se ter perdido!