(PUBLICADO NO JORNAL DO BAIXO GUADIANA Nº 81 DE NOVEMBRO DE 2006, P.17)
O 4º Conde de Alcoutim, D. Manuel de Meneses, antes de receber o título usava o nome de Manuel de Noronha porque a linha varonil de que provinha, era essa.
Herdou a Casa de seu irmão, D. Miguel de Meneses que foi o 3º Conde, filho do 2º que morreu sem deixar geração.
Recebeu o título em 1 de Abril de 1564.
Casou com D. Maria (ou Mariana) da Silva que foi dama da rainha D. Catarina, mulher de D. João III.
Foi o 7º Capitão de Ceuta, cargo que exerceu durante dez anos, tendo guerreado activamente os mouros.
Estava em Ceuta quando da primeira visita a África de D. Sebastião, em 1574, que recebeu ostentosamente.
Em 1577 levou de Pinhão de Belas para aquela cidade do norte de África, Mulei Môamede, xerife deposto de Fez, cumprindo assim as instruções de D. Sebastião, interessado que estava em interferir na política marroquina. (1)
Na crise da independência que se seguiu à morte do rei, tomou partido por Filipe II que por intermédio de Cristóvão de Moura acabou por aliciá-lo, tal como a marquesa, uma vez que este explorou a vaidade da mesma, sendo por sua acção que o marido se deixou levar.
Para mostrar a sua importância, assinava somente “marquês” e ela, extremamente vaidosa, “marquesa”.
O marquês era dado como inacessível por ser considerado amigo de D. António, Prior do Crato. (2)
[Alcoutim, Casa dos Condes. Foto de JV, 1969]
Nas Cortes de Almeirim de 1580, reunidas para solucionar o problema da sucessão da Coroa, D. Manuel de Meneses, já do lado do monarca espanhol, foi eleito definidor da nobreza. Já tinha prometido entregar a Filipe II de Espanha, no momento oportuno, as terras fronteiriças que lhe pertenciam, (3) nas quais, como é óbvio, se incluía Alcoutim.
Tudo isto foi recompensado por Filipe II que lhe deu o título de Duque de Vila Real em 28 de Fevereiro de 1585, já desfrutando os títulos de 7º Conde e 5º Marquês e o de 4º Conde de Valença.
Morreu a 2 de Setembro de 1590. (3)
Do seu casamento com D. Maria da Silva, nasceram nove filhos, sendo três varões.
O primogénito, D. Miguel Luís de Meneses, veio a ser o 5º Conde de Alcoutim, 8º Conde e 6º Marquês de Vila Real e 1º Duque de Caminha. Casou duas vezes, sendo a segunda com sua sobrinha D. Maria Brites de Meneses, não havendo geração de qualquer dos consórcios.
Outro dos filhos foi D. Jorge de Lara que morreu criança.
Aparece depois D. Luís de Noronha e Meneses, que devido ao facto de seu irmão e genro não ter deixado geração, veio a herdar o título, tendo sido o 6º e último Conde de Alcoutim que veio a morrer degolado no Rossio, em Lisboa, no dia 29 de Agosto de 1641, por ter participado na conjura contra D. João IV.
Casou com D. Juliana de Meneses (Tarouca) de cujo casamento nasceu D. Miguel Luís de Meneses que foi segundo Duque de Caminha, igualmente justiçado no Rossio e D. Maria Brites de Meneses que havia casado com seu tio, D. Miguel de Meneses, 1º Duque de Caminha, do qual enviuvou vindo a casar com D. Pedro Portocarrero, 7º Conde de Medelim.
Das seis filhas de D. Manuel de Meneses e de D. Maria da Silva, três vieram a casar:- D. Brites de Lara e Meneses com D. Pedro de Médicis, filho do grão-duque de Florença, Conde de Médicis. Recolhendo-se ao Mosteiro de Jesus, em Aveiro, cedeu o seu solar na cidade para se instalar provisoriamente o Mosteiro de Nossa Senhora do Carmo, de Carmelitas descalças.
[Alcoutim, Casa dos Condes. Pátio interior. Foto JV, 2010]
Em 1620 operou-se a mudança para as novas instalações, tendo a nobre Senhora dado mil cruzados de renda, sendo quinhentos para obras e os restantes para missas por sua intenção. Na igreja ficou sepultada em túmulo de mármore, do lado do Evangelho.
Pretendeu fundar uma casa de religiosas, para o que pediu as licenças necessárias que depois de grande espera lhe foram indeferidas, falecendo em 4 de Junho de 1648, pouco tempo depois de receber a notícia da não autorização. Passou por isso pela morte do irmão, 6ºConde de Alcoutim e do sobrinho, 2º Duque de Caminha.
Era muito amada do povo que a conhecia por mãe dos pobres, amparo dos órfãos e viúvas, consolação de atribulados e remédio de afligidos. (4)
D. Juliana de Lara, foi outra das filhas de D. Manuel de Meneses e que veio a casar com D. Sancho de Noronha, 6º Conde de Odemira, filho póstumo do 5º Conde, D. Afonso de Noronha, que morreu na batalha de Alcácer-Quibir e de sua terceira mulher, D. Violante de Castro.
Depois da Restauração foi por D. João IV elevado a mordomo-mor da rainha D. Luísa de Gusmão, falecendo poucos dias depois da obtenção do cargo.
A outra filha que casou, foi D. Joana de Lara que o fez com João Álvares Pais de Meneses de Albuquerque. Sabemos que tiveram dois filhos:- Brás Álvares Pais de Meneses, capitão e D. Maria de Lara que casou com D. Duarte de Bragança, Senhor de Vila do Conde.
D. Filipa e D. Maria de Lara tomaram a clausura no Mosteiro de Santa Ana, de Leiria, de cujo castelo seu pai foi alcaide-mor. D. Inês de Meneses, que presumimos ser a mais nova, ingressou na Ordem de S. Bernardo, no Mosteiro de Almoster (Santarém).
A geração continuou com o segundo casamento de D. Maria Brites de Meneses e com D. Maria de Lara. (6)
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NOTAS
(1) – Dicionário Ilustrado da História de Portugal, Publicações – Alfa , 1982
(2) – O Cardeal D. Henrique , Mário Domingues , Ed. Romano Torres , 1964
(3) – Brasões da Sala de Sintra, Anselmo Braamcamp Freire, Imprensa Nacional -Casa da Moeda.
(4) - Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira.
(5) - Nobreza de Portugal e do Brasil, Edições Zairol, Lda.
(6) - http:// genealogia. sapo . pt/hom