segunda-feira, 18 de outubro de 2010

O rodo





O utensílio que hoje apresentamos constitui quase que uma recordação, já que são poucos os que ainda vão aparecendo pelo concelho.

Enquanto a primeira fotografia é a resultante de uma miniatura exposta em painel e já com um sentido didáctico, a segunda representa um exemplar ainda em actividade e que encontrámos num monte quase desabitado na freguesia de Vaqueiros.

RODO é um utensílio constituído por um cabo mais ou menos comprido, tendo em atenção a sua utilização e que na extremidade se liga a uma folha do tipo das enxadas rasas.

O material de que é feito é variável, igualmente dependente da sua utilização.

O rodo destina-se a recolher e juntar alguma coisa, como o sal nas marinhas, os cereais nas eiras, o dinheiro nas mesas de jogo, a água nos pavimentos encharcados (aqui a folha é provida de uma borracha) e lembramo-nos em criança de ver o limpa sarjetas fazer o seu trabalho com um pequeno rodo todo em ferro. Mas o rodo que queremos apresentar hoje é o utilizado para recolher e juntar a cinza proveniente dos fornos de cozer pão a lenha.

Até meados do século passado em todo o concelho de Alcoutim, o fabrico do pão constituía um encargo familiar tal como a confecção das refeições, ainda que este fosse feito de semana a semana, constituindo aquilo a que designavam a “amassadura”.

As transformações da vida com a construção de estradas de acesso às várias povoações, a existência de reformas ainda que pequenas, a saída dos braços capazes de trabalhar para outros locais procurando melhores meios de vida, deixaram nas pequenas povoações os idosos ou aqueles que estavam perto disso.

Enquanto os homens deixaram de semear o trigo por falta de forças e porque a farinha lhes saía mais cara do que se a comprassem, as mulheres já tinham dificuldade em amassar. Começou também a ser mais difícil o arrancar e o transporte das estevas para aquecimento dos fornos.

Os vendedores ambulantes começaram a aparecer e as reformas apesar de pequenas iam dando para comprar o indispensável “panito”.

Os pequenos fornos caíram por falta de manutenção e os rodos, quando não queimados no “fogo”, acabaram por apodrecer.