sábado, 9 de outubro de 2010
Rostos alcoutenejos
A Câmara Escura de hoje tem a colaboração de SM, visitante assídua num país europeu do ALCOUTIM LIVRE que segundo afirma a tem ajudado a compreender melhor a terra de origens dos seus familiares.
Trata-se de uma fotografia “à la minuta” de meados do século passado, tirada num retratista que como era hábito, corria as feiras da região oferecendo os seus serviços.
Lembro-me muito bem dessa actividade e em que a câmara com tripé se levava ao ombro procurando os clientes. Na outra mão transportava-se o balde onde se faziam as revelações.
Os mais evoluídos, armavam barraca de pano branco em cujo seio dispunham de cenários de vários tipos, cadeiras para as pessoas se sentarem e objectos decorativos como floreiras, vasos com flores e os célebres cavalinhos de cartão assentes num estrado de madeira provido de quatro rodinhas de ferro.
A foto foi tirada numa Feira de São Marcos, na aldeia do Pereiro.
O retratista pelos vistos não possuía cenário.
Não era nada vulgar nesta época as pessoas gastarem dinheiro com retratos e só os mais endinheirados o faziam.
A senhora de tez queimada provocado pelos trabalhos duros do campo que obrigam a exposição ao sol, tão intenso nesta região, sugere-nos ter olhos castanhos ou pretos, cabelo escuro, comprido e apartada ao meio. São notórios os traços bem vincados da face.
Saia comprida em tom escuro e blusa com pregas e aos folhos. O calçado é aberto, pois notam-se os dedos dos pés.
A menina altinha, talvez com seis ou sete anos, tem vestido branco e meias a condizer e até ao joelho. Calça os sapatos da época, fechados e com presilha.
O seu olhar tem uma expressão viva, todo atento ao fotógrafo.
Cabelo comprido que presumo origine duas tranças que se juntam por detrás do pescoço.
O rapazinho, que aparenta cerca de quatro anos, tem um ar fino, com expressão de muita atenção, cabelo liso e de risco ao lado. Veste um bonito casaco branco, calção bege, peúga branca e camisa da mesma cor.
Pelas características, representam uma família de alguns recursos económicos, começando pela possibilidade de ir ao retratista e depois pela indumentária.