segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Caracóis

[Retirado com a devida vénia de kristininhanacozinha.blogspot.com]

Estes gastrópodes terrestres, univalves de concha em forma aspiralada, respirando por pulmões, distribuem-se por todo o país.

São animais hermafroditas, cada um possui os dois sexos mas precisam de um parceiro para se reproduzirem.

Os caracóis não têm audição e têm o tacto e o olfacto muito desenvolvidos.

Enquanto o tacto está mais desenvolvido nas antenas menores, nas maiores situam-se os olhos com visão deficiente.

São herbívoros, alimentando-se de diversos tipos de plantas. Existem, contudo, algumas espécies, poucas, que se alimentam de minhocas ou de outros caracóis.

O seu habitat preferido é um solo húmido mas não encharcado, escondem-se durante o dia e com a humidade da noite saem para desenvolver a sua actividade.

Reproduzem-se quatro vezes por ano e a gestação dura cerca de 16 dias, a postura é feita a cerca de 8 cm de profundidade em lugar húmido cavando o local apropriado com a cabeça. O número de ovos depende das espécies e poderá ir de 100 a 300.

Existem muitas espécies de caracóis e de tamanhos variados.

Depois desta pequena introdução iremos referir o que nos interessa no aspecto gastronómico, visto ser esse facto que nos moveu.

O povo costuma dizer que o caracol é o marisco do homem do interior por não ter o mar próximo.

Na Europa consta-nos que são os portugueses e franceses os seus maiores apreciadores, mas em Portugal esse facto não era uniforme em todo o país, já que na Beira ninguém concebia comer-se tal produto. Digo isto porque em 1960 fiz lá uma “caracolada” e só consegui que uma pessoa me acompanhasse.

Hoje na Internet encontramos as mais variadas receitas, os caracóis dão para tudo. Cada qual vai acrescentando-lhe mais qualquer coisa, para uns, beneficiando, para outros degradando.

Ribatejanos, alentejanos e algarvios são os portugueses mais apreciadores deste molusco.

Iremos referir aqui por alto a receita de Mestre Carlos um algarvio do litoral que se fixou em Alcoutim.

Os caracóis depois de convenientemente lavados em várias águas eram cozidos com alhos esmagados com a pele, batatas miúdas com a pele, piripiri, sal e orégãos que não podiam faltar. Utilizavam-se de preferência os troncos.

Tão simples como isto.

Hoje, possivelmente, ninguém os faz desta maneira, metem-lhe caldos compactos disto e daquilo ou outras coisas, mas não foi assim que os comemos em Alcoutim.