(PUBLICADO NO JORNAL POVO ALGARVIO, DE TAVIRA, DE 28 DE JUNHO DE 1973)
Escreve
Trindade e Lima
De tarde, e enquanto esperávamos a hora de jantar, juntavam-se alguns dos usufrutuários do pavilhão cá fora no pátio. Palestrava-se, tocavam-se impressões e uma tarde perguntámos a um dos circunstantes de onde era natural. “ Do concelho de Oliveira do Hospital “ esclareceu-nos ele.”É um concelho onde existe S. Gião”acrescentámos nós , talvez atraídos pela aproximação semântica ou semelhança fonética com Giões do nosso concelho. “ É a minha terra natal”, acalorou-se o nosso interlocutor . E aqui fazemos uma pausa para formular uma pergunta :- Não teria sido uma família constituída por indivíduos com o nome de Gião que deu o nome àquela aldeia? Continuemos “Conheço um indivíduo natural de lá “ e declinei um nome. “Conheço muito bem, pertencemos à Comissão de Melhoramentos da nossa aldeia” o que nos foi depois confirmado pelo nosso conhecido.
[Um aspecto de casario em Giões. Foto JV, 2011]
Temos reparado que para o norte do país, talvez com acentuada preponderância nas Beiras, há nas pequenas aldeias Comissões de Melhoramentos que têm a sua sede em Lisboa. Os naturais de lá e que lá vivem, conjugam os seus esforços e o seu entusiasmo com os que emigraram e trabalham todos em favor do seu torrão que nunca esqueceu e fazem progredir.
O que se nota para o sul do país’
Uma apatia que chega a ser desinteresse. Assinalamos no Algarve os concelhos de Loulé e de S. Brás de Alportel que parecem constituir uma etnia aparte. Ali existe um bairrismo estuante, que já foi mais vivo, mas que volta a reanimar-se. Por que não hão-de os algarvios constituir as suas Comissões de Melhoramentos e dedicar-se a elas com entusiasmo e carinho? E há tempo que fazer...
Não nos iludamos e obcequemos com o barulho que se faz e os balões que se erguem.
Somos de um concelho por onde ainda há pouco passou uma alta entidade governativa. Na sede do concelho, falando com uma senhora que encontrou, perguntou-lhe: - “A senhora vive bem aqui? Isto traduz mágoa, dó, pelo abandono, pelo esquecimento a que estas regiões estão votadas. Não vale a pena espevitar este adormecimento para uma vida mais activa e sã?