segunda-feira, 20 de abril de 2009
Favas à maneira de Alcoutim, na Várzea
O último fim-de-semana foi passado na Várzea, concelho de Santarém.
O jantar de sábado e mesmo ao jantar, não se dispensou que a base fosse a típica sopa de pedra, confeccionada em Almeirim e que tanta fama e proveito tem dado a esta cidade das margens do Tejo.
Para o almoço de domingo, estava planeada uma caldeirada que um dos familiares se prontificou a confeccionar, ao seu jeito.
Cerca da meia-noite, o prato foi posto de parte pois tinha surgido outra hipótese. Havia um outro familiar que nos informou que já tinha favas capazes de comer e quando fosse à caldeirada levaria uma saca cheia delas.
Dizendo eu que as iria fazer à maneira de Alcoutim, enquanto um dos interlocutores já conhecia tal prato feito a quando de uma visita àquela zona e de que gostou muito, o outro não conhecia tal coisa e mostrou-se entusiasmado em conhecer.
Rapidamente a caldeirada foi substituída pela favada com cascas que só mais duas pessoas conheciam, sendo uma natural de Alcoutim.
Tudo ficou combinado e no domingo pelas nove horas estávamos a fazer as compras necessárias num hipermercado e a caminho dos campos ubérrimos de Almeirim. As chuvadas dos dias anteriores obrigaram-nos à utilização de botins de borracha de cano alto.
[Um aspecto do almoço]
As faveiras estavam lindas, carregadas de favas tenras e saudáveis, mesmo em boas condições para serem feitas daquele modo. Com favas assim, qualquer um sabe cozinhar!
Enchemos a saca pois pelas nossas contas seriam à volta de dezassete pessoas. Apanhámos um bom molho de folhas de alho e outro de cebola, indispensáveis para tal prato. Porque os coentros já estavam espigados, tínhamo-nos abastecido no hipermercado tal como das indispensáveis alfaces, para a salada à montanheira.
Não havia tempo a perder pois para cozinhar para tanta gente leva o seu tempo.
Armado em cozinheiro fui dando as minhas ordens e mobilizando o pessoal disponível.
Apesar do tacho ser bastante grande, arranjámos outro mais pequeno para auxiliar pois apesar de não ser fácil o cálculo, não temos muita experiência com quantidades tão grandes em cozinhar para tanta gente ainda que já o tivéssemos feitos várias vezes para maior número de pessoas.
Entre os convivas havia alguma curiosidade em conhecer tal prato. Estávamos contudo precavidos com outro, para quem não gostasse.
Acabámo-nos por juntar dezassete pessoas, em que se incluíam duas crianças e a bebé Maria Zita que já foi vedeta deste blogue. Foram naturalmente as únicas que disseram não ao prato, todos os outros comeram e repetiram e o tacho maior ficou no fundo.
Acompanhámos com vinho branco de Almeirim e tinto da Várzea, local onde nos encontrávamos reunidos.
[A Zita, a mais jovem conviva, com três meses]
Naturalmente que houve outras variedades mas que não interessam para este texto.
Toda a gente gostou das favas à maneira de Alcoutim e foram-me pedidas explicações para a sua confecção, dizendo que na primeira oportunidade iriam fazer.
Penso que é assim que se divulgam as coisas boas de Alcoutim sem basófias e pedantismo.
Foi por isso que escrevemos este texto que pode chegar aos quatro cantos do Mundo!
Defendamos os nossos usos e costumes, as nossas tradições.
[As convivas menos jovens, bisavós maternas da Zita]