quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

1º de Dezembro de 1640 - São passados 370 anos

[Alcoutim e Sanlíucar. Foto de Susanne (?)]

Esta data com grande significado para todos os portugueses é um dos feriados nacionais mais consensuais.

A vila de Alcoutim como povoação fronteiriça e de defesa esteve sempre ligada a acontecimentos bélicos e sofrendo os desaires que alguns motivaram.

Não vamos historiar este período importante para a pequena vila raiana, mas apenas fazer algumas considerações que consideramos pertinentes.

A Casa Condal Alcouteneja traiu a sua Pátria e foi extinta nesse período revolucionário, um dos comandantes da praça defendida pelo castelo estava aliado com os inimigos e quando se viu descoberto foge com a protecção de escunas sanluquenhas e até o pároco da matriz de S. Salvador desaparece para Espanha, sendo naturalmente os seus bens confiscados e cedidos a quem esteve com a revolução.

Significa isto que os grandes senhores de Alcoutim representantes do poder económico, militar e religioso estavam com o inimigo, aliás, o que se passou genericamente por todo o País, só o povo se manteve fiel e foi com ele que a revolução se venceu.

Tanto a dureza dos 60 anos de ocupação de que restavam algumas estórias na memória do povo, hoje possivelmente desaparecidas, como o período de consolidação da independência, que durou, se a memória não me falha, 28 anos, fizeram-se sentir pronunciadamente em Alcoutim.

Isso está ainda representado na placa epigráfica colocada na muralha junto ao cais velho e a Banda de Alcoutim era designada pela Banda 1º de Dezembro, fazendo sempre nesse dia uma arruada pela Vila. Por outro lado, o actual Grupo Desportivo de Alcoutim tinha por designação Clube Desportivo 1º de Dezembro.

Quero referir aqui um pequeno mas significativo episódio (e ele irá ser lido, penso eu, por um dos autores) que se passou em ano que não posso precisar mas depois de 1970 e antes de 1974. A pacatez da vila é sobressaltada no dia 1º de Dezembro com o estoiro de um morteiro lançado por dois jovens (o que era proibido) e que assim queriam chamar a atenção para o dia que estava a passar e a que as Entidades locais não davam importância.

Quer isto dizer que esta data era muito tomada em conta pelos alcoutenejos.

Hoje, ninguém se lembra, só se sabe que se pode ficar na cama e levantar mais tarde.

Enquanto existem placas toponímicas em ruas e praças por esse país fora com a designação de 1º de Dezembro, em Alcoutim isso não acontece.

Não podemos igualmente esquecer o povo sanluquenho que no período das Guerras da Restauração se viu várias vezes massacrado, incluindo a conquista do seu castelo sob o comando de Schomberg e que deu origem a um saque em que nem os objectos religiosos escaparam, parecendo datar dessa altura o desaparecimento da Capela ou Ermida de S. Sebastião situada na baixa da povoação e que Duarte de Armas desenhou.
Consta-me que uma das peças do altar foi recuperada após a Paz e encontrava-se num templo de Mértola, isto tomando em consideração o que lemos escrito no país vizinho.

SÓ HÁ ESPAÇO PARA TOPONÍMIA BALOFEIRA!