(PUBLICADO NO JORNAL DO ALGARVE DE 9 DE JUNHO DE 1994)
Em 10 de Fevereiro de 1960, Carlos Brito deu entrada no Forte de Peniche com “algemas” da polícia política. Agora, trinta e tal anos depois, fá-lo para apresentar os poemas que ali compôs e reuniu em livro que intitulou Anotação dos Dias – Poemas da Prisão, em Edições Avante.
Foi assim que no passado dia 26, pelas 21,30 h no Salão Nobre daquele Forte e com a presença do Presidente da Câmara local, o Prof. Rogério Cação, fez a apresentação do livro, analisando-o sobre vários aspectos e dizendo alguns dos poemas.
O autor justificou a publicação só agora do trabalho com o sentido de ser uma pequena acha para manter viva a memória da ditadura derrubada e dos seus crimes que persistentes campanhas pretendem fazer esquecer, desejando que tais dias não voltem ao nosso país.
Os poemas escritos durante a “clausura” têm muitos deles, por base, pequenos “nadas” passados no “largo” que se avista da prisão política e que os penichenses designam por “Campo da Torre”. O poeta, rebuscando a sua sensibilidade, transmite muito do sentido político.
Carlos Brito, um alcoutenejo que só não nasceu em Alcoutim, também teve a sua vida ligada a Vila Real de Santo António e em jovem chegou a colaborar no Notícias do Algarve, o que veio a criar, por motivos políticos, problemas ao Director do semanário.
Um dos poemas, a que deu o nome, Alcoutim, representa a sua visão extremamente realista e afectiva da sua vila, rematando com:- Ficamos-te nós / Para voltar um dia. É uma faceta desconhecida de Carlos Brito, agora e em boa hora dada a público.
O lançamento terminou com a habitual “sessão de autógrafos” a que se seguiu um Porto de Honra.
As nossas felicitações com o desejo que não fique por aqui.