domingo, 16 de janeiro de 2011

Balurquinho, pequeno monte com ligações à herdade da Malhada?

[Vista do Sul da pequena povoação. Foto JV, 2010]

Este pequeno monte da freguesia de Vaqueiros era designado em 1839 por Balurco, visto assim o referir Silva Lopes quando apresenta em relação anexa à sua Corografia, os fogos daquele ano, cabendo a esta povoação 8, e igual número a Malfrade, monte relativamente próximo.

Não o encontramos nas Memórias Paroquias (1758) mas nelas se indica a Malhada com 4 vizinhos.

Pelo menos em 1850 já era designado em acta de sessão da Câmara por Balurquinho, certamente para se distinguir dos seus homónimos de Balurco de Cima e de Balurco de Baixo, situados na freguesia de Alcoutim. Optou-se pelo diminutivo por ser o de menor dimensão, tal como aconteceu com Alcobaça e Alcobacinha, (freguesia da Várzea, concelho de Santarém) Pombal e Pombalinho, (sede de freguesia do concelho de Santarém) entre outros.

Estes três topónimos do concelho de Alcoutim são únicos no país.

Quanto ao topónimo que o linguista José Pedro Machado não refere existem duas ou três explicações.

A 2ª edição do Dicionário do Falar Algarvio (1) traz-nos o significado de balurco, assim explicado: pau redondo e comprido que se introduz no olho da mó para a desmontar. A explicação ajusta-se bem à zona, onde aproveitando o vento se construíram vários moinhos de que resta o do Balurquinho ou das Preguiças por se situar entre estas duas povoações e ainda com as paredes em bom estado de conservação. Pensamos que esta explicação é a mais plausível.

Dizia-nos o Sr. Manuel Pinto, natural desta zona, que este monte ficava pegado à herdade da Malhada e tinha sido um lavrador que lhe tinha dado origem, segundo ouvia dizer aos velhos do seu tempo de criança.

Sabemos que em 1852, Domingos Rodrigues, aqui residente, era um dos maiores quarenta contribuintes do concelho.

[Moinho do Balurquinho ou das Preguiças. Foto JV, 2010]

Uma pequena placa de madeira indicava com uma seta a vereda pela qual encontrávamos a Herdade da Malhada, hoje pensamos que transformada em couto cinegético.

Em 1850 alguns habitantes lavradores dos montes de Balurquinho e Despreguiças (Preguiças), requereram à Câmara que fizesse coimeiro para o gado miúdo durante o Verão o restolho que fica entre os ditos montes e o Zambujal e Malfrade, para pastarem as reses e bestas. O requerimento veio a ser indeferido por informação contrária da Junta de Paróquia. (2)

A electrificação da pequena povoação é inaugurada em 4 de Dezembro de 1985, (3) e existe um furo vertical (582/6) (4).

Em princípios da década de 90 os arruamentos são pavimentados (5), enquanto em finais do mesmo período é construído um forno comunitário. (6)

No Censo de 1991 o número de seus habitantes está incluído nos “isolados” mas sabe-se que em finais de 1999 tinha três fogos e 5 habitantes, existindo uma casa de grandes dimensões e de recente construção, a par de outras degradadas.(7)

Situa-se entre as Preguiças e os Galachos e tem acesso por estradas asfaltadas. Distará cerca de 34 km da sede do concelho e 14 da da freguesia.
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NOTAS
(1) – Eduardo Brazão Gonçalves, Algarve em Foco, 1996
(2) – Acta da Sessão da Câmara Municipal de 14 de Julho de 1850
(3) – Jornal do Algarve de 5 de Dezembro de 1985
(4) - Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos – http://snirh.pt
(5) – Boletim Municipal nº 10 de Abril 1992, p. 5
(6) – Alcoutim, Revista Municipal nº 6, de Janeiro de 1999, p.11
(7) – Radix – Ministério da Cultura – http://radix.cultalg.pt