domingo, 2 de janeiro de 2011
Forma das filhós de rosa
Numa postagem recente demos algumas indicações sobre a forma utilizada para fazer “filhós de rosa”.
Filhó é um bolo de farinha e ovos frito em azeite e ordinariamente passado por calda de açúcar é o significado que nos apresenta o Dicionário Prático Ilustrado, Lello & Irmão, Editores, Edição de 1972. Os outros dicionários apresentam naturalmente significações semelhantes com pequenas diferenças.
Para nós, é um bolo feito com base na farinha e nos ovos (gemas ou inteiros) e a que se juntam outros produtos conforme o uso da região. É sempre frito num óleo vegetal, antigamente só azeite, mas agora de várias origens. A sua cobertura pode ser feita polvilhando com açúcar e canela ou então passado por uma calda de açúcar ou de mel.
Conhecemos as filhós à base de abóbora feitas com colher, tipo pastel, as de estender com recortilha e de massas naturalmente diferentes de região para região, os coscorões estendidos com a mão e as de rosa feitas com o auxílio de uma forma.
Em Alcoutim fazem ou faziam, além das de rosa, as de canudo e as de joelho. As de canudo eram estendidas com o auxílio de um canudo de cana, advindo-lhe daí o nome e as de joelho porque se acreditava que em tempos eram moldadas pelas mulheres com o auxílio do joelho. Mas o que pretendemos escrever hoje é sobre a forma das filhós de rosa que fomos encontrar em Alcoutim há mais de quarenta anos, ainda que as filhós de canudo fossem mais usadas.
Só conhecemos formas em ferro feitas nas várias oficinas de ferreiro espalhadas por todo o concelho, no século XIX e na primeira metade do seguinte.
A apresentada na figura é muito mais nova, terá cerca de 40 anos e foi feita num pequeno concelho alentejano da raia espanhola. Tem 42 cm de altura, a base aberta do cilindro 6 e a altura do mesmo 4,5. Interiormente cruzam-se dois rectângulos que se ajustam às paredes do cilindro, tendo um deles um pequeno prolongamento (2,5 cm de altura) em forma de trapézio isósceles onde se fixa a “pega” que termina com uma pequena argola (2 cm de diâmetro) que ajuda tanto no pegar como no arrumar.
Esta peça tem a circunstância de ser toda cravada, não existindo, por isso, soldadura nenhuma, tendo sido feita por encomenda.
Foi objecto que nunca vimos à venda na Feira de São Marcos nem em qualquer outro lugar.