É palavra de origem árabe, de almeiz ou al-meice ou ainda al-mîs,
que significa «soro do leite». Trata-se de um regionalismo utilizado
principalmente no Alentejo e zonas confinantes da Serra algarvia e também nos
Açores.
Após a ordenha dos animais (ovelhas
ou cabras) para o ferrado, o leite é deitado para cântaros onde se faz o seu
transporte.
Depois, passa para
uma panela, na época, de barro, em cuja boca se preparava um coador constituído
por um pano de linho, seguido de lã (por exemplo um pedaço de manta premedeira)
e por fim de linha. Deixando naturalmente um abaulamento, os panos que
constituíam um filtro eram ata-dos os seguros à boca.
Ia-se deitando o leite a pouco e
pouco ficando no coador as impurezas e interiormente o leite em condições de
preparar o queijo.
A flor do cardo que se comprava
no comércio local, tinha sido colocada previamente de molho. É bem pisada num
almofariz de metal. Seguidamente e com a água em que tinha ficado de molho é
coada misturando-se ao leite.
Entre uma e duas horas depois o
leite está coalhado formando assim a “coalhada” que vai ser espremida no cincho
para fazer o queijo.
Durante esta operação escorre um
líquido, o soro, “sujo” de leite a que se juntam alguns pedacitos de coalhada e
por vezes um pouco de leite. Chama-se a isto o “chorrilho”.
Depois de fervido, obtém-se
aquilo a que se chama almece e onde se notam pequenas partículas de leite
coalhado a que chamam “borregas”. É usado na alimentação das pessoas e também
dos animais.
Come-se de uma maneira geral com
pão migado e é apreciado pelos alcoutenejos. Nunca me seduziu.
Há quem lhe chame tabefe mas
nunca o ouvi no concelho de Alcoutim onde o termo é desconhecido.
Já aparece comercializado e
vendido em vasilhas de plástico de vários tamanhos.
Na freguesia a pequena povoação
designada por Vascão, teve primitivamente a designação de Fonte Almece, que
segundo a lenda, obteve esse nome porque ao abrir-se um poço comunitário a água
que dava tinha a aparência do almece.
A mudança de nome deverá ter
ocorrido entre os séculos XVII / XVIII.
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Vocabulário Português de Origem Árabe, José Pedro Machado, Editorial Notícias, 1991.
Dicionário da Língua Portuguesa
Contemporânea – Academia das Ciências de Lisboa – Verbo, 2001
Dicionário Prático Ilustrado – Dir. de Jaime de Séguier, Lello & Irmão, Porto,
1972.