sexta-feira, 1 de março de 2013

Almece


É palavra de origem árabe, de almeiz ou al-meice ou ainda al-mîs, que significa «soro do leite». Trata-se de um regionalismo utilizado principalmente no Alentejo e zonas confinantes da Serra algarvia e também nos Açores.

Após a ordenha dos animais (ovelhas ou cabras) para o ferrado, o leite é deitado para cântaros onde se faz o seu transporte.

Depois, passa para uma panela, na época, de barro, em cuja boca se preparava um coador constituído por um pano de linho, seguido de lã (por exemplo um pedaço de manta premedeira) e por fim de linha. Deixando naturalmente um abaulamento, os panos que constituíam um filtro eram ata-dos os seguros à boca.

Ia-se deitando o leite a pouco e pouco ficando no coador as impurezas e interiormente o leite em condições de preparar o queijo.

A flor do cardo que se comprava no comércio local, tinha sido colocada previamente de molho. É bem pisada num almofariz de metal. Seguidamente e com a água em que tinha ficado de molho é coada misturando-se ao leite.

Entre uma e duas horas depois o leite está coalhado formando assim a “coalhada” que vai ser espremida no cincho para fazer o queijo.

Durante esta operação escorre um líquido, o soro, “sujo” de leite a que se juntam alguns pedacitos de coalhada e por vezes um pouco de leite. Chama-se a isto o “chorrilho”.

Depois de fervido, obtém-se aquilo a que se chama almece e onde se notam pequenas partículas de leite coalhado a que chamam “borregas”. É usado na alimentação das pessoas e também dos animais.

Come-se de uma maneira geral com pão migado e é apreciado pelos alcoutenejos. Nunca me seduziu.

Há quem lhe chame tabefe mas nunca o ouvi no concelho de Alcoutim onde o termo é desconhecido.

Já aparece comercializado e vendido em vasilhas de plástico de vários tamanhos.

Na freguesia a pequena povoação designada por Vascão, teve primitivamente a designação de Fonte Almece, que segundo a lenda, obteve esse nome porque ao abrir-se um poço comunitário a água que dava tinha a aparência do almece.

A mudança de nome deverá ter ocorrido entre os séculos XVII / XVIII.
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Vocabulário Português de Origem Árabe, José Pedro Machado, Editorial Notícias, 1991.

Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea – Academia das Ciências de Lisboa – Verbo, 2001

Dicionário Prático Ilustrado – Dir. de Jaime de Séguier, Lello & Irmão, Porto, 1972.