A Internet possibilita coisas impensáveis não há muitos
anos. Como tudo na vida tem a vertente boa e a vertente má. Quem a utiliza é
que lhe dá o tom.
No A.L. não existe espaço para comentários mas temos o nosso
endereço electrónico para quem nos deseje contactar e manifestar-se.
Neste sentido e como já o dissemos, tem aparecido
recen-temente correspondência quase sempre oriunda de não al-coutenenses, pois
estes, os que tinham de o fazer, já o fizeram.
Fazem-me várias abordagens de tipos completamente
diferentes e a todos vou respondendo dentro das minhas possibilidades, umas
ajudando, outras sem isso nos ser possível fazer.
Recebi recen-temente um e-mail oriundo do Brasil em que um cidadão daquele país me solicitava
a indicação onde poderia adquirir uma imagem de Santa Justa, afirmando que já o
tinha procurado em vários lugares do Brasil e mesmo na Internet e sem
resultado. Encontrou sim um nosso artigo sobre a Capela de Santa Justa que leu
e lhe causou interesse.
Capela de Santa Justa. Desenho de JV, 1990 |
Resolve por isso vir junto de nós numa tentativa de
resolver a situação dizendo que possui uma propriedade rural designada por Fazenda de Santa Justa, no município de
Miracema, no Estado do Rio de Janeiro e nela está construindo uma capelinha
onde gostaria de ter uma imagem daquela invocação.
Respondi-lhe dizendo que desconhecia onde poderia
encontrar tal imagem mas se desejasse podia enviar-lhe uma fotografia com boa
resolução da imagem de Santa Justa existente na Capela de sua invocação no
concelho de Alcoutim, acompanhada da sua descrição técnica e em face disso
encontraria certamente um artista que lhe fizesse uma réplica.
Respondeu-me dizendo que aceitava a oferta e nestes
termos cumpri o prometido.
Teve a amabilidade de nos enviar três fotografias que
representam edifícios recentemente recuperados da mesma propriedade.
Estas fotografias têm muito de Portugal, segundo a nossa
opinião.
O quintalão lajeado como as eiras no norte de Portugal
que entre outras utilizações é lugar de secagem, aqui penso que para o café,
pelo menos nos primórdios da fundação da Fazenda; a telha de canudo em telhado
de quatro águas, o telheiro, o gradeamento de madeira com uma configuração
muito vulgar em casas do centro e norte de Portugal, sendo destas regiões que
saíram para o Brasil muitos dos emigrantes, ainda que saibamos que houve na
zona uma forte corrente originária de Itália.
O beiral que é suportado através de tábuas, ainda se pode
ver na região norte de Portugal.
Até o amarelo-torrado e o verde-escuro lá estão como por
cá ainda acontece, nomeadamente no sul do país.
Fomos procurar saber alguma coisa sobre Miracema.
A colonização do território é atribuída a D. Ermelinda
Rodrigues Pereira, um nome que nos parece bem português, e que parece ter acontecido
por volta de 1846.
Muitas famílias de mineiros acorreram a esta zona de
solos muito produtivos, principalmente de café, transformando-se em pequenos
fazendeiros cujas famílias se foram fixando e proliferando.
A par do café cultivavam arroz, milho e feijão. Após a
quebra do café é introduzida e desenvolvida a cultura do algodão e da cana do
açúcar. A criação de gado leiteiro e o cultivo do café, milho e feijão são
consideradas actividades complementares e de subsistência.
A Fazenda de Santa
Justa foi das primeira a ser fundada na região e pertenceu, além de outras,
a Bernardo Homem da Costa que foi Juiz de Paz em Paraíso do Tobias.
O edifício sede da Fazenda deve ter sido construído por
volta de 1870 e passou ao filho do Juiz de Paz, Bernardo Alves da Costa.
Arroz, milho e algodão eram então as culturas principais.
Na década de 60
a Fazenda de
Santa Justa foi vendida a Paulo Lima Barros que a transferiu a Décio
Pereira Lima e com o seu falecimento é seu filho o actual proprietário. (1)
Aqui fica este breve apontamento para que os alcoutenejos
saibam para onde foi a fotografia da imagem de Santa Justa existente na
povoação a que deu o nome, freguesia de Martim Longo, concelho de Alcoutim e
que poderá ter uma réplica na Fazenda de
Santa Justa, município de Miracema,
Brasil.
O ALCOUTIM LIVRE cumpriu assim mais uma das suas missões.
(1) www.institutocidadeviva.org.br