As confrarias são associações originárias da Idade Média, laicas ou eclesiásticas e que têm como fundamento a assistência material e espiritual.
Confrarias e irmandades, que muitas vezes se confundem, desempenharam papel importante nos séculos XVII e XVIII mas sofreram grande quebra com o triunfo liberal e mais tarde com o republicanismo.
As igrejas paroquiais possuíam várias confrarias que muitas vezes dispunham de altares próprios.
Na igreja paroquial do Pereiro temos indicações da existência da Confraria das Almas (1777-1818), de Nª Sª do Rosário (1770-1777 e 1780), de S. Sebastião e de S. Pedro (1773), de N. S. da Consolação, de Sto. António e de S. Marcos (1774-1835), além da do Santo Nome de Jesus ou do Senhor Jesus, e de que possuímos mais referências, como seguidamente tentaremos justificar.
Por ordem do Príncipe regente, D. João, transmitida ao escrivão da Câmara, José Carlos de Freitas Azevedo (1) foi dito que os saldos do ano de 1799 ficassem cativos enquanto não houvesse novas ordens (2) tendo sido nomeado em 7 de Abril de 1801, fiel depositário dos mesmos, Pedro José dos Reis. (3)
A Confraria do Santo Nome de Jesus apresentou entre todas o saldo mais insignificante, 40 réis.
Através do livro de receitas e despesas temos conhecimento das contas que os mordomos da mesma prestaram desde 1802.
O mordomo era eleito no dia de S. João Baptista respondendo até igual dia do ano seguinte.
É interessante verificar que há mordomos dos mais importantes montes da freguesia. Serro da Vinha está representado por José da Palma (1802-1803), Domingos Lourenço (1804-1805) e José Martins Corvo (1817-1818), Vicentes com Manuel Rodrigues Mesquita (1803-1804), Manuel Vaz (1808-1809), Tesouro com Manuel Vicente (1806-1807), Barão da Costa (1808-1809), Alcarias Covas, é essa e designação abrangente das três Alcarias, com Baltazar da Palma Cavaco (1809-1810), Miguel Pereira Janeiro (1810-1811), José Pereira (1812-1813) e Miguel Pereira Lobo (1818-1819) que encerra com um saldo de 50 réis.
A aldeia foi representada por António Joaquim de Campos (1811-1812), José Teixeira (1813-1814) e José de Jesus (1814-1815, 1815-1816 e 1816-1817).
As receitas da Confraria eram constituídas pela recolha das esmolas da alcofa (dinheiro) e por dádivas de trigo, avultando nas despesas as missas e responsos, a missa cantada, a cera e a lavagem da roupa do altar.
A título de curiosidade dizemos que em 1802-1803 foram gastos 2000 réis com missas e responsos e 1360 com a missa cantada.
A Confraria foi abolida em 1819 “por não ter renda alguma” (4)
NOTAS
(1) Oriundo da cidade do Porto, veio a ser avô paterno do Padre António José Madeira de Freitas.
(2) Livro de Contas da Real Confraria de Nª Sª da Conceição, da Vila de Alcoutim, iniciado em 1785, pág. 15
(3) Idem, págs. 18 v. e 20.
(4) Livro de Receita e despesa da Confraria do Senhor Jesus da Paroquial Igreja do Pereiro (termo de abertura e encerramento de Faro, 30 de Dezembro de 1802).
N.B.
Extraído de A Freguesia do Periro (do concelho de Alcoutim),«do passado ao presente», José Varzeano, 2007.