sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Ginjas em Alcoutim !



Não tenho dúvida, as três ginjas que a foto apresenta foram criadas mesmo em Alcoutim ou por outra, num monte próximo (2005).

Dois anos antes não vingaram três unidades mas sim mais de um quilograma, o que é algo de muito excepcional. Dessas não tenho foto, pois não me encontrava no local para fazer o “boneco”, do que, aliás, me penitencio.

É do conhecimento geral que cerejeiras ou ginjeiras, uma variedade destas, não se dá por terras algarvias, visto não possuir clima e terreno que lhe sejam propícios à sua maturação.

Um amigo, a quem há muitos anos adquiro ginjas para fazer o meu licor, sabendo que eu tinha para as bandas do Algarve um terreno em que fiz horta com a plantação de parreiras e árvores de fruto, fez questão de me oferecer em vaso uma ginjeira colhida no seu pomar com o intuito de eu a plantar na minha horta.

Agradeci a oferta dizendo-lhe, contudo, que ela não iria vingar e muito menos dar fruto, mas ele insistiu dizendo-me que não custa nada experimentar. E assim fiz.

Pegou muitíssimo bem e desenvolveu-se com facilidade.

A floração apareceu abundante e bela como sempre, é a que a foto representa. O fruto vingava, mas pouco depois ao ter o tamanho de uma semente de coentro pecava, quando muito escapavam duas ou três, como foi o caso que apresento.



No ano em que deu mais de um quilo, o clima correu-lhe excepcionalmente de feição, com frio e chuva e ausência de geadas, justificando assim a produção que até deu para fazer licor! Ginjinha de Alcoutim!

Já lá vão uns anos e nunca mais aconteceu o mesmo e será difícil de acontecer.

Entretanto a ginjeira secou, já se havia reproduzido por rebentos ,como é sua característica, ainda que sejam auto-férteis.

Existem várias espécies de ginjeiras mas a que vos falo é uma ginjeira-brava, nativa da região de França, Espanha, Portugal, Marrocos, Açores, Madeira e Canárias. Planta espontânea, apenas sobreviveu em alguns enclaves húmidos mas drenosos.

Nesta espécie o fruto não é agridoce aproximando-se do amargo, o que o torna excelente para o fabrico do licor de ginja ou ginjinha, que considero o rei dos licores.

No século XV a ginja era um fruto comum em Portugal. Por volta de 1755 existiam em Lisboa estabelecimentos comerciais que vendiam ginja mergulhada em aguardente.

A floração tem lugar no mês de Abril e a colheita em finais de Junho.
Conseguirei voltar a fazer licor de ginja de Alcoutim? Não será fácil.