Irá ser pouco o que vamos dizer sobre o assunto pois os conhecimentos são reduzidos sobre a matéria.
Podemos dividir as mantas de lã em dois grandes grupos: as que se destinam ao trabalho e que aqui já referimos (mantas premedeiras) e as de agasalho ou «graves» que se destinam às camas, são as mais trabalhosas e valiosas.
Dentro destas divisões não existe uniformidade de padrões. No primeiro grupo, que era utilizado por maiorais e camponeses utilizavam três cores, as naturais da lã, ou seja branco, castanho-escuro e beije.
No segundo grupo, que é aquele que pretendemos referir, a variedade de decoração era maior com a utilização de figuras geométricas como quadradinhos, rectângulos compridos (fuzis), losangos e círculos, a que se juntavam «espigas».
Eram utilizadas as cores naturais da lã: branco, castanho escuro (preto) e beije, Muitas vezes tinham barras onde as cores eram mais variadas, como azul, verde e vermelho, estas em pequenas aplicações.
Apresentamos pormenores de três mantas. A primeira tem o branco por cor dominante, sendo decorada com duas barras onde predominam as espigas e os fuzis e com riqueza pela variedade e harmonia das cores.
Calculo-a como peça centenária e não conheço semelhante.
A outra, igualmente muito bonita, tem por base o azul que contrasta com o branco em desenhos geométricos igualmente harmoniosos.
Esta saiu do tear de D. Senhorinha Gonçalves e das suas mãos experientes e habilidosas. Adquirimo-la numa feira de artesanato e consideramo-la uma interessante peça.
A 3ª e última que apresentamos é de idade próxima da 1ª.
Aqui o fundo é beije, as barras bem coloridas como a primeira e o padrão geral de configuração próximo da 2ª.
Estas mantas são conhecidas por mantas alentejanas pois eram confeccionadas nomeadamente no Baixo-Alentejo mas esta arte estendia-se à Serra do Algarve e a todo o concelho de Alcoutim, ainda que na freguesia de Giões tivesse maior expressão.
As duas mantas que apresentamos tendo por bases losangos e barras são conhecidas por “montanhac” e que no concelho de Alcoutim ouvimos designar por “montanhecas”.
Parece que o tipo decorativo destas mantas teria tido origem nos berberes do norte de África.
A valoração destas mantas era grande e ainda o é, apesar dos motivos serem diferentes.
Daí uma avó as ter oferecido a uma das netas, atendendo ao valor que elas representavam.
Como a avó nasceu em 1874 é fácil calcular que as peças são centenárias.