O caminho mais curto, por estrada, entre estes dois montes e Alcoutim, sede do concelho a que pertencem, é de 43 km e isto tomando em consideração que já não é necessário passar por Martim Longo e Vaqueiros, como acontecia antes da construção da estrada nº 508 que englobou a feitura da ponte sobre a Ribeira da Foupana e depois com a 505 com a qual entroncou.
Depois de passarmos por Malfrade vamos encontrar ao Montinho da Revelada a estrada oriunda de Vaqueiros, a 506. À ponte dos Bentos, sobre a Ribeira de Odeleite, tomamos a direcção de Fernandilho e uns quilómetros andados vamos encontrar estes dois aglomerados populacionais que se situam possivelmente na zona mais montanhosa do concelho.
A eles também podemos chegar através do C.M. 1049 das Madeiras que daqui para a frente e depois de atravessarmos a ribeira de Odeleite através de um pontão, por um caminho muito íngreme, nos leva ao despovoado monte do Galego e cerca de 2 km andados a estes montes.
Ao aproximarmo-nos da povoação por este lado, começam a aparecer sinais de comunidade como hortas, tanques, casa circular ou velho moinho aproveitado para arrecadação. Os terrenos nas redondezas apresentam-se limpos o que significa que ainda há alguma vitalidade.
[O maior monte, visto do norte. Foto JV]
Próximo da povoação, a estrada já está alcatroada. À nossa esquerda, numa elevação, encavalitam-se as habitações da pequena povoação. A placa toponímica que aparece não faz a distinção entre os dois montes. A curta distância, depois de um entroncamento e do outro lado da estrada, situa-se o outro monte.
Encontrámos um painel de 15 caixas de correio instalado em 1996 (1), que pode levar a concluir que existiam outros tantos fogos habitados.
Encontra-se a 13 km de Vaqueiros, sede da freguesia. Os montes mais próximos são Alcarias a 3,5 km, Fernandilho a 4,5 e Alcaria a 6.
As Memórias Paroquiais de 1758 já referem as Taipas e são-lhe atribuídos 10 vizinhos, número aproximado ao seu vizinho de Alcarias com 11 e só ultrapassado por Zambujal (31), Alcaria Queimada (21), Pão Duro (18) e Preguiças (17). Todos os outros tinham menos vizinhos.
Em 1839, Silva Lopes não indica o número dos seus fogos e no censo de 1991 são-lhe atribuídos 44 habitantes o que para o zona e época era um número considerável. Dez anos depois, ou seja, no censo seguinte, tinha baixado para 34, pelo que hoje rondarão duas dezenas.
[O outro monte, vista geral. Foto de JV]
O fornecimento de energia eléctrica foi inaugurado em 19 de Dezembro de 1984 (2) e a pavimentação da estrada desde a ponte dos Bentos tinha ocorrido em 1992 (3), sofrendo novo revestimento em 2004 (4). O telefone chegou em 1995. (5)
Depois da instalação de fontanários (2001) a água foi levada ao domicílio em 2004. (6)
Os arruamentos foram beneficiados em 2006. (7)
Existe uma Zona de Caça Associativa.(8)
O topónimo é frequente no país, principalmente no sul, onde existe em Silves, Monchique, Portimão e Ourique. O singular é próprio do norte. Terá o sentido de parede feita de barro e pequenas pedras suportadas por enxaiméis, técnica que os árabes nos deixaram e muito usada nestas zonas, foi devido a esse tipo de construção que ruíram muitas casas em Alcoutim a quando da chamada “Cheia Grande” ocorrida em 1876.
Se não estiver aqui a razão do topónimo, poderá estar na feitura de tapumes.
O Cerro do Castelo das Taipas deve ter constituído um núcleo de habitat relacionado com a exploração dos recursos mineiros e a actividade pastoril. No local foi recolhido um machado de pedra polida, na posse de um dos habitantes do monte, um fragmento de cerâmica e vários de mós de vaivém. (9)
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NOTAS
(1) – Alcoutim, Revista Municipal, nº 4 de Dezembro de 1996, p. 12
(2) - Jornal do Algarve de 27 de Dezembro de 1984
(3) - Boletim Municipal, nº 10 de Abril de 1992
(4) – Alcoutim, Revista Municipal, nº 11 de Janeiro de 2005, p. 11
(5) - Alcoutim, Revista Municipal nº 1 de Maio/Junho de 1995
(6) – Alcoutim, Revista Municipal, nº 11 de Janeiro de 2004, p. 9
(7) – Alcoutim, Revista Municipal nº 13, de Dezembro de 2006, p. 13
(8) – Alcoutim, Revista Municipal, nº 10 de Dezembro de 2003, p. 27
(9) – “O Algarve Oriental durante a ocupação islâmica”, Helena Catarino, em Revista do Arquivo Histórico Municipal de Loulé, nº 6, 1997/98, p.539.